Governadores do Rio e Rondônia articulam ida de vices ao TCE para reorganizar sucessão política
Em manobras similares, Cláudio Castro (RJ) e Marcos Rocha (RO) planejam indicar seus vices aos Tribunais de Contas para abrir caminho a presidentes de Assembleias nos governos estaduais
Em um movimento que revela as intrincadas articulações do poder regional brasileiro, dois estados vivenciam processos políticos praticamente idênticos: Rio de Janeiro e Rondônia desenham estratégias que envolvem a indicação de seus vice-governadores para os respectivos Tribunais de Contas, reorganizando assim o tabuleiro sucessório em ambas as unidades da federação.
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro, que não pode mais disputar a reeleição, arquitetou uma complexa movimentação política que começa com a indicação de seu vice, Thiago Pampolha, para uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). A estratégia ganhou força após a juíza Roseli Nalin, da 4ª Vara de Fazenda Pública, negar uma liminar que tentava impedir a nomeação.
A contestação judicial partiu do advogado Victor Travancas, ex-subsecretário do governo Castro e atual adversário político, que questionava a ausência de diploma de Ensino Superior de Pampolha - que iniciou, mas não concluiu o curso de Direito. A magistrada, entretanto, não encontrou "prova inconteste" que justificasse o bloqueio da indicação.
O espelho rondoniense
Em paralelo, Rondônia experimenta uma articulação notavelmente similar. O governador Marcos Rocha (União Brasil), reeleito em 2022 com 52,47% dos votos, trabalha para indicar seu vice, Sérgio Gonçalves, a uma vaga no TCE-RO. A manobra é parte de um plano mais amplo que visa posicionar Rocha como candidato ao Senado em 2026.
A estratégia rondoniense inclui a ascensão do presidente da Assembleia Legislativa, Alex Redano (Republicanos), ao governo estadual. Redano, que construiu uma trajetória política expressiva desde vereador em Ariquemes até a presidência do legislativo estadual, seria beneficiado pela reorganização do poder executivo.
As implicações políticas
Em ambos os estados, as movimentações revelam a complexidade das articulações políticas regionais:
Rio de Janeiro:
Rodrigo Bacellar, atual presidente da Alerj, deve assumir o governo com a saída de Castro e a ida de Pampolha ao TCE
A Alerj precisa votar a aprovação da indicação de Pampolha, com previsão para os próximos dias
A manobra visa fortalecer a pré-candidatura de Bacellar ao governo nas próximas eleições
Rondônia:
Alex Redano poderá assumir o governo como "tampão" até 2026
Marcos Rocha pretende se candidatar ao Senado, reorganizando assim o cenário político local
O papel estratégico dos Tribunais de Contas
Os Tribunais de Contas emergem como peças-chave nestas articulações, não apenas por sua função constitucional de fiscalização das contas públicas, mas também como instrumentos de reorganização política. Com sete conselheiros cada, tanto o TCE-RJ quanto o TCE-RO são órgãos de grande influência na administração pública estadual.
Próximos passos
No Rio de Janeiro, a movimentação está mais adiantada, com a votação na Alerj prevista para os próximos dias. Em Rondônia, as articulações ainda estão em fase de construção, mas segue um caminho similar ao fluminense.
A coincidência das estratégias em estados tão distantes geograficamente demonstra como certas práticas políticas se replicam no cenário nacional, sempre envolvendo a redistribuição de poder entre grupos políticos estabelecidos e a utilização de órgãos de controle como parte dessas articulações.
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