Israel lança ofensiva terrestre em Gaza enquanto crise humanitária se aprofunda
Operação terrestre intensifica bombardeios, provoca nova onda de deslocamentos, confirma fome e eleva o número de mortos a dezenas de milhares
Em 16 de setembro de 2025, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram a fase principal de uma ofensiva terrestre em Gaza City, ampliando ataques aéreos e navais e intensificando ordens de evacuação em massa. Autoridades de Gaza relatam dezenas de mortes apenas nas primeiras horas da operação; o quadro humanitário já vinha sendo descrito por agências da ONU como catastrófico, com fome confirmada e serviços de saúde em colapso.
Quantas pessoas já morreram — números e fontes
As estimativas das autoridades e das agências variam conforme a fonte, mas o número divulgado pelas autoridades sanitárias da Faixa de Gaza e compilado por veículos internacionais aponta para cerca de 65 mil mortes de palestinos desde o início do conflito em outubro de 2023, incluindo um grande contingente de mulheres e crianças.
Agências também reportam dezenas de milhares de feridos e um número massivo de deslocados (mais de um milhão em diferentes momentos da crise). Em paralelo, centenas de cidadãos israelenses foram mortos no ataque inicial de 7 de outubro de 2023 e em ações subsequentes — números oficiais israelenses compõem o balanço total de vítimas.
Os números mudam rapidamente. As autoridades de Gaza, organizações de saúde e a ONU publicam atualizações diárias; as estimativas acima baseiam-se nas comunicações mais recentes (16/09/2025).
O drama humano que se agrava: fome, deslocamento e colapso de serviços
Organizações humanitárias e agências da ONU confirmaram que a fome foi oficialmente declarada em Gaza em agosto/setembro de 2025 — especialmente grave em alguns momentos — e que mortes por desnutrição infantil começaram a subir de forma alarmante. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o WFP, a UNICEF e o FAO pedem cessar-fogo imediato para permitir acesso contínuo de ajuda humanitária. As condições sanitárias e hospitalares estão severamente comprometidas: falta de medicamentos, instalações danificadas e profissionais de saúde exauridos.
Mais de 90% da população de Gaza foi deslocada ao menos uma vez desde a reescalada do conflito, segundo relatórios da ONU e da UNRWA; muitas famílias movem-se repetidas vezes, chegando a locais superlotados (como a zona de Mawasi), onde saneamento e alimentação são insuficientes. Essas condições alimentam um ciclo de fome, doenças e mortes evitáveis.
O que diz a comunidade internacional — acusações, apelos e respostas políticas
Nas últimas semanas surgiram posições duras de organismos internacionais. Uma Comissão de Inquérito da ONU concluiu que há elementos que caracterizam crimes graves — e chegou a afirmar que atos cometidos podem configurar genocídio, responsabilizando autoridades israelenses por práticas que impõem condições de vida insustentáveis e por declarações de integrantes do governo que podem demonstrar intenção. O relatório provocou ampla repercussão diplomática, com condenações, pedidos de investigação e apelos por responsabilização. Israel rejeita as conclusões, afirmando agir em legítima defesa contra o Hamas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu a situação como “moral, política e juridicamente intolerável” e exigiu ações para proteger civis e garantir acesso humanitário. Ao mesmo tempo, potências como os Estados Unidos mantêm apoio militar e diplomático a Israel, mas enfrentam crescente pressão interna e externa por mediação.
O terreno da batalha: o que as forças israelenses afirmam e como isso se traduz no campo
O IDF declarou que o objetivo da ofensiva terrestre é desmontar a infraestrutura do Hamas em Gaza City — incluindo túneis, comandos e depósitos — e resgatar eventuais reféns remanescentes. Oficiais militares afirmam que a operação pode durar meses devido à densidade urbana e ao número estimado de combatentes do grupo. Na prática, operações urbanas em área densamente povoada têm historicamente elevado custo para civis: explosões contínuas, destruição de bairros inteiros, dificuldades de evacuação e interrupção de serviços básicos.
Organizações independentes e agências de ajuda relatam que dezenas de missões humanitárias foram suspensas ou restringidas por questões de segurança, impedindo socorros em áreas sob bombardeio intenso. Esse fato agrava ainda mais o quadro de fome e mortalidade.
Vozes de especialistas (selecionadas)
António Guterres (ONU): caracterizou como “moral, política e juridicamente intolerável” a situação humanitária, e pediu cessar-fogo e acesso humanitário. The Guardian
Comissão de Inquérito da ONU (relatório publicado em setembro de 2025): afirma que atos cometidos em Gaza podem constituir genocídio, com base em provas coletadas (testemunhos, imagens de satélite, padrões de destruição). Reuters
Organizações humanitárias (UNICEF, WFP, WHO, OCHA): chamam atenção para a confirmação de fome, aumento da mortalidade infantil por desnutrição e necessidade urgente de corredores humanitários incondicionais. UNICEF
Relatos de ONGs de campo e especialistas em segurança: alertam que a ofensiva urbana tende a prolongar a crise, multiplicar vítimas inocentes e interromper a já frágil capacidade de resposta.
Impactos imediatos e previsões: para onde a crise tende a evoluir?
Cenário próximo (semanas): intensificação da campanha terrestre em Gaza City com novas altas no número de mortos e deslocados; interrupção ainda maior do abastecimento de água e alimentos em áreas de conflito; suspensão temporária de algumas organizações de ajuda por insegurança; pressão diplomática crescente sobre Israel para permitir passagens humanitárias.
