Hugo Motta lidera votação que derruba aumento do IOF e critica polarização política
Presidente da Câmara destaca união de deputados de esquerda e direita em decisão que evita alta de impostos e reforça compromisso com pautas sociais e econômicas
Na última quarta-feira, 25 de junho de 2025, a Câmara dos Deputados, sob a liderança do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), aprovou, com expressivos 383 votos, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL 314/25) que derrubou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) instituído pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão, que contou com apoio de deputados de espectros ideológicos opostos, foi referendada pelo Senado de forma simbólica, marcando uma das maiores derrotas legislativas do governo Lula em seu terceiro mandato. Em suas redes sociais, Motta destacou a votação como um exemplo de superação da polarização política, criticando o discurso de “nós contra eles” que, segundo ele, prejudica a governança e a população.
“Quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos. A polarização política tem cansado muita gente, e agora querem criar a polarização social”, afirmou Motta em um vídeo publicado no X. Ele reforçou que a derrubada do IOF, um imposto que impacta toda a cadeia econômica, reflete a sintonia do Congresso com as demandas da sociedade brasileira. “A Câmara e o Senado decidiram evitar o aumento do Estado”, completou, destacando a votação como uma construção suprapartidária.
Uma pauta diversificada e de impacto
Além da derrubada do IOF, a sessão de 25 de junho foi marcada pela aprovação de outras três propostas de relevância econômica e social, evidenciando a capacidade de articulação de Motta à frente da Câmara. Entre elas, está a Medida Provisória (MP) 1291/25, que autoriza o uso de até R$ 15 bilhões anuais do Fundo Social do pré-sal para financiar projetos de habitação popular e enfrentamento de calamidades públicas. A medida também permite ao governo leiloar o excedente de petróleo, com potencial de arrecadação estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, sem a necessidade de aumentar impostos.
Outra proposta aprovada foi a MP 1292/25, que regulamenta o crédito consignado para trabalhadores do setor privado, ampliando o acesso a essa modalidade de empréstimo com descontos diretos na folha de pagamento. Por fim, o Projeto de Lei (PL) 2692/25 garantiu a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até dois salários mínimos (R$ 3.036 em 2025), uma medida que beneficia diretamente a população de menor renda e reforça o compromisso com a justiça tributária.
Motta enfatizou que essas aprovações demonstram o papel do Congresso em equilibrar medidas fiscais sem onerar o contribuinte. “Aprovamos pautas que geram emprego, renda e oportunidades, como a habitação e a isenção do IR, enquanto ajudamos o governo a arrecadar recursos sem aumentar a carga tributária”, afirmou o presidente da Câmara.
Tensões com o governo e acusações de traição
A decisão de pautar a votação do PDL que derrubou o IOF pegou o governo de surpresa, gerando reações de líderes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. Haddad defendeu o aumento do IOF, argumentando que o decreto visava “corrigir uma injustiça” ao combater a evasão de impostos dos mais ricos para equilibrar as contas públicas e garantir direitos sociais. Em postagem no X, ele afirmou que a derrubada do decreto pode levar a cortes de até R$ 2,7 bilhões em emendas parlamentares em 2025 e R$ 7,1 bilhões em 2026.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, classificou a decisão de Motta como um “grave erro” e questionou a realização da votação em uma sessão virtual durante a semana de São João, quando o Congresso estava esvaziado. “Esse é um assunto sério demais para o país”, escreveu Farias no X. A articulação política do governo esperava mais tempo para negociar uma alternativa, cogitando aguardar o relatório bimestral das contas públicas, previsto para 22 de julho, antes de qualquer deliberação.
Motta, no entanto, negou que a votação tenha sido uma traição ao governo. Em suas redes sociais, ele afirmou que o Executivo foi alertado sobre a dificuldade de aprovar o aumento do IOF no Congresso. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. Nós avisamos ao governo que essa matéria teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, declarou. Ele reforçou que, como presidente da Câmara, sua atuação é pautada pelo interesse do país, não por alinhamentos partidários. “Ser de centro não é ter ausência de posição, é ter ausência de preconceito”, disse, defendendo sua postura de articulação entre diferentes espectros políticos.
Polarização e o papel de Hugo Motta
A derrubada do IOF reacendeu debates sobre a relação entre o Congresso e o Executivo, especialmente em um contexto de polarização política. Motta, que assumiu a presidência da Câmara em 1º de fevereiro de 2025 com 444 votos, tem se destacado por sua habilidade em transitar entre governo e oposição. Eleito com o apoio de partidos como PT, PL, PP e MDB, o deputado paraibano, aos 35 anos, é o mais jovem a presidir a Casa, mas já acumula quatro mandatos e uma trajetória marcada por articulações de bastidor.
Herdeiro de uma família política tradicional da Paraíba, Motta é descrito como conciliador e agregador, mas também enfrenta críticas por sua proximidade com figuras controversas, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Apesar disso, sua liderança tem sido marcada por um discurso de equilíbrio fiscal e responsabilidade com as demandas da população. Em eventos recentes, como o promovido pelo Grupo Esfera Brasil em São Paulo, Motta defendeu reformas estruturais, como a administrativa, e criticou a ineficiência do Estado brasileiro, que, segundo ele, “cobra mais de quem produz e entrega pouco”.
A votação do IOF também foi interpretada como um recado do Congresso ao governo sobre a necessidade de cortes de gastos antes de propor aumentos tributários. Motta já havia criticado publicamente o pacote fiscal de Haddad, especialmente a proposta de tributar investimentos como LCI e LCA, que impactam setores como a construção civil e o agronegócio. “O Congresso está incomodado com medidas que aumentem impostos sem que o governo faça o dever de casa”, afirmou em evento em Brasília.
Reações e perspectivas
A derrubada do IOF gerou reações mistas nas redes sociais. Usuários como @NewsLiberdade elogiaram a postura de Motta, destacando sua crítica à polarização e ao aumento de impostos. “Hugo Motta rebate críticas de Lula e diz que quem alimenta o ‘nós contra eles’ governa contra todos”, publicou o perfil. Já outros, como @KriskaCarvalho, criticaram a decisão, argumentando que a medida prejudica programas sociais, saúde e educação, enquanto favorece setores ricos, como bancos e fintechs. “Acorda, Brasil. Estão roubando nosso futuro em plena luz do dia”, escreveu. No campo político, a oposição celebrou a votação como um sinal de força do Congresso. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) defendeu Motta, afirmando que o presidente da Câmara deixou claro na reunião de líderes que o PDL seria pautado. “O governo Lula é analógico”, ironizou. Já o governo avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a derrubada do decreto ameaça a prerrogativa presidencial. A ministra Gleisi Hoffmann afirmou que a votação “não tem base jurídica”.
Enquanto o embate entre Executivo e Legislativo se intensifica, Hugo Motta segue consolidando sua posição como um articulador político que busca equilibrar interesses diversos. A aprovação simultânea de pautas como a isenção do IR, habitação e crédito consignado reforça sua narrativa de compromisso com o bem-estar da população, enquanto a derrubada do IOF sinaliza resistência a medidas que aumentem a carga tributária sem contrapartidas claras. O desafio, agora, será manter o diálogo com o governo sem ceder às pressões de ambos os lados do espectro político.
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