Israel ataca Irã à pretexto de 'prevenção' e aumenta tensão no Oriente Médio
Os ataques começaram por volta das 3h (horário local), com explosões relatadas em Teerã, incluindo áreas residenciais e bases militares
No início da madrugada desta sexta-feira, 13 de junho de 2025, Israel lançou a chamada "Operação Rising Lion", uma série de ataques aéreos e operações de inteligência que atingiram instalações nucleares e alvos militares no Irã. A operação, anunciada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, teve como foco principal o complexo de enriquecimento de urânio em Natanz, além de cientistas nucleares e locais associados ao programa de mísseis balísticos iranianos.
O ataque, descrito como uma resposta à ameaça existencial representada pelo avanço nuclear iraniano, marca um dos episódios mais intensos do confronto direto entre os dois países, elevando os riscos de uma guerra regional.
Os ataques começaram por volta das 3h (horário local), com explosões relatadas em Teerã, incluindo áreas residenciais e bases militares. Autoridades iranianas confirmaram danos em Natanz, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que não foram detectados níveis elevados de radiação. Entre as vítimas, estão seis cientistas nucleares e comandantes militares de alto escalão, incluindo Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), segundo a mídia estatal iraniana. O Irã já anunciou o fechamento de seu espaço aéreo e prometeu uma retaliação "severa", com relatos de mais de 100 drones lançados em direção a Israel, que foram interceptados pelas defesas aéreas israelenses.
Contexto e dados do conflito
O confronto atual é parte de uma escalada que começou a se intensificar em 2024, após ataques mútuos diretos. Em abril daquele ano, o Irã respondeu a um ataque israelense ao seu consulado em Damasco com uma ofensiva de mísseis e drones, seguida por uma retaliação israelense em outubro, que enfraqueceu defesas iranianas, incluindo sistemas S-300. Dados recentes da AIEA indicam que o Irã enriqueceu urânio a 60% de pureza, suficiente para potencialmente produzir até nove bombas nucleares, embora o país negue intenções bélicas. Netanyahu justificou a operação afirmando que o Irã poderia estar a poucos meses de desenvolver uma arma nuclear, uma avaliação corroborada por um oficial militar israelense que estimou a capacidade de produção em "dentro de dias" com o material atual.
Opiniões de especialistas
Analistas divergem sobre as implicações da operação. Diana Rayes, pesquisadora do Atlantic Council, sugere que o ataque pode interromper temporariamente o programa nuclear iraniano, mas alerta que o regime em Teerã pode acelerar seus esforços em instalações subterrâneas mais protegidas. "Isso pode levar a uma corrida armamentista nuclear na região, especialmente se outros países, como a Arábia Saudita, sentirem-se ameaçados", avalia.
Já Trita Parsi, do Quincy Institute, destaca que a ação unilateral de Israel reflete uma estratégia para sabotar negociações nucleares indiretas entre EUA e Irã, que estavam em curso em Roma. "Netanyahu pode estar tentando forçar uma intervenção americana, mas isso pode dividir a relação entre Washington e Jerusalém", pondera.
Hanna Notte, especialista em política externa russa, aponta que um conflito prolongado beneficiaria a Rússia, com um aumento nos preços do petróleo e uma possível distração das atenções ocidentais da Ucrânia. Por outro lado, ela questiona a capacidade de Moscou de oferecer suporte significativo ao Irã, dado o foco em sua própria guerra.
Reações internacionais
A comunidade internacional reagiu com uma mistura de condenação e apelos por contenção. Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, afirmaram não estar envolvidos nos ataques, embora o presidente Donald Trump tenha elogiado a ação como "excelente" e advertido o Irã sobre "ataques ainda mais brutais" se não houver acordo nuclear.
A ONU, por meio do secretário-geral António Guterres, pediu "máxima contenção" para evitar uma escalada. A União Europeia e o Reino Unido expressaram preocupação, com o primeiro-ministro Keir Starmer defendendo a desescalada, enquanto a França e a Alemanha consideram sanções adicionais contra Israel devido às ações militares.
Na região, a Arábia Saudita e o Catar condenaram os ataques como violações da soberania iraniana, enquanto a Turquia, por meio do presidente Recep Tayyip Erdoğan, chamou a ação de "provocação clara". A China manifestou "profunda preocupação" com as consequências, e o Japão e a Austrália alertaram para o risco de instabilidade regional. Oman, que mediava negociações entre EUA e Irã, responsabilizou Israel pela escalada.
Projeções e consequências
As consequências da "Operação Rising Lion" podem ser amplas e imprevisíveis. Economicamente, os preços do petróleo Brent subiram mais de 8%, alcançando US$ 75 por barril, refletindo temores de interrupções no fornecimento do Golfo Pérsico. Mercados asiáticos e europeus caíram, e os investidores buscaram refúgio em ouro, indicando incertezas globais. Humanitariamente, a guerra em Gaza, que já deixou mais de 55.000 palestinos mortos desde 2023, pode se agravar se grupos como o Hezbollah e os Houthis, apoiados pelo Irã, intensificarem ataques.
Militarmente, especialistas preveem uma resposta iraniana que pode incluir mísseis balísticos e ciberataques, potencialmente envolvendo os cerca de 40.000 soldados americanos na região. Um conflito ampliado poderia levar a uma intervenção dos EUA, dividindo sua base política e afetando a coordenação com Israel. Longo prazo, a estabilidade do Oriente Médio pode ser abalada, com risco de proliferação nuclear e aumento da influência de potências como Rússia e China, que já exploram a crise para seus interesses.
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