Massacre no Alemão e Penha: Cláudio Castro transforma o Rio em campo de extermínio estatal
Em meio a mais de 119 mortos, o governador joga a culpa para Brasília e ignora que inteligência policial, não balas, constrói segurança verdadeira – hora de responsabilizar os mandantes da barbárie
A megaoperação policial deflagrada na manhã de 28 de outubro de 2025 nos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, não foi apenas a mais letal da história do estado – com pelo menos 119 mortes confirmadas, incluindo quatro policiais militares – mas um atestado de falência da gestão de segurança pública sob o governador Cláudio Castro (PL).
Ativistas e movimentos de direitos humanos, como a Anistia Internacional e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, denunciam o que chamam de “massacre premeditado”, com relatos de execuções sumárias, tiros excessivos que extrapolam qualquer noção de legítima defesa e até decapitações em corpos expostos nas ruas, recolhidos por moradores aterrorizados. O balanço oficial, divulgado pela Secretaria de Polícia Militar, confirma 64 óbitos iniciais, mas imagens e testemunhos de residentes elevam o número para além de 120, com 81 prisões e escolas suspensas em um raio de impacto que paralisou comunidades inteiras.
Segurança pública efetiva não se constrói com chacinas e matanças indiscriminadas, mas com trabalho de inteligência meticuloso, que desmantela redes criminosas sem disparar um único tiro. Exemplos abundam: operações da Polícia Federal em São Paulo e Minas Gerais, em 2024, desarticularam células do PCC com prisões cirúrgicas baseadas em escutas e infiltrações, reduzindo homicídios em 15% nas áreas afetadas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025.
No Rio, porém, Castro opta pelo atalho bárbaro, promovendo uma letalidade que beira o extermínio. Os indícios de execuções – múltiplos tiros em vítimas desarmadas, corpos mutilados e abandonados – fogem do argumento de “confronto armado” e configuram crimes contra a humanidade. O Ministério Público Federal (MPF) já requisitou acesso integral às perícias dos corpos, enquanto o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) deu prazo de três dias ao governador para esclarecimentos sobre as mortes.
Essa chacina, orquestrada pelo Estado, deveria ser o estopim para uma ação penal direta contra Castro: por incompetência gerencial, que permite o florescimento de facções como o Comando Vermelho (CV), e por fomentar mortes desumanas que envergonham o Brasil internacionalmente. O New York Times, em reportagem desta quarta-feira, classificou a ação como “a mais sangrenta da história do estado”, destacando o uso de retórica “antiterrorista” para justificar o banho de sangue.
Não por acaso, a operação irrompeu em meio a uma escalada de tensões políticas, coincidindo com postagens do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que divulgou imagens do arsenal apreendido – fuzis e munições pesadas – como se fosse uma vitória isolada do governo estadual. Flávio, recordista em controvérsias, é o mesmo que, como deputado estadual em 2018, condecorou o miliciano Adriano da Nóbrega, morto pela polícia em uma operação nebulosa na Bahia, em uma homenagem que escancarou laços entre o parlamentar e o crime organizado.
E o timing não é inocente: o condomínio Vivendas da Barra, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro residiu com sua família, foi palco de apreensões recentes de fuzis e armas de grosso calibre por policiais militares presos por fornecerem armamento a traficantes e milicianos. Em maio de 2025, uma operação da Polícia Civil desmantelou uma rede que armazenava 16 fuzis em uma mansão na Barra da Tijuca, com dólares e drogas, ligando diretamente PMs corruptos ao CV – o mesmo alvo da chacina de ontem.
Agora, Castro tenta dividir a responsabilidade com o Supremo Tribunal Federal (STF), pela ADPF 635 que regula entradas em favelas, e com o governo federal de Lula, acusando-os de “amarrar as mãos da polícia”. É uma manobra rasteira: o Planalto foi pego de surpresa e enviou uma comitiva para investigar, mas a raiz do problema está na gestão local, que prioriza o espetáculo da violência sobre a prevenção.
Vale destacar que não se trata de ‘defender bandido', já que até onde se sabe (e é o estado quem diz) grande parte dos mortos teria extensa ficha criminal, mas sim de deixarmos de ser um país onde a barbárie é normalizada em nome de uma ‘guerra’ que pode ser vencida pelo Estado, basta que para isso, sejam feitos investimentos adequados em segurança pública. Castro jogou o Brasil no poço da vergonha, a operação foi seu atestado de incompetência, uma ‘propaganda de campanha’ para o eleitorado do Rio, cuja população é refém do crime organizado há décadas. O papel de ‘xerife’ não cabe em Castro, que mantém públicas e notórias relações com criminosos.
Criticamente, é irresponsável romantizar essa letalidade como “guerra ao crime”. Os índices de violência no Brasil – com 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, a menor taxa em 13 anos (21,2 por 100 mil habitantes) – não diferem tanto dos Estados Unidos, onde a taxa é de cerca de 6,8 homicídios por 100 mil, mas pulam para o abismo na letalidade estatal: policiais brasileiros matam 5,5 vezes mais que os americanos, com 3,1 mortes por intervenção a cada 100 mil habitantes, contra uma fração nos EUA.
Nos EUA, 64% das vítimas policiais não cometiam crimes violentos no momento da abordagem; no Brasil, 10% das mortes violentas são atribuídas diretamente a agentes do Estado, com o Rio liderando o ranking nacional de chacinas.
Passou da hora o Congresso Nacional – com sua maioria bolsonarista no PL e aliados – enfrentar o problema de frente, em vez de discursos hipócritas que fingem que exterminar jovens de comunidades pobres vai erradicar o crime organizado. A PEC da Segurança, defendida por Lula, propõe inteligência integrada e desmilitarização seletiva; ignorá-la é conivência com o ciclo vicioso. Matar não resolve: educa, investe em periferias e desarma o Estado predador. Caso contrário, o Rio – e o Brasil – afundarão em um mar de sangue desnecessário.
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