LCP devasta reserva da fazenda Norbrasil: Rondônia em guerra agrária; veja imagens inéditas da destruição
Invasões armadas da Liga dos Camponeses Pobres expõem falhas do Estado e aceleram desmatamento na Amazônia, com mais de 15 mil hectares destruídos em propriedade produtiva centenária
No coração da Amazônia rondoniense, a Fazenda Norbrasil – uma produtora centenária de 33 mil hectares – vive um cerco implacável. Integrantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), autodenominados defensores da reforma agrária, transformaram o local em palco de violência e destruição. Cercas derrubadas, gado perdido na mata, acessos bloqueados por tratores e milhares de hectares de reserva legal arrasados. Apesar de decisões judiciais reiteradas, o Estado brasileiro assiste inerte, enquanto o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) permanece paralisado. Este é o retrato de um conflito agrário que sangra Rondônia e ameaça a estabilidade da região, ecoando um histórico de disputas que remonta décadas.
Raízes profundas de um conflito explosivo e a saga da Norbrasil
A tensão na Fazenda Norbrasil, localizada no distrito de Abunã, a 200 km de Porto Velho, não é um episódio isolado. Rondônia, quarto estado com mais conflitos no campo no Brasil e terceiro na Amazônia Legal, acumula mais de 40 mortes em disputas por terra nos últimos anos. A LCP, surgida após o Massacre de Corumbiara em 1995 – onde 11 sem-terra foram mortos pela polícia –, adotou táticas de guerrilha inspiradas na Revolução Cultural chinesa e na luta armada maoista.
No epicentro dessa tormenta está a Fazenda Norbrasil, uma propriedade que simboliza o auge do agronegócio amazônico. Fundada no início do século XX, por volta de 1910, a fazenda foi consolidada pelo pioneiro Antônio Martins dos Santos, um dos maiores fazendeiros da região. Sob sua gestão, a Norbrasil evoluiu de uma modesta operação de extração de borracha para um império pecuarista: hoje, abrange 33 mil hectares, com rebanho de mais de 20 mil cabeças de gado, plantações diversas. Emprega dezenas de trabalhadores locais, gera milhões em impostos e mantém uma reserva legal de 80% da área, preservando ecossistemas vitais como a floresta ombrófila densa.
No entanto, essa produtividade mascara um passado turbulento. Desde os anos 1980, com a expansão da colonização incentivada pelo governo militar, a fazenda atraiu olhares de sem-terra e movimentos sociais. A LCP, que se espalhou por sete estados, reivindica terras para camponeses pobres, mas é acusada de ações criminosas: invasões armadas, uso de explosivos e emboscadas contra forças de segurança. Em 2025, a escalada é alarmante. A fazenda já sofreu mais de uma dúzia de invasões nos últimos três anos. Proprietários relatam um “estado de sítio”, com posseiros usando maquinaria pesada para abrir estradas improvisadas e pontilhões, isolando a sede administrativa.
Um dos proprietários descreve o desespero: “Eles nos aterrorizam diariamente. Perdi mais de 5 mil cabeças de gado na floresta por causa das cercas destruídas. A justiça manda, mas ninguém cumpre.” Essa narrativa ecoa em dezenas de latifúndios na região. A Norbrasil, outrora sinônimo de progresso, agora é sinônimo de sangue: desde 2023, pelo menos cinco mortes – de camponeses e seguranças – mancharam seu solo.
Linha do tempo: Uma cronologia de violência, mortes e impunidade na Norbrasil
Para entender a gravidade, eis os marcos recentes do cerco à Fazenda Norbrasil, que revelam um padrão de escalada violenta e repetidas violações:
Janeiro de 2023: Execução do camponês Patrick Gasparini Cardoso, integrante da LCP, na fazenda. Segundo o movimento, o crime teria sido perpetrado por forças policiais arregimentadas em meio a uma operação de despejo. O caso chocou a região e intensificou as tensões.
Janeiro de 2023: Confrontos armados entre LCP e BOPE durante cumprimento de interdito proibitório. Dois invasores mortos, vários baleados e presos. A operação, na BR-364 em Nova Mutum-Paraná, expôs o uso de armas pesadas por ambos os lados e gerou denúncias de execuções extrajudiciais.
Setembro de 2025: Ataque com armas de guerra à fazenda em Mutum-Paraná. Integrantes da LCP usam fuzis e explosivos para invadir, destruindo cercas e veículos com tratores. O BOPE responde deixando um morto e ampliando acusações de abusos policiais.
11 de setembro de 2025: Novo assalto noturno: criminosos disparam contra funcionários, destroem estruturas e fogem após usar trator da própria fazenda para devastar pastagens. Equipes da PM-RO chegam tarde, sem prisões.
