Master e BRB fizeram negócio de R$ 303 milhões com empresa de atendente de lanchonete
Investigação da PF destaca transação de R$ 303 milhões com empresa fantasma e falhas graves de governança no Banco Público do DF
A Polícia Federal transferiu o banqueiro Daniel Vorcaro, dono e presidente do Banco Master, para o Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, nesta segunda-feira (24). A mudança ocorre uma semana após sua prisão preventiva no Aeroporto de Guarulhos, enquanto tentava deixar o país, no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga uma suposta fraude bilionária contra o sistema financeiro nacional. Além de Vorcaro, outros dois executivos do banco, Luiz Antônio Bull e Alberto Felix de Oliveira Neto, também foram transferidos para o mesmo presídio, conforme confirmado pela defesa e pela Secretaria da Administração Penitenciária do estado de São Paulo.
A transferência coincide com novas revelações publicadas pelo jornal O Globo sobre irregularidades na gestão do Banco Master e em suas transações com o Banco de Brasília (BRB), instituição pública do Distrito Federal. A investigação, iniciada em 2024 pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF), aponta para uma série de operações suspeitas que totalizam cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito fictícias ou sem lastro adequado vendidas ao BRB.
Dentre os episódios destacados, chama atenção uma transação de R$ 303 milhões envolvendo a empresa The Pay Soluções de Pagamento Ltda., registrada em nome de uma atendente de lanchonete investigada por golpe com maquininhas de cartão. A empresa, que não possui empregados e tem como sócia administradora uma funcionária com salário mensal de R$ 1.486, gerou uma carteira de crédito vendida pelo Banco Master ao BRB, sem qualquer indício de atividade econômica substancial.
Segundo o MPF, há “indícios graves de fraude” nessa operação, que faz parte de um padrão de falhas graves na governança do BRB. Os investigadores da PF constataram omissões por parte dos gestores do banco público, que adquiriu carteiras de crédito representando até 30% de seus ativos totais, em meio a uma crise de liquidez do Banco Master. Em uma das manobras descritas, o Banco Master comprou créditos da empresa Tirreno sem pagamento efetivo e os revendeu ao BRB por cerca de R$ 12 bilhões, com documentos falsos entregues ao Banco Central (BC) para justificar o negócio. A falsidade dos ativos foi identificada rapidamente pelo BC, mas o BRB demorou três meses para interromper as compras de títulos do Master, mesmo após o início da fiscalização.
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo BC em 18 de novembro, veio logo após a prisão de Vorcaro e o afastamento temporário do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, por 60 dias, determinado pela própria instituição para apurar possíveis irregularidades. O BRB, em nota enviada ao Jornal Nacional na noite de 24 de novembro, afirmou que “segue normas rigorosas de governança e é regulado pelo Banco Central” e que uma apuração interna está em curso para identificar qualquer impropriedade nas carteiras adquiridas, com vistas à adequação legal.
A defesa de Daniel Vorcaro rebate as acusações veementemente. Em nota divulgada no sábado (22), os advogados negaram a existência de fraude de R$ 12 bilhões, alegando que as carteiras questionadas foram substituídas por ativos e garantias no valor de R$ 22,3 bilhões ao BRB, sem qualquer prejuízo à instituição pública. Eles afirmam que o Banco Master agiu em “boa-fé” para proteger o parceiro e que a operação inviabilizou uma solução de mercado para o banco. Nesta segunda-feira (24), a defesa protocolou novo pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que Vorcaro recupere a liberdade, após negativa anterior do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). O advogado de Luiz Antônio Bull, outro executivo preso, solicitou à PF a marcação de depoimento para que o cliente possa “esclarecer todas as acusações”. Já a defesa de Alberto Felix de Oliveira Neto não foi localizada pelo Jornal Nacional para comentários.
Em meio ao escândalo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu, em evento em São Paulo nesta segunda-feira (24), a necessidade de evolução nos controles do sistema financeiro. “Bancos são instituições falíveis. O importante é a gente sempre aprender e conseguir inovar para que você não caia na repetição de problemas que aconteceram no passado. É muito importante que o BC tenha recursos para fazer investimento. Hoje, por exemplo, a inteligência artificial oferece uma série de ganhos para o setor de supervisão, para que você não tenha que trabalhar mais com a amostragem, com automação e fazer uma série de investimentos nessa área. Só para citar um exemplo, e é muito importante que o Banco Central consiga ter esse avanço”, declarou Galípolo.
Economistas alertam para os impactos mais amplos do caso. Em análise publicada pelo G1 nesta terça-feira (25), o especialista em finanças Rodrigo Leandro de Moura, professor da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que “todos vamos pagar um pouco do prejuízo do caso Master”, referindo-se ao rombo estimado em até R$ 2,6 bilhões para o sistema financeiro, que pode ser coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e, indiretamente, pelos contribuintes.
Nas redes sociais, o caso gerou repercussão imediata. Perfis como o do SBT News destacaram a negação da defesa de Vorcaro, enquanto o Jornal GGN enfatizou o elo entre o BRB e o Master como uma possível “camaradagem” investigada pela PF.
Postagens no X (antigo Twitter) também questionam a governança do BRB e cobram transparência do governo do Distrito Federal, controlado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
O desdobramento da investigação pode revelar mais conexões políticas e financeiras, especialmente considerando tentativas frustradas de aquisição do Banco Master pelo BRB e por outros grupos, como o Fictor Holding, rejeitadas pelo BC. Até o momento, não há informações suficientes para confirmar prejuízos exatos ao erário público ou envolvimento de outros atores institucionais além dos já citados.
Palavras-chave: Banco Master, Daniel Vorcaro, fraude bilionária, BRB, Operação Compliance Zero, Polícia Federal, Banco Central, governança bancária, carteiras de crédito, investigação financeira.
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