Guerra comercial se intensifica: China retalia EUA com tarifas e mira Google, Tommy Hilfiger e Calvin Klein
Em resposta às medidas de Trump, Pequim anuncia sobretaxas de até 15% sobre produtos americanos e abre investigação antitruste contra gigante da tecnologia
Em uma escalada significativa das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, a China anunciou nesta terça-feira (4) um pacote abrangente de retaliações contra os Estados Unidos, que inclui não apenas tarifas sobre produtos estratégicos, mas também ações contra empresas americanas emblemáticas.
O Ministério das Finanças chinês informou que imporá tarifas adicionais de 15% sobre a importação de carvão e gás natural liquefeito, além de 10% sobre petróleo e maquinário agrícola provenientes dos Estados Unidos. As medidas entrarão em vigor na próxima segunda-feira, em resposta direta às tarifas de 10% impostas por Trump sobre produtos chineses.
Múltiplas frentes de batalha
A retaliação chinesa vai além das tarifas comerciais tradicionais. Pequim anunciou uma investigação antitruste contra o Google e incluiu o grupo de moda PVH (proprietário das marcas Tommy Hilfiger e Calvin Klein) e a empresa de biotecnologia Illumina em sua lista de "entidades não confiáveis".
A investigação contra o Google será conduzida pela Administração Estatal de Regulação de Mercados, que alega possíveis violações da lei antimonopólio chinesa. Quanto ao grupo PVH, a inclusão na lista negra está relacionada ao boicote ao algodão da região de Xinjiang, onde Pequim enfrenta acusações internacionais de violações de direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur.
Contexto da guerra comercial
A atual escalada teve início quando Trump anunciou, no último sábado, tarifas adicionais sobre importações de três países:
China: 10% sobre produtos diversos
México e Canadá: 25% (temporariamente suspensas por 30 dias após negociações)
Trump justificou as medidas como uma forma de pressionar estes países a conter o fluxo ilegal de migrantes e drogas para os Estados Unidos, uma abordagem que especialistas consideram controversa do ponto de vista do direito comercial internacional.
Impactos e reações
A China apresentou uma reclamação formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), classificando as medidas americanas como "de natureza maliciosa". O Ministério do Comércio de Pequim argumenta que as ações de Washington "violam seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio".
Analistas de mercado já apontam consequências econômicas significativas:
Queda nas bolsas de valores asiáticas
Impacto nas cadeias globais de suprimentos
Preocupação com aumento da inflação nos EUA
Turbulência nos mercados de commodities
Histórico do segundo mandato de Trump
Desde o início de seu segundo mandato em 2025, Trump tem intensificado sua política comercial agressiva. As principais ações incluem:
Janeiro 2025: Ameaças iniciais de tarifas contra parceiros comerciais
Fevereiro 2025: Implementação de tarifas contra China e tentativa contra México e Canadá
Uso inédito da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 para justificar as tarifas
Especialistas alertam que esta nova rodada de disputas comerciais pode ter consequências mais graves que a guerra comercial de 2018-2019, especialmente considerando o atual contexto de instabilidade econômica global e as tensões geopolíticas existentes.
O mercado financeiro global permanece em alerta, com especial atenção para possíveis novas medidas retaliatórias de ambos os lados nas próximas semanas.