Inquérito do golpe: Moraes derruba sigilo do relatório da PF e envia material à PGR; veja a íntegra
Decisão mantém sob sigilo o conteúdo da delação de Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Agora, cabe à PGR decidir se denuncia os 37 indiciados pela PF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26) a retirada do sigilo do relatório da Polícia Federal que indicia 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dois ex-ministros e diversos integrantes do alto escalão do governo anterior.
A decisão mantém sob sigilo apenas o conteúdo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, considerada peça-chave na investigação.
Cronologia da investigação
A investigação, iniciada em 2023, concentra-se em uma série de eventos ocorridos entre 2022 e início de 2023, incluindo:
Ataques sistemáticos ao sistema eleitoral brasileiro
Tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas
Questionamentos infundados sobre a legitimidade do processo eleitoral
Articulações para impedir a transição de poder
Próximos passos
Com o envio do material à Procuradoria-Geral da República (PGR), o órgão terá que analisar as evidências e decidir se apresentará denúncia formal contra os indiciados. Segundo fontes próximas à investigação, a eventual denúncia deve ser apresentada apenas em fevereiro de 2025.
"A investigação apresenta um conjunto robusto de evidências sobre a existência de uma organização criminosa que atuava para subverter o Estado Democrático de Direito", destaca trecho do relatório da PF.
Investigações paralelas
É importante ressaltar que os eventos do 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, são objeto de investigação separada, embora também estejam relacionados a tentativas de desestabilização democrática.
Repercussão
A revelação do conteúdo do inquérito tem gerado forte repercussão nos meios político e jurídico. Especialistas em direito constitucional consideram o caso como um dos mais graves da história recente da democracia brasileira.
Principais pontos da investigação:
Articulação para desacreditar o sistema eleitoral
Tentativa de impedir a posse do presidente eleito
Mobilização de setores militares
Disseminação sistemática de desinformação
O caso representa um marco na história jurídica e política do Brasil, evidenciando a primeira vez que um ex-presidente da República é indiciado por tentativa de golpe de Estado.
Visão Geral - Abaixo, a íntegra da decisão.
Este documento é uma decisão judicial do Ministro Alexandre de Moraes sobre a Petição 12.100 do Distrito Federal, que trata de uma investigação sobre tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
# Principais Tópicos
## 1. Organização Criminosa e Núcleos de Atuação
- Identificação de cinco eixos principais de atuação criminosa:
- Ataques virtuais a opositores
- Ataques às instituições (STF, TSE)
- Tentativa de Golpe de Estado
- Ataques às vacinas contra Covid-19
- Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens
## 2. Estrutura Operacional
A organização estava dividida em seis núcleos principais [9][10]:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
- Núcleo de Incitação de Militares
- Núcleo Jurídico
- Núcleo Operacional de Apoio
- Núcleo de Inteligência Paralela
- Núcleo de Oficiais de Alta Patente
## 3. Medidas Determinadas
O Ministro determinou:
- Prisão preventiva de 4 investigados
- Busca e apreensão em diversos endereços
- Proibição de contato entre investigados
- Proibição de saída do país
- Suspensão do exercício de função pública para alguns investigados
## 4. Principais Evidências
- Reuniões para planejamento do golpe
- Monitoramento de autoridades
- Elaboração de minutas de decretos golpistas
- Mobilização de militares e manifestantes
# Conclusão
A decisão demonstra a existência de uma organização criminosa estruturada que atuava com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito e impedir a transição de poder após as eleições de 2022. As medidas determinadas visam interromper as atividades criminosas e permitir o aprofundamento das investigações.