Justiça do RJ Manda prender rapper Oruam por ligação com o Comando Vermelho
Artista é indiciado por seis crimes após confronto com policiais durante operação no Joá
A Justiça do Rio de Janeiro expediu, na manhã desta terça-feira (22), um mandado de prisão contra o rapper Oruam, acusado de envolvimento com o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do estado.
O artista, cujo nome verdadeiro é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, foi indiciado por seis crimes após, segundo a Polícia Civil, impedir a apreensão de um menor procurado por roubo na noite de segunda-feira (21), em sua residência no bairro do Joá, Zona Oeste do Rio. A ação policial gerou confusão, e Oruam, supostamente, fugiu para o Complexo da Penha, onde gravou vídeos desafiando as autoridades.
Confronto no Joá e indiciamento
De acordo com o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, a operação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) visava cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente de 17 anos, conhecido como Menor Piu. O jovem, identificado como “um dos maiores ladrões de veículos do estado” e segurança do traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, chefe do CV no Complexo da Penha, estava na casa de Oruam.
A abordagem ocorreu em via pública, já que a operação aconteceu próximo à madrugada, quando os policiais não poderiam entrar na residência do rapper. Durante a ação, Oruam e amigos teriam atacado os policiais, frustrando o cumprimento do mandado. “Oruam é um marginal, bandido, delinquente, criminoso e associado para o tráfico — um bandido da pior espécie”, declarou Curi em entrevista ao Bom Dia Rio. O rapper foi indiciado por tráfico, associação para o tráfico, lesão corporal, resistência qualificada, dano ao patrimônio público e desacato.
Reação de Oruam e fuga para o complexo da Penha
Após o confronto, Oruam postou vídeos nas redes sociais, nos quais relata que mais de 20 viaturas cercaram sua casa e que um delegado o ameaçou com uma arma. “Claro que ele vai querer prender nós! Nós é filho de bandido! Tudo o que eu conquistei foi com minha música!”, disse o rapper, que também acusou os policiais de provocarem a situação.
Em outra postagem, já no Complexo da Penha, ele desafiou as autoridades: “Eu quero ver você vir aqui, pô! Me pegar aqui dentro do complexo! Não vai me pegar, sabe por causa de quê? Que vocês peida!”. Ele também compartilhou imagens de um quarto revirado, supostamente pelos policiais.Oruam negou as acusações, afirmando que foi o primeiro abordado e que conseguiu escapar. “Estão mentindo. Eles provocaram essa situação para fazer isso comigo”, escreveu em suas redes sociais na manhã desta terça-feira.
Histórico de polêmicas
Oruam, filho de Marcinho VP, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho e preso por assassinato, formação de quadrilha e tráfico, não é alvo de controvérsias pela primeira vez. Em fevereiro de 2025, ele foi preso em flagrante por abrigar um foragido da Justiça, Yuri Pereira Gonçalves, em sua mansão no Joá.
Na ocasião, foi liberado no mesmo dia após assinar um termo circunstanciado. O rapper também foi detido por direção perigosa na Barra da Tijuca, após realizar manobras arriscadas, pagando uma fiança de R$ 60 mil para ser solto.Além disso, Oruam é investigado por um disparo de arma de fogo em um condomínio em Igaratá (SP), em dezembro do ano passado, onde, segundo a polícia, colocou em risco a integridade de várias pessoas.
O artista também tem uma tatuagem em homenagem a seu pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
Posicionamento da defesa
A defesa de Oruam informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial e, por isso, optou por não se manifestar até o momento. A situação do rapper, que é um nome conhecido no cenário do rap e funk carioca, tem gerado debates sobre a criminalização de artistas de gêneros musicais periféricos, como já ocorreu com outros nomes, como MC Poze do Rodo.
Contexto de criminalidade no Rio
O caso de Oruam ocorre em meio a um cenário de intensos confrontos no Rio de Janeiro, com disputas entre facções criminosas, como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro (TCP), pelo controle de territórios. O Morro dos Macacos, por exemplo, tem registrado tiroteios devido a essa guerra pelo tráfico, evidenciando a complexidade da segurança pública no estado.
O mandado de prisão contra Oruam reforça a postura da Polícia Civil em combater a associação com o crime organizado, mas também reacende discussões sobre o tratamento dado a artistas de origem periférica. Enquanto o rapper segue foragido, as autoridades intensificam as buscas, e o caso ganha repercussão nas redes sociais e na mídia.
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