Mercado prevê Selic a 13,25% em primeira reunião do Copom sob comando de Galípolo
Com inflação persistente e expectativas desancoradas, analistas projetam novo ciclo de alta nos juros para 2025, em meio a preocupações fiscais e cenário externo desafiador
O mercado financeiro se prepara para a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2025, que marcará a estreia de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central. De acordo com as projeções mais recentes do Boletim Focus e análises de importantes instituições financeiras, a expectativa é de uma elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, levando a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.
A deterioração do cenário inflacionário tem sido um dos principais fatores para a postura mais conservadora do BC. Segundo dados recentes, as expectativas de inflação para 2025 já atingem 5,5%, significativamente acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
Fatores de pressão
O cenário que se desenha para 2025 apresenta múltiplos desafios:
Pressão Cambial: A depreciação do real tem sido uma preocupação constante, com a moeda brasileira mantendo-se pressionada acima dos R$ 5,90 por dólar
Mercado de Trabalho: A taxa de desemprego em níveis historicamente baixos (6,4%) sugere pressões inflacionárias pelo lado da demanda
Expectativas Desancoradas: As projeções de inflação para 2025 e 2026 seguem se distanciando das metas, com inflações implícitas superando 5,8%
Cenário Fiscal: As preocupações com a sustentabilidade das contas públicas persistem, especialmente após as recentes discussões sobre o pacote fiscal e a reforma do IR
Nova gestão, novos desafios
Gabriel Galípolo, que assume a presidência do BC em janeiro de 2025, terá como primeiro grande desafio conduzir uma política monetária em meio a um ambiente de expectativas deterioradas. Segundo analistas do Itaú BBA, a decisão de elevar a Selic para 13,25% deve ser unânime, embora o comunicado possa não antecipar novos reajustes.
"O novo presidente do BC precisará demonstrar compromisso com o controle inflacionário logo em sua primeira reunião, especialmente considerando o ambiente de expectativas desancoradas e pressões externas", avalia o economista-chefe da Warren Rena.
Perspectivas para 2025
O mercado projeta um cenário desafiador para 2025, com:
IPCA: expectativa de 5,5% para o ano (Focus)
Selic: projeções indicando possível pico entre 13,50% e 13,75%
PIB: crescimento moderado, refletindo o aperto monetário
Dólar: pressões persistentes sobre a taxa de câmbio
A primeira reunião do Copom de 2025, marcada para os dias 28 e 29 de janeiro, será crucial para sinalizar o tom da política monetária sob a nova gestão e sua capacidade de lidar com os desafios inflacionários e expectativas do mercado.