Justiça de SP bloqueia bens de diretor da Ambipar a pedido do Bradesco em crise de recuperação judicial
Banco acusa executivos de fraude contábil e abuso de personalidade jurídica; Entenda os bastidores da insolvência da Empresa Ambiental
Em um movimento que intensifica a turbulência financeira da Ambipar Participações e Empreendimentos S.A., a 18ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) acatou, na última quarta-feira (22), um protesto judicial ajuizado pelo Banco Bradesco S.A. contra a alienação de bens do diretor de Integração e Finanças da companhia, Thiago da Costa e Silva. A decisão ocorre apenas dois dias após a empresa de gestão ambiental protocolar pedidos de recuperação judicial tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, em 20 de outubro, citando dívidas totais que ultrapassam R$ 11 bilhões.
O Bradesco, um dos principais credores da Ambipar, alega na ação ser detentor de créditos no valor de R$ 390 milhões junto à empresa – embora, conforme listado no pedido de recuperação judicial, o montante reconhecido pelo banco seja de cerca de R$ 165 milhões. A medida cautelar visa impedir qualquer transferência de bens de Costa e Silva para terceiros, com o objetivo de responsabilizá-lo pessoalmente por supostas irregularidades. A petição, protocolada pelo escritório Warde Advogados, aponta indícios de fraude contábil e abuso de personalidade jurídica, conceitos jurídicos que permitem desconsiderar a autonomia patrimonial de uma sociedade limitada quando há desvio de finalidade ou confusão patrimonial para lesar credores.
A ação traça um histórico detalhado da derrocada financeira da Ambipar, que em julho deste ano ostentava um caixa declarado de R$ 4,7 bilhões, mas que, segundo os advogados do Bradesco, evaporou em poucos meses. “De forma absolutamente inusitada, o conglomerado ambiental ingressou com a cautelar preparatória de recuperação judicial, pedindo socorro judicial em razão de uma obrigação tida com o Deutsche Bank da ordem – e essa é a parte mais impressionante – de apenas R$ 60 milhões”, afirma o documento judicial, destacando a discrepância entre o patrimônio reportado e a incapacidade de honrar uma dívida aparentemente modesta.
Os representantes do banco vão além, questionando a veracidade das demonstrações financeiras da companhia. Eles sugerem que, se a Ambipar não dispunha de R$ 60 milhões para quitar o débito com o Deutsche Bank, ou o montante foi “drenado em um intervalo de dois meses” ou “nunca existiu e as demonstrações financeiras da companhia foram ostensivamente fraudadas”. A acusação central recai sobre operações envolvendo um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), mecanismo utilizado para antecipar recebíveis.
Nesse contexto, o texto cita Tércio Borlenghi Jr., fundador da Ambipar e figura próxima a Costa e Silva, como peça-chave. “O maior cedente – isto é, o maior vendedor de recebíveis, que troca direitos creditórios a serem recebidos a prazo por dinheiro à vista – é a empresa Everest Participações e Empreendimentos S/A, que é controlada pelo fundador da Ambipar, Tércio Borlenghi e por seu filho Guilherme Borlenghi, diretor operacional do grupo”, detalha a petição, insinuando um possível esquema de confusão patrimonial entre as entidades.
A defesa de Thiago da Costa e Silva, por sua vez, reagiu prontamente, ingressando com pedido de reconsideração da decisão. Os advogados argumentam que se trata de litigância abusiva, uma vez que o Bradesco teria apenas R$ 20 milhões em créditos efetivamente listados no plano de recuperação judicial da Ambipar.
A companhia, fundada em 2012 e listada na B3 desde 2021, tem enfrentado um ambiente de pressão intensa de credores. Além do Bradesco, instituições como Santander (R$ 663 milhões), Banco do Brasil (R$ 352 milhões), Banco do Nordeste (R$ 207 milhões) e o próprio Deutsche Bank (R$ 188 milhões) figuram como os maiores detentores de dívidas.
A Ambipar descreve essa dinâmica como um “bullying corporativo”, com cobranças antecipadas e cruzadas que ameaçam a continuidade das operações, forçando uma reestruturação em condições desfavoráveis.
O pedido de recuperação judicial, protocolado na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, inclui sigilo sobre o fluxo de caixa operacional da empresa, o que tem gerado questionamentos adicionais sobre transparência.
Analistas do mercado apontam que o caso expõe vulnerabilidades em conglomerados ambientais em expansão rápida, especialmente após a aquisição de ativos nos EUA pela Ambipar, que elevou sua dívida externa. Nas redes sociais, o tema ganhou tração, com postagens de veículos como Valor Econômico e Estadão repercutindo a ação judicial e alertando para impactos em ações da companhia (AMBP3).
Enquanto a Justiça analisa os próximos passos, o episódio reforça a necessidade de governança robusta em setores regulados como o ambiental. A Ambipar, que atua em coleta e tratamento de resíduos, continua operando, mas sob escrutínio acirrado de investidores e reguladores.
A Ambipar
Criada há 30 anos, a Ambipar é uma companhia brasileira de gestão ambiental que está presente em mais de 40 países. Trabalha com soluções ambientais em áreas como projetos de descarbonização, economia circular, transição energética e regeneração ambiental. Também atua na recuperação de resíduos e respostas a emergências ambientais, atendendo grandes companhias de petróleo.
Sediado em Nova Odessa, no interior de São Paulo, o grupo tem dois braços de atuação. Um deles é a Ambipar Environment, que presta serviços de transformação ecológica para empresas, como redução do uso de água e outros recursos, reciclagem, tratamento e destinação de resíduos, além de projetos para redução de emissões de gases do efeito estufa.
O outro é a Ambipar Response, de atuação global, focada em prevenir, gerir e responder a emergências ambientais. Ela trabalha com pesquisa e relatórios de impacto ambiental e licenciamento, serviços de transporte e logística de apoio ao setor de óleo e gás a contenção de derramamento de petróleo. Tem 642 bases em 41 países. Entre os clientes estão Petrobras, Klabin, Natura e Vale.
O que você acha dessa crise na Ambipar? Acredita que se trata de má gestão ou de pressões externas injustas? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos juntos o futuro das empresas brasileiras em recuperação.
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