Itaú cobra R$ 3,3 milhões de ex-diretor em nova ação judicial por conflito de interesses
Banco acusa Alexsandro Broedel de esquema sofisticado envolvendo pareceres técnicos e pagamentos irregulares; caso já está sob investigação do Banco Central e CVM
O Itaú Unibanco intensificou sua ofensiva judicial contra o ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel (foto acima), protocolando nesta quinta-feira (30/1) uma ação que busca indenização de R$ 3,35 milhões. A nova movimentação judicial representa uma escalada no conflito que começou a se tornar público em dezembro de 2024.
Detalhes da investigação
O banco descobriu, após investigação interna concluída em novembro de 2024, um suposto esquema envolvendo a contratação de aproximadamente 40 pareceres técnicos entre 2019 e 2024, totalizando R$ 13,26 milhões. As contratações foram realizadas junto à empresa Care, que tem como sócios Eliseu Martins e seu filho Eric Martins.
Um dos pontos mais graves apontados pela investigação é que Broedel e Eliseu Martins mantêm sociedade desde 1998 na empresa Broedel Consultores, informação que não teria sido declarada aos controles internos do banco, violando políticas de compliance e requisitos regulatórios.
Esquema sofisticado
A análise das movimentações financeiras identificou 56 transferências suspeitas da Care e da empresa Evam para contas de Broedel e sua empresa. Destas, 23 transferências coincidiam com datas próximas aos pagamentos realizados pelo Itaú à Care, somando aproximadamente R$ 4,8 milhões.
Segundo a defesa do Itaú, conduzida pelo escritório Bermudes Advogados, "o renome dos envolvidos contrasta com a natureza do ilícito praticado ao longo dos anos", caracterizando o caso como "uma fraude rasteira" apesar das medidas sofisticadas para seu encobrimento.
Impactos na carreira
O caso ganha contornos ainda mais complexos devido à recente movimentação profissional de Broedel, que pediu demissão do Itaú em julho de 2024, após 12 anos de casa, para assumir uma posição global no Santander, em Madri. A nomeação ainda depende da aprovação do Banco Central espanhol.
Defesa dos acusados
Broedel contestou as acusações em dezembro, classificando-as como "infundadas e sem sentido". Segundo ele, todos os serviços eram de conhecimento do banco e requisitados por diferentes áreas. Eliseu Martins também se defendeu, alegando má-fé na interpretação do banco e afirmando que todos os serviços foram efetivamente prestados.
O caso está atualmente sob análise do Banco Central (BC), do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que abriu processo específico para investigar as denúncias.