Maioria dos brasileiros apoia regulação das redes sociais, mas teme impacto na liberdade de expressão
Pesquisa inédita revela que 60% da população é favorável a novas regras para plataformas digitais, enquanto 78% defendem maior responsabilização das empresas de tecnologia
Em meio ao debate sobre a regulamentação das redes sociais no Brasil, uma pesquisa inédita realizada pela Nexus – Inteligência e Pesquisa de Dados, obtida com exclusividade e divulgada pela CNN Brasil, revela um panorama complexo sobre a opinião dos brasileiros quanto ao tema.
O levantamento indica que 6 em cada 10 brasileiros são favoráveis à implementação de novas regras para o ambiente virtual, embora esse apoio apresente nuances importantes quando confrontado com questões sobre liberdade de expressão.
O estudo demonstra que dos 60% que apoiam a regulação, metade condiciona seu suporte à garantia de que as novas regras não interferirão no direito à livre expressão. Os outros 30% mantêm seu apoio mesmo que haja eventual limitação desse direito constitucional. Do total de entrevistados, 29% se posicionaram contrários a qualquer tipo de regulação, enquanto 12% não expressaram opinião sobre o assunto.
Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, destaca um aspecto crucial da pesquisa: "Os dados revelam que 28% dos brasileiros são incondicionalmente favoráveis à regulação, percentual quase idêntico aos 29% incondicionalmente contrários". Segundo ele, é notável que 30% dos entrevistados condicionem seu apoio à preservação da liberdade de expressão, evidenciando o impacto significativo que o argumento dos opositores tem sobre a opinião pública.
Responsabilidade das plataformas
Um dado expressivo do levantamento mostra que 78% dos brasileiros defendem maior responsabilização das plataformas de redes sociais por suas atividades. Além disso, 64% dos entrevistados acreditam que a regulação é uma ferramenta importante no combate à desinformação.
No que tange à moderação de conteúdo, tema que ganhou destaque após recentes mudanças implementadas pela Meta nos Estados Unidos, 73% dos brasileiros consideram a checagem de fatos uma prática importante. Contudo, 65% dos entrevistados preferem que a análise de conteúdo seja realizada pelos próprios usuários.
Contexto político
O debate sobre a regulamentação ganhou novo fôlego após declarações do recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, à CNN Brasil. Em sua manifestação, Motta criticou a possível interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) no tema, defendendo que a discussão deve ser conduzida pelo Congresso Nacional: "Acho um erro o Supremo Tribunal Federal entrar nesse tema. Deveria ser discutido na Câmara e no Senado Federal", afirmou.
A pesquisa revela ainda que a maioria dos brasileiros acredita no potencial da regulamentação para reduzir a disseminação de discursos de ódio nas plataformas digitais, demonstrando uma preocupação crescente com a qualidade do debate público nos ambientes virtuais.
Estes resultados emergem em um momento crucial para o debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil, evidenciando que, embora haja apoio majoritário à implementação de novas regras, existe uma preocupação significativa com a preservação das liberdades individuais e a necessidade de um equilíbrio entre regulação e direitos fundamentais.