"Isso a gente tem que esperar pra saber, né?", diz Marcos Rocha sobre candidatura de Sérgio Gonçalves ao governo
Tensões no governo estadual expõem fraturas políticas e colocam em xeque a harmonia entre governador e vice
A crise política em Rondônia ganhou novos contornos após o governador Marcos Rocha (União Brasil) comentar, pela primeira vez, o atrito público com o vice-governador Sérgio Gonçalves (PL) durante entrevista ao programa Sic News, exibido em 23 de junho de 2025. Em conversa com o jornalista Everton Leoni, Rocha classificou como “tremendo vacilo” o pedido de Sérgio para a exoneração do chefe da Casa Civil, Elias Rezende, e revelou que sua escolha pelo vice foi uma decisão solitária, tomada “contra todos”, incluindo o irmão de Sérgio, o ex-secretário Júnior Gonçalves. As declarações acentuam a fratura no Executivo estadual e alimentam especulações sobre o futuro político da dupla.
O estopim da crise ocorreu em 13 de junho, quando Sérgio Gonçalves, interinamente no comando do governo devido à viagem de Rocha a Israel, defendeu publicamente a exoneração imediata de Elias Rezende durante entrevista ao programa Voz do Povo, da rádio Cultura FM. Gonçalves acusou a Casa Civil de promover instabilidade e levantou suspeitas de condutas ilegais, ecoando denúncias de seu irmão, Júnior Gonçalves, que, horas antes, revelou um suposto esquema de espionagem política envolvendo agentes da Polícia Civil, coordenado pela pasta. As acusações, encaminhadas ao Ministério Público de Rondônia, intensificaram as tensões no governo.
Marcos Rocha, que retornou ao Brasil em 18 de junho após uma viagem marcada por bombardeios em Israel, afirmou que só tomou conhecimento dos detalhes do episódio após chegar a Rondônia. “Hoje, comecei a entender melhor o que aconteceu. Acho que foi um tremendo vacilo, porque quem escolhe os secretários é o governador”, declarou. Ele descreveu o posicionamento de Sérgio como “absurdo” e sugeriu que o vice agiu em um “momento de fraqueza”. Apesar do tom crítico, Rocha sinalizou intenção de dialogar com Gonçalves para esclarecer as motivações do pedido público, indicando que a crise pode ainda ser contornada.
A escolha de Sérgio Gonçalves: uma decisão contra todos
Um dos pontos mais reveladores da entrevista foi a afirmação de Rocha sobre a escolha de Sérgio Gonçalves como vice-governador. Segundo o governador, a decisão foi tomada sem apoio de aliados, incluindo Júnior Gonçalves, então chefe da Casa Civil. “Ninguém era a favor. Nem o próprio irmão. Eu briguei com todo mundo pra manter o Sérgio”, confessou. A revelação surpreendeu, dado o peso político de Júnior, que ocupou a Casa Civil até fevereiro de 2025, quando foi exonerado em meio a desgastes com o governo.
Rocha destacou que a indicação de Sérgio não envolveu pressões partidárias, reforçando sua autonomia na formação da equipe. “Foi o Marcos Rocha que escolheu. Todos os secretários sabem disso. Ele também sabe”, afirmou, sugerindo que o vice-governador deveria reconhecer sua autoridade na gestão. A fala indica uma tentativa de reafirmar o controle sobre o governo, em um momento em que a base aliada enfrenta turbulências.
Defesa de Elias Rezende e críticas à condução de Sérgio
Outro destaque da entrevista foi o apoio de Rocha a Elias Rezende, alvo das críticas de Sérgio Gonçalves. O governador elogiou a nota oficial emitida pelo chefe da Casa Civil, classificando-a como “coerente”. Na nota, Rezende defendeu sua gestão e rebateu as acusações de instabilidade, reforçando a necessidade de unidade no governo. “Temos que trabalhar juntos. Não vou brigar com outro secretário de Estado. Os dois são secretários. Temos que defender o governo e seguir as orientações do governador”, disse Rocha, alinhando-se ao posicionamento de Rezende.
A postura de Sérgio, por outro lado, foi vista como um erro estratégico pelo governador. Rocha lamentou que o vice tenha optado por tornar público o pedido de exoneração, em vez de tratar a questão internamente. “Poderia ter sido tratado a portas fechadas, com uma conversa. O senhor poderia aceitar ou não, e a vida seguiria”, observou o jornalista Everton Leoni, apontando que a abordagem expôs uma “fratura” no governo. Rocha concordou, mas evitou escalar o conflito, sugerindo que a situação ainda pode ser resolvida com diálogo.
Contexto político: denúncias e isolamento de Sérgio
A crise entre Rocha e Gonçalves não é um fato isolado. Desde a exoneração de Júnior Gonçalves, em fevereiro de 2025, o governo enfrenta denúncias de supostos esquemas de espionagem política e uso indevido da estrutura pública. Júnior, em coletiva de imprensa em 13 de junho, acusou a Casa Civil, sob comando de Elias Rezende, de coordenar operações para monitorar adversários políticos, com o objetivo de beneficiar uma possível candidatura de Rocha ao Senado em 2026. As denúncias, amplamente noticiadas por veículos como Rondoniagora e Tudo Rondônia, colocaram o governo na defensiva.
Paralelamente, a Assembleia Legislativa de Rondônia aprovou, em 17 de junho, uma emenda constitucional que permite a Marcos Rocha governar remotamente, reduzindo a necessidade de transferência de poder ao vice-governador durante ausências. A medida foi articulada para isolar Sérgio Gonçalves, que vinha tentando se projetar politicamente. Fontes do Palácio Rio Madeira indicam que a exoneração de Sérgio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDEC), onde controla mais de 170 cargos comissionados, é iminente, o que pode aprofundar ainda mais o racha.
Repercussão e futuro político
A entrevista ao Sic News gerou repercussão nas redes sociais e na imprensa local. Posts no X destacam a gravidade da crise, com usuários apontando que o atrito entre Rocha e Gonçalves pode comprometer a governabilidade em Rondônia. “A crise em Rondônia mostra como a falta de diálogo interno pode virar um problema público. Marcos Rocha tenta apagar o incêndio, mas o vice parece cada vez mais isolado”, escreveu um perfil local, refletindo o sentimento de parte da população. A hashtag #CriseEmRondônia ganhou tração, ampliando o debate online.
Para analistas políticos, o episódio fragiliza a imagem de unidade do governo e levanta dúvidas sobre a sucessão em 2026. Questionado por Leoni sobre seu candidato a governador, Rocha desconversou: “Isso a gente tem que esperar pra saber”. A resposta, combinada com a relutância em endossar Sérgio como sucessor, sugere que o vice-governador enfrenta um cenário de crescente isolamento político.
Um governo sob pressão
Além da crise com o vice, Marcos Rocha enfrenta outros desafios. A saúde pública em Rondônia vive um momento crítico, com a morte de uma criança de 10 anos no Hospital Infantil Cosme e Damião, em 17 de junho, devido à falta de medicamentos, conforme noticiado por PAINEL POLÍTICO. A ausência do governador durante a viagem a Israel também foi criticada, apesar de seus esforços para tranquilizar a população por meio de vídeos gravados em Tel Aviv.
A gestão de Rocha, que se prepara para uma possível candidatura ao Senado, terá que navegar por essas turbulências enquanto busca manter a base aliada coesa. A relação com Sérgio Gonçalves, agora abalada, será um teste de sua habilidade política para recompor o governo e evitar novos desgastes.
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