1º de novembro de 2025: Invasão em massa da Fazenda Nova Brasil (parte do complexo Norbrasil). Posseiros atiram contra veículos e prédios da sede, montando acampamento armado e iniciando desmatamento em reserva legal.
2 de novembro de 2025: Segundo ataque em menos de uma semana: tratores abrem caminhos na reserva, devastando 15 mil hectares de mata nativa. Bloqueio total de acessos, isolando a sede.
3 de novembro de 2025: Posseiros consolidam presença; Incra ignora liminares judiciais, agravando o isolamento. Relatos de tiroteios esporádicos persistem.
Essa sequência ilustra não só a ousadia da LCP, mas a ineficácia estatal. Relatórios da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que, em 2024, Rondônia registrou 48 ações de resistência camponesa, mas zero assentamentos efetivos pelo Incra. Na Norbrasil, os conflitos acumulam um rastro de 10 invasões documentadas desde 2021, com perdas econômicas estimadas em R$ 50 milhões.
Atuação do judiciário: Decisões firmes em meio ao caos
Destaque para o papel positivo do Poder Judiciário, que tem se posicionado como baluarte contra a anarquia. O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) emitiram uma série de ordens que, em teoria, poderiam pacificar o conflito – mas esbarram na execução falha.
Desde 2023, o TJ-RO expediu pelo menos cinco interditos proibitórios específicos para a Fazenda Norbrasil, determinando a reintegração imediata de posse e a proibição de novas invasões. Em janeiro daquele ano, uma decisão da Vara da Fazenda Pública de Porto Velho autorizou a ação policial para desalojo, resultando nos confrontos que ceifaram duas vidas. Mais recentemente, em setembro de 2025, o TRF1 julgou a Ação Civil Coletiva nº 1003784-42.2025.4.01.4101, confirmando a legalidade da propriedade e ordenando a remoção de invasores sob pena de multa diária de R$ 10 mil. O juiz federal destacou: “A propriedade é regular, com títulos devidamente registrados no Cartório de Imóveis de Porto Velho desde 1915. Invasões armadas configuram crime de esbulho possessório, não mera ocupação pacífica.”
O Ministério Público Federal (MPF), em articulação com o judiciário, moveu ações para fiscalizar o desmatamento ilegal na reserva da Norbrasil, resultando em embargos do Ibama e bloqueio de bens dos líderes da LCP. Em maio de 2025, um acordo judicial entre MPF e Incra visou corrigir irregularidades em regularizações fundiárias em Rondônia, incluindo cláusulas para priorizar áreas como Abunã. Essas decisões não só validam a produtividade da fazenda – que cumpre a legislação ambiental com CAR (Cadastro Ambiental Rural) ativo –, mas também reforçam o Estado de Direito, contrastando com a paralisia executiva.
Especialistas elogiam essa postura. No total, mais de 12 liminares foram proferidas nos últimos três anos, um recorde que demonstra compromisso com a legalidade.

A Inércia crônica do Incra: O vácuo que alimenta a violência
Contraponto amargo é a inação do Incra, órgão federal responsável pela reforma agrária e mediação de conflitos. Apesar das ordens judiciais, o superintendente da Superintendência Regional do Incra em Rondônia (SR-17/RO) não mobilizou equipes para perícias fundiárias ou negociações na Fazenda Norbrasil. Relatórios internos, vazados em 2025, revelam que o instituto gasta R$ 2 bilhões anuais em burocracia nacional, mas assentou apenas 10% das 1.200 famílias demandantes em Rondônia – zero na região de Abunã.
Em novembro de 2023, o Incra notificou 320 beneficiários por irregularidades em lotes, mas ignorou denúncias de invasões na Norbrasil. Um auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), de 2009 atualizada em 2025, critica: “O Incra adota medidas judiciais via precatórios, mas falha em ações preventivas, perpetuando disputas em áreas como Rondônia.” No caso específico, apesar de liminares do TJ-RO exigindo laudos de vistoria em 48 horas, o órgão demorou meses para responder, permitindo que a LCP avançasse com tratores e motosserras.
Essa letargia tem raízes políticas: nomeações por indicação partidária - o superintendente do INCRA em Rondônia Luís Flávio Carvalho Ribeiro - foi indicado pelo deputado federal Lúcio Mosquini - MDB, e queixas não faltam contra a atuação do órgão. Um economista rural alertou: “O Incra é um elefante adormecido. Em Rondônia, perde-se R$ 1 bilhão em produtividade por ano com esses vácuos. Titulações coletivas resolveriam 80%, mas o lobby agrário e a ineficiência travam tudo.”
A consequência? A LCP preenche o vazio com balas, enquanto camponeses legítimos aguardam em acampamentos precários.
