Governo brasileiro minimiza ameaça de Trump ao Brics; presidente americano sai em defesa de Bolsonaro
Em meio a tensões comerciais, Planalto avalia que declarações do republicano fortalecem discurso multilateral do bloco
O governo brasileiro está adotando uma postura cautelosa diante das recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 10% sobre produtos de países alinhados ao Brics. Segundo fontes do Planalto e do Itamaraty, as declarações do republicano ainda estão no campo retórico e podem, ironicamente, fortalecer o discurso do bloco em defesa do multilateralismo.
No domingo (6), Trump utilizou sua rede social Truth Social para anunciar que qualquer país que se alinhar às "políticas antiamericanas do Brics" enfrentará uma sobretaxa de 10% em suas exportações para os EUA, sem exceções. A declaração veio horas após a divulgação do documento final da Cúpula de chefes de Estado do Brics, realizada no Rio de Janeiro.
Histórico de ameaças e o contexto atual
Não é a primeira vez que o ex-presidente americano faz ameaças ao bloco. Em pelo menos duas ocasiões anteriores, em janeiro e fevereiro de 2025, Trump já havia mencionado a possibilidade de aplicar tarifas de até 100% sobre produtos de países do Brics caso o grupo criasse uma moeda alternativa ao dólar.
A declaração final da Cúpula do Brics, embora não mencione diretamente os Estados Unidos ou Trump, critica a "proliferação de ações restritivas ao comércio" e o "aumento indiscriminado de tarifas", afirmando que tais medidas ameaçam reduzir o comércio global e interromper as cadeias de suprimentos.
De acordo com Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, "os BRICS estão fazendo a agenda do mundo", como reportado pelo Brasil 247. Esta declaração sugere que o governo brasileiro vê as ameaças de Trump como um reconhecimento da crescente relevância do bloco no cenário internacional.
Reações internacionais
A China, principal parceiro comercial do Brasil e membro fundador do Brics, reagiu às ameaças de Trump afirmando que o bloco "não busca o confronto", segundo reportagem do O POVO. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também se manifestou, destacando que "a singularidade de um grupo como o Brics está no fato de ser um grupo de países que compartilham abordagens comuns e uma visão de mundo comum sobre como cooperar com base em seus próprios interesses".
Impacto nas relações comerciais
Em abril deste ano, Trump já havia iniciado uma guerra tarifária ao impor taxas recíprocas a diversos países. O Brasil foi atingido com uma tarifa de 10%, a mais baixa entre os países afetados, enquanto a China chegou a enfrentar taxas de até 140%, posteriormente reduzidas após negociações.
Posicionamento oficial
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reagiu às ameaças de Trump pregando diálogo: "Brasil não é problema para os EUA". Esta postura reflete a tentativa do governo brasileiro de evitar um confronto direto com os Estados Unidos, mantendo ao mesmo tempo seu compromisso com o BRICS.
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), afirmou que as medidas de Trump "não são boas para ninguém" e destacou a defesa do multilateralismo como princípio norteador da política comercial brasileira.
Perspectivas futuras
A data final de 9 de julho, imposta pelo governo dos Estados Unidos para a conclusão de acordos tarifários, coloca pressão adicional sobre diversos países, incluindo o Brasil. Enquanto isso, parceiros comerciais dos EUA correm para fechar acordos antes do anúncio de novas tarifas por Trump.
O cenário é complexo e as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos devem persistir, especialmente considerando o histórico de Trump em utilizar tarifas como instrumento de pressão política e econômica. O desafio para o Brasil será equilibrar sua participação no BRICS com a manutenção de relações comerciais estáveis com os Estados Unidos, seu segundo maior parceiro comercial.
Trump sai em defesa de Bolsonaro em rede social: "Deixem-no em paz"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou sua rede social, Truth Social, nesta segunda-feira (7), para defender o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Em uma postagem, Trump classificou as investigações contra Bolsonaro como uma "caça às bruxas" e criticou o que chamou de "perseguição" por parte do governo brasileiro. "O único julgamento que deve acontecer é o julgamento pelos eleitores no Brasil — chama-se eleição. DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!", escreveu o líder americano, em um tom enfático.
A declaração ocorre em meio às investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro, que é réu por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Trump, que mantém laços políticos e ideológicos com o ex-presidente brasileiro, já havia expressado apoio a Bolsonaro em outras ocasiões, como durante a campanha eleitoral de 2022, quando o chamou de "homem maravilhoso" e deu seu "endosso completo".
Lula diz que o Brasil não aceita interferência. "A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", disse.
A declaração do presidente ocorreu nesta segunda, após Donald Trump afirmar que Bolsonaro não deve ser julgado pela Justiça.
A nova postagem reforça a relação de proximidade entre os dois líderes, que compartilham discursos conservadores e críticas a instituições. A manifestação de Trump gerou reações no Brasil, com aliados de Bolsonaro celebrando o apoio e críticos apontando a intervenção como uma tentativa de interferência em assuntos internos do país. A mensagem foi amplamente repercutida nas redes sociais, intensificando o debate sobre o futuro político de Bolsonaro, que está inelegível até 2026.
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