Lula lidera cenários para 2026 em nova pesquisa Genial/Quaest após condenação de Bolsonaro
Levantamento mostra o presidente à frente em todos os cenários simulados de primeiro e segundo turno; indecisos ainda são maioria
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (18) reforça um dado já esperado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue como favorito para as eleições de 2026, liderando em todos os cenários testados, tanto de primeiro quanto de segundo turno. Mas, para além do conforto aparente do Planalto, o levantamento revela uma realidade preocupante — o eleitor brasileiro, mergulhado em cansaço político, desconfiança institucional e frustração com as elites, continua sem enxergar alternativas concretas.
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) fragilizou sua já combalida posição no jogo eleitoral. O ex-capitão caiu de 9% em agosto para 6% em setembro na pesquisa espontânea. Mas sua derrota política não representa necessariamente uma vitória consolidada para Lula, que, mesmo em um ambiente de menor competição, só conseguiu crescer dois pontos percentuais.
O dado que mais chama atenção não é a liderança de Lula, mas sim o exército de 68% de eleitores indecisos — brasileiros que não confiam nos nomes que estão postos ou que simplesmente não acreditam que a política institucional seja capaz de melhorar suas vidas. É a expressão de um vazio que pode ser preenchido por candidaturas artificiais, fabricadas pelo marketing e sustentadas por alianças improváveis, como tantas vezes já aconteceu no país.
Bastidores da disputa
Entre os aliados de Bolsonaro, a situação é ainda mais delicada. Michelle Bolsonaro, tida como aposta para herdar o capital eleitoral do marido, sequer pontuou nesta rodada. Eduardo Bolsonaro (PL-SP), quando colocado em simulação direta com Lula, aparece com apenas 21%, índice que revela a dificuldade de transformar radicalismo ideológico em votos concretos.
Os governadores que flertam com a disputa nacional — Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Júnior (PSD) — continuam aparecendo como nomes de laboratório, sem capilaridade suficiente para mobilizar massas. São perfis que agradam a setores do empresariado e do Congresso, mas que ainda não conseguiram dialogar com o eleitor comum, especialmente fora do eixo Sul-Sudeste.
Já Ciro Gomes (PDT), velho conhecido da cena eleitoral, mantém a insistência de sempre, mas segue preso à casa de 1% na espontânea e não consegue romper a barreira de rejeição acumulada ao longo de décadas.
O que está em jogo
Lula segue favorito porque ainda é o único nome com densidade nacional, memória eleitoral positiva em parcelas significativas da população e uma narrativa de liderança consolidada. Mas governar com 51% de reprovação, como mostrou outro dado da própria Quaest, é um peso que pode custar caro. A liderança numérica não significa um cheque em branco.
O cenário de 2026, portanto, será menos sobre a força de Lula e mais sobre a incapacidade da oposição de se reorganizar. A condenação de Bolsonaro não liquidou a extrema-direita, mas expôs suas fragilidades e abriu espaço para rearranjos internos — ainda sem nome claro para ocupar o vácuo. Até lá, o campo conservador segue em busca de uma narrativa que vá além da retórica antissistema.
Enquanto isso, o eleitor comum, esmagado pela inflação de alimentos, insegurança urbana e precarização do trabalho, continua sem se reconhecer nos discursos dos políticos. E é nesse caldo de descrença que surgem surpresas eleitorais.
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