Justiça condena assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes; Ronnie Lessa pega 78 anos de prisão
Ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro pelos assassinatos da vereadora e seu motorista
O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou nesta quinta-feira (31) os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Lessa recebeu pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Queiroz foi sentenciado a 59 anos, 8 meses e 10 dias.
O julgamento, que durou dois dias, resultou na condenação dos réus por três crimes: duplo homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas), tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves (assessora de Marielle) e receptação do veículo usado no crime.
Durante o julgamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou provas contundentes de que Ronnie Lessa planejou meticulosamente o crime desde o ano anterior, realizando pesquisas sobre a arma a ser utilizada e investigando a rotina da vereadora. A acusação também destacou que ambos os réus agiram por motivação financeira e tinham pleno conhecimento de que o assassinato havia sido encomendado por razões políticas.
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A investigação revelou que o crime teve motivação política e envolveu questões fundiárias ligadas ao Projeto de Lei 174/2016, que tratava da regularização de um condomínio na Zona Oeste do Rio. Havia divergências entre Marielle Franco e o grupo político de Chiquinho Brazão sobre este tema.
O processo contra os supostos mandantes - os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa - segue em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado. Também respondem no processo o ex-PM Robson Calixto e o major Ronald Paulo Alves Pereira, acusados de participação no planejamento e execução do crime.
O julgamento marca um momento histórico na busca por justiça no caso Marielle Franco, que se arrastava há mais de seis anos, e representa um importante avanço no combate à impunidade e ao crime organizado no Rio de Janeiro