Impostor usa inteligência artificial para se passar por Marco Rubio e contatar autoridades
Fraude cibernética sofisticada atinge altos funcionários nos EUA e no exterior, levantando preocupações sobre segurança digital
Um incidente envolvendo o uso de inteligência artificial (IA) para falsificar a identidade do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, colocou em alerta autoridades americanas e internacionais. De acordo com um telegrama do Departamento de Estado, datado de 3 de julho de 2025, um impostor utilizou mensagens de voz e texto geradas por IA, imitando a voz e o estilo de escrita de Rubio, para entrar em contato com pelo menos cinco altos funcionários, incluindo três ministros das Relações Exteriores de países não identificados, um governador americano e um membro do Congresso dos EUA. A informação foi revelada pelo jornal The Washington Post nesta terça-feira (8) e confirmada por outras fontes, como a Reuters e o UOL.
A fraude, que começou em meados de junho, foi executada por meio do aplicativo de mensagens criptografadas Signal, amplamente utilizado por membros do governo americano. O impostor criou uma conta falsa com o nome de exibição “Marco.Rubio@state.gov”, que, embora não fosse o endereço de e-mail real de Rubio, era convincente o suficiente para enganar as vítimas. Em pelo menos dois casos, mensagens de voz foram deixadas, enquanto em outro, uma mensagem de texto convidava a vítima a continuar a comunicação pela plataforma. O objetivo, segundo o Departamento de Estado, era “obter acesso a informações ou contas sensíveis” de figuras de alto escalão.
O Departamento de Estado afirmou estar conduzindo uma investigação completa para identificar o responsável pelo golpe e reforçar medidas de segurança cibernética. “O departamento leva a sério sua responsabilidade de proteger informações e adota medidas constantes para reforçar a segurança cibernética e evitar novos incidentes”, declarou um porta-voz à CNN. Até o momento, não há informações sobre se o impostor conseguiu enganar as autoridades visadas ou obteve acesso a dados confidenciais.
Contexto e antecedentes
Marco Rubio, nomeado secretário de Estado pelo presidente Donald Trump em 21 de janeiro de 2025, é uma figura central na diplomacia americana. Recentemente, ele ganhou destaque por críticas a decisões judiciais no Brasil, especialmente contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relacionadas à plataforma X. Rubio anunciou em maio uma política de restrição de vistos para “autoridades estrangeiras envolvidas na censura de americanos”, uma ação interpretada como uma ofensiva contra Moraes.
Esse não é o primeiro caso de uso de IA para falsificação de identidade envolvendo figuras do governo Trump. Em maio, o Wall Street Journal reportou que o telefone da chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, foi comprometido, com mensagens e ligações enviadas a senadores, governadores e empresários em seu nome. O FBI, que já havia alertado em abril sobre “atores maliciosos” utilizando mensagens de voz e texto geradas por IA (técnicas conhecidas como smishing e vishing), reiterou a gravidade dessas ameaças.
Além disso, uma tentativa anterior, em abril, foi atribuída a um agente cibernético ligado ao Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR). Esse ataque visou acadêmicos, ativistas e ex-funcionários do Departamento de Estado, utilizando e-mails falsos com o domínio “@state.gov” e logotipos oficiais. O impostor demonstrou “amplo conhecimento das convenções de nomenclatura e documentação interna do departamento”, segundo o telegrama.
Reações e preocupações
O caso gerou preocupação global sobre a crescente sofisticação de fraudes cibernéticas baseadas em IA. Em postagens no X, usuários destacaram a gravidade do incidente, apontando que o impostor contatou chanceleres internacionais para obter “informações sensíveis”.
Especialistas em cibersegurança, como o professor Hany Farid, citado pelo The Washington Post, explicaram que a falsificação de voz por IA é alarmantemente simples. “Você só precisa de 15 a 20 segundos de áudio da pessoa, o que é fácil no caso de Marco Rubio. Você faz o upload para qualquer serviço, clica em um botão e digita o que deseja que ela diga”, afirmou Farid. Ele destacou que mensagens de voz são particularmente eficazes por não exigirem interação em tempo real, dificultando a detecção imediata.
O FBI orientou que mensagens supostamente enviadas por altos funcionários sejam tratadas com ceticismo e reportadas ao Centro de Denúncias de Crimes na Internet. O Departamento de Estado, por sua vez, pediu que diplomatas americanos relatem tentativas de falsificação ao Escritório de Segurança Diplomática.
Implicações globais
O uso de IA em fraudes cibernéticas não é exclusivo dos EUA. Em junho, o Serviço de Segurança da Ucrânia alertou sobre agentes russos se passando por oficiais para recrutar civis em missões de sabotagem. No Canadá, o Centro Antifraude e o Centro de Segurança Cibernética relataram golpes semelhantes, com golpistas utilizando IA para roubar informações ou instalar malware. Esses incidentes sublinham o desafio global de combater deepfakes e outras formas de manipulação digital.
O caso Rubio reforça a necessidade de maior vigilância e investimento em cibersegurança, especialmente em um contexto de tensões geopolíticas. A possibilidade de envolvimento de agentes ligados à Rússia, como sugerido por parceiros do setor privado, aumenta a urgência de medidas preventivas. Enquanto as autoridades americanas investigam, o incidente serve como um alerta sobre os riscos do uso indevido de tecnologias avançadas.
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