México supera EUA como segundo maior comprador de carne bovina brasileira
Tarifa de 50% imposta por Trump reduz exportações aos EUA, mas abre oportunidades para mercados como México e China
As exportações de carne bovina brasileira enfrentam um cenário de transformação em 2025, marcado pela retração do mercado norte-americano e pela ascensão de novos destinos, como o México. A imposição de tarifas de importação pelo governo de Donald Trump, que elevou a alíquota de 10% para 50% a partir de 1º de agosto, tornou as vendas para os Estados Unidos praticamente inviáveis, segundo produtores e especialistas. No entanto, o Brasil tem encontrado alternativas para manter o crescimento de suas exportações, com destaque para o México, que superou os EUA e se tornou o segundo maior importador da carne bovina brasileira, atrás apenas da China.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), as exportações para o México registraram um aumento expressivo de 420% no primeiro semestre de 2025. O volume saltou de 3,1 mil toneladas em janeiro para 16,1 mil toneladas em junho, enquanto o faturamento passou de US$ 15,5 milhões para US$ 89,3 milhões no mesmo período. Em julho, números preliminares indicam que o México importou US$ 69 milhões em carne brasileira, superando ligeiramente os US$ 68,7 milhões comprados pelos Estados Unidos.
Enquanto isso, a China, principal destino da carne brasileira, reforçou sua posição de liderança. Em junho, o país asiático importou 134,4 mil toneladas, equivalente a US$ 739,9 milhões, um crescimento de 64% em relação a janeiro. Dados preliminares de julho mostram que a China adquiriu 132 mil toneladas, movimentando US$ 732 milhões, consolidando sua participação de quase metade do total exportado pelo Brasil.
O mercado norte-americano, que até abril de 2025 era o segundo maior comprador, com importações recordes de 47,8 mil toneladas, sofreu uma queda drástica após o anúncio das tarifas. Em junho, as exportações para os EUA caíram para 13,4 mil toneladas, uma redução de 67% em relação ao pico de abril, e em julho, o volume foi ainda menor, com apenas 9,7 mil toneladas exportadas até o dia 21. A tarifa de 50%, somada aos 26,4% já previstos em acordos anteriores, eleva a alíquota total para 76,4%, inviabilizando economicamente a competitividade da carne brasileira no mercado americano, segundo a Abiec.
A retração nos EUA reflete não apenas as tarifas, mas também uma estratégia de diversificação dos mercados por parte do Brasil. Além do México e da China, países como Chile, que aumentou suas importações de US$ 45 milhões em janeiro para US$ 66,5 milhões em julho, e outros destinos como Hong Kong, Egito e Arábia Saudita, têm absorvido parte do volume que seria destinado aos Estados Unidos. O Vietnã também retomou as compras de carne brasileira, e o governo, em parceria com frigoríficos, planeja acelerar negociações para abrir mercados como Japão e Coreia do Sul.
As exportações brasileiras de carne bovina seguem em alta, impulsionadas por esses novos mercados. Em junho, o país exportou 241 mil toneladas, gerando US$ 1,3 bilhão, e os dados preliminares de julho indicam um crescimento de 56,5% em relação ao mesmo período de 2024, com faturamento de US$ 1,352 bilhão até o dia 28, o melhor resultado mensal da década. No acumulado de 2024, o Brasil exportou 2,89 milhões de toneladas, um aumento de 26% em relação a 2023, movimentando US$ 12,8 bilhões.
O impacto das tarifas norte-americanas não afeta apenas o Brasil. Nos Estados Unidos, a redução histórica do rebanho bovino, o menor desde 1951, elevou os preços da carne, com a carne moída subindo 16% em junho de 2025. A carne brasileira, antes competitiva mesmo com tarifas mais altas, era uma alternativa para suprir a baixa oferta local, especialmente para cortes usados na indústria, como os destinados à produção de hambúrgueres. Com a nova alíquota, os consumidores americanos devem enfrentar preços ainda mais altos.
No Brasil, a suspensão de exportações para os EUA já levou frigoríficos, especialmente em Mato Grosso do Sul, a paralisar a produção destinada ao mercado americano. Isso pode aumentar a oferta interna de carne, reduzindo preços no curto prazo, mas o setor busca soluções para evitar perdas. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, têm liderado esforços para negociar alternativas, incluindo o redirecionamento de exportações para mercados asiáticos e do Oriente Médio.
A Abiec reforça a importância de evitar que questões geopolíticas, como as mencionadas pelo governo americano em relação a processos judiciais no Brasil, se tornem barreiras ao comércio global. A entidade defende a cooperação internacional para garantir a segurança alimentar e a estabilidade do mercado. Enquanto isso, o setor se adapta, com a diversificação de mercados sendo vista como uma oportunidade para consolidar a posição do Brasil como maior exportador mundial de carne bovina.
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