Cenário médio (meses): destruição continuada de infraestrutura urbana, possibilidade de surtos epidêmicos devido a falta de saneamento, aprofundamento da crise nutricional e aumento de mortes por falta de cuidados de emergência; aceleração de processos judiciais e de investigação internacional (Comissão da ONU, ICJ) com risco de isolamento político e sanções parciais por parte de Estados e blocos.
Cenário longo (anos): se a crise não for tratada com grande aporte de reconstrução e políticas de reparação, Gaza poderá sofrer décadas de retrocesso em termos de saúde, educação e economia; uma geração inteira ficará marcada por trauma e perda de capital humano. A persistência do conflito também alimenta radicalizações regionais e desestabilizações geopolíticas.
Escalada militar
Nesta semana, tropas israelenses avançaram sobre bairros centrais de Gaza City, em uma operação descrita pelo governo de Benjamin Netanyahu como “decisiva” contra o Hamas. Imagens divulgadas pela imprensa local mostram colunas de blindados cercando hospitais e centros de abrigo improvisados. O exército israelense argumenta que busca “neutralizar estruturas terroristas”, mas organizações humanitárias relatam ataques a áreas densamente povoadas, onde se concentram deslocados internos.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o número de mortos já ultrapassa 65 mil, com predominância de mulheres e crianças. Do lado israelense, os dados oficiais apontam cerca de 1,4 mil mortos desde o início do conflito.
O governo de Israel e as reações internas
O governo e defesa de Israel sustentam que a operação é necessária para aniquilar capacidades do Hamas e proteger a segurança nacional. Internamente, há apoio entre setores que demandam uma resposta firme, mas também críticas de militares e juristas que questionam o custo humanitário e as implicações legais de operações que atinjam massa de civis. A conexão entre decisões militares e o cenário político (incluindo crises internas e processos judiciais) é frequentemente citada por analistas como fator que influencia a intensidade das operações.
O que a comunidade humanitária precisa agora
As agências pedem:
Cessar-fogo imediato e sustentado para permitir entrada massiva de alimentos, combustíveis e medicamentos;
Corredores humanitários seguros e contínuos para hospitais que ainda atendem;
Proteção a civis e pessoal humanitário;
Monitoramento independente de violações de direitos humanos e acesso irrestrito a áreas afetadas.
Sem essas medidas, o número de mortos por fome e por ausência de cuidados médicos tende a subir muito além das vítimas de violência direta.
Riscos jurídicos e políticos: investigação, acusação e diplomacia
Com a conclusão da Comissão da ONU apontando atos que podem configurar genocídio, abre-se um campo de medidas legais e diplomáticas: pedidos de investigação no Tribunal Penal Internacional (quando cabível), processos na Corte Internacional de Justiça (ICJ), e pressão por sanções ou medidas diplomáticas. Ao mesmo tempo, são esperadas campanhas políticas e diplomáticas para neutralizar estes esforços, bem como debates intensos em fóruns multilaterais. O resultado dessas disputas terá impacto direto nas relações bilaterais e na assistência internacional.
Linha do tempo
7 de outubro de 2023: ataque do Hamas em Israel; resposta militar israelense deu início a ampla ofensiva sobre Gaza. (marco inicial da última fase do conflito)
2023–2024: escaladas periódicas, bloqueios e primeiras crises humanitárias de grande escala; destruição de infraestrutura e ondas de deslocamento.
Agosto 2025: agências da ONU confirmam que partes da Faixa já apresentam condições de fome; ONGs alertam para aumento de mortes por desnutrição infantil.
Início de setembro 2025: intensificação dos ataques e deslocamentos; campanhas internacionais de apelo ao acesso humanitário.
16 de setembro de 2025: Israel inicia a fase principal da ofensiva terrestre em Gaza City; ONU publica relatório de comissão de inquérito apontando atos que podem qualificar-se como genocídio.
O que se passa agora em Gaza é, nas palavras de chefes de agências internacionais, uma emergência humanitária de proporções extremas com elementos que transcendem a lógica puramente militar. As operações terrestres em ambientes urbanos densos, quando combinadas com bloqueios de ajuda e restrições a movimentos, criam condições nas quais a morte por fome, doença e falta de assistência pode superar, em curto prazo, os números de vítimas por violência direta. Essa dinâmica exige uma resposta política urgente — e uma responsabilização internacional pela proteção de civis.
A escalada atual tende a aprofundar a destruição e o sofrimento, alimentar processos jurídicos internacionais e reorganizar alinhamentos diplomáticos. É tarefa da comunidade internacional forçar caminhos práticos para um cessar-fogo, garantir corredores humanitários e montar um plano de reconstrução que não repita erros do passado.
O jogo político
Para Israel, o conflito tem dupla função: enfraquecer militarmente o Hamas e projetar força diante de um cenário regional instável, marcado pelo fortalecimento de atores como Irã e Hezbollah. O cientista político Marcelo Simões, da PUC-SP, argumenta que “Netanyahu aposta na guerra como ferramenta de sobrevivência política. Ele enfrenta investigações internas e queda de popularidade, e a retórica da segurança nacional ainda mobiliza parte da sociedade israelense”.
Do lado palestino, a fragmentação política entre Hamas, Fatah e outras facções impede a formação de uma frente unificada. Isso dificulta a negociação de qualquer cessar-fogo duradouro.
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