Dados oficiais: Números que gritam alerta
Os fatos são impiedosos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento em Rondônia saltou 22% em 2025, com áreas como Abunã contribuindo decisivamente – graças a invasões como a da Norbrasil. Mais de 15 mil hectares de reserva legal foram reduzidos a cinzas, liberando carbono equivalente a 50 mil toneladas de CO2. Na fazenda, o histórico de destruição soma 25 mil hectares perdidos desde 2023, com queimadas detectadas via Prodes.
Economicamente, a perda é bilionária. A Norbrasil, cujo faturamento vinha de uma série de empreendimentos diversificados, entre pecuária e agricultura, viu sua produção cair 70% desde as primeiras invasões. O MPF documentou 12 decisões judiciais ignoradas pela LCP, incluindo reintegrações expedidas pelo TJ-RO. No âmbito da segurança, a PM-RO reportou 10 emboscadas contra patrulhas em 2025, com uso de fuzis AR-15 e granadas caseiras pela LCP. O estado, com 1.500 km de fronteira porosa, vê a guerrilha camponesa se armar via rotas do narcotráfico, transformando o campo em zona de guerra. Dados da CPT revelam: das 48 resistências em RO em 2024, 20 envolveram mortes ou feridos, com a Norbrasil no epicentro.
Análises: Entre reforma agrária e terrorismo rural
Analisando o fenômeno, o conflito transcende a dicotomia latifúndio versus sem-terra. A LCP não é um MST light: sua ideologia revolucionária justifica a violência como “guerra popular prolongada”, o que a coloca na mira da Lei Antiterrorismo de 2016. Críticos, como o jurista José Afonso da Silva, veem nisso uma falha sistêmica: “O Incra gasta R$ 2 bilhões anuais em burocracia, mas assenta apenas 10% das famílias demandantes. É receita para o caos.”
Por outro lado, defensores da LCP, como ativistas da Via Campesina, argumentam que o verdadeiro terror vem do agronegócio: “Em Rondônia, 1% das propriedades controlam 50% das terras. A invasão é autodefesa contra o genocídio camponês.” Dados da CPT corroboram: 1.200 famílias rondonienses vivem em acampamentos precários, sem acesso a crédito ou títulos.
O governo Lula, em seu terceiro ano, prometeu acelerar a reforma agrária, mas entregou apenas 50 mil hectares na Amazônia em 2025 – longe dos 500 mil necessários. A inércia do Incra em Rondônia, agravada por nomeações políticas, alimenta o vácuo que a LCP explora.
Implicações futuras: Uma Amazônia à beira do abismo
Se nada mudar, o cerco à Fazenda Norbrasil é prenúncio de escalada nacional. Com o desmatamento impulsionado por invasões – 30% das queimadas em RO ligadas a conflitos agrários –, o Brasil arrisca sanções internacionais, como o banimento de exportações de soja e carne pela UE. Politicamente, o vácuo fortalece extremismos: a extrema-direita rural, bolsonarista, ganha fôlego com narrativas de “invasão comunista”, enquanto a esquerda camponesa radicaliza.
Economicamente, perdas de R$ 5 bilhões em investimentos fogem da região. Ambientalmente, a perda de biodiversidade é irreversível: espécies endêmicas da reserva da Norbrasil, como a onça-pintada, enfrentam extinção local. O histórico de violência – de execuções em 2023 a desmatamentos em 2025 – projeta um futuro de guerrilhas permanentes se o Incra não acordar.O Governo Federal precisa intervir: criar uma força-tarefa com Incra, MPF e Funai para titulações rápidas, e reforçar a fiscalização via Ibama. Sem isso, Rondônia – e a Amazônia – mergulham em um ciclo de sangue e fumaça, onde o legado centenário da Norbrasil vira cinzas.
Hora de escolher entre justiça e o caos
O sítio à Fazenda Norbrasil não é mera briga por terra; é o espelho de um Brasil dividido, onde a reforma agrária sonhada por Getúlio vira pesadelo armado. A LCP clama por equidade, mas sua via violenta perpetua o terror que diz combater. O Estado, omisso, é cúmplice: o Incra inerte e a justiça desrespeitada erodem a democracia rural. O judiciário, com suas decisões corajosas, ilumina o caminho – interditos, reintegrações e embargos que validam a legalidade da propriedade centenária. Mas sem ação executiva, elas ecoam no vazio. Precisamos de uma política agrária corajosa – assentamentos massivos, punição ao crime e diálogo genuíno – para transformar guerrilhas em cooperativas. Caso contrário, o verde-amarelo da Amazônia tingir-se-á de vermelho.
E você, leitor? O que pensa sobre esse embate que devora Rondônia, com um judiciário atuante e um Incra paralisado? Comente abaixo e compartilhe esta análise para amplificar o debate. Sua voz pode pressionar por mudanças.
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