Governador do Texas ordena prisão de Democratas em fuga para impedir redesenho eleitoral
Parlamentares democratas deixam o estado em protesto contra plano republicano que pode alterar o mapa eleitoral dos EUA; tensão política aumenta no Texas
Uma crise política sem precedentes toma conta do Texas, nos Estados Unidos, onde o governador republicano Greg Abbott ordenou a prisão de dezenas de parlamentares democratas que deixaram o estado para impedir a votação de um plano de redesenho dos distritos eleitorais.
O projeto, apoiado pelo Partido Republicano e pelo presidente Donald Trump, é acusado pela oposição de favorecer a legenda nas eleições legislativas de meio de mandato em 2026. A medida gerou um embate jurídico e político, com reflexos que podem impactar o equilíbrio de poder no Congresso americano.
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, mais de 50 democratas abandonaram o Texas, esvaziando o quórum necessário para a votação na Câmara estadual, que exige a presença de pelo menos dois terços dos 150 membros. Muitos se refugiaram em estados como Illinois, onde recebem proteção de lideranças democratas locais. Enquanto isso, no Texas, mandados de prisão foram emitidos, e o Departamento de Segurança Pública foi mobilizado para localizar e trazer de volta os parlamentares ausentes.
Contexto histórico do redesenho eleitoral no Texas
O redesenho dos distritos eleitorais, conhecido como gerrymandering, é uma prática comum nos Estados Unidos, realizada geralmente a cada dez anos com base nos dados do censo populacional. No Texas, o último redesenho ocorreu em 2021, já sob críticas de manipulação partidária. Segundo o Princeton Gerrymandering Project, tanto republicanos quanto democratas têm histórico de ajustar mapas eleitorais para obter vantagens políticas em estados onde controlam o processo legislativo.
O plano atual, apresentado recentemente, é considerado incomum por ocorrer no meio da década, fora do ciclo regular de redesenho. Ele poderia criar até cinco novas cadeiras favoráveis aos republicanos na Câmara dos Representantes dos EUA, onde o partido já detém 25 das 38 cadeiras do Texas (cerca de 66% do total). A medida é vista como estratégica para consolidar o poder republicano, especialmente após Donald Trump vencer no estado com 56% dos votos nas eleições presidenciais de 2024.
A fuga dos Democratas e a resposta Republicana
Os democratas justificam sua saída do estado como um ato de resistência contra um "sistema viciado". Em entrevista coletiva, o líder democrata na Câmara do Texas, Gene Wu, declarou: "Não estamos abandonando nossas responsabilidades; estamos abandonando um sistema que se recusa a ouvir as pessoas que representamos". A maioria dos parlamentares se dirigiu a Illinois, onde o governador democrata JB Pritzker prometeu proteção, enquanto outros foram para Boston e Albany, em Nova York.
Por outro lado, a resposta republicana foi dura. O governador Greg Abbott afirmou que os democratas "abandonaram seu dever com os texanos" e ordenou ao Departamento de Segurança Pública que os localize e os traga de volta ao Capitólio. O presidente da Câmara estadual, Dustin Burrows, sugeriu que a fuga pode configurar abandono de mandato ou até crimes, como suborno, caso os parlamentares arrecadem fundos públicos para pagar multas de US$ 500 por dia de ausência, conforme regra adotada em 2021.
O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, que disputa a indicação republicana para o Senado dos EUA, também se posicionou de forma contundente. Em publicação no X, ele chamou os democratas de "fujões de jatinho" e defendeu que enfrentem "todo o peso da lei" por covardia e negligência.
Implicações jurídicas e políticas
A crise no Texas não é um caso isolado. Em 2021, republicanos também emitiram mandados de prisão contra democratas ausentes que tentavam bloquear uma lei eleitoral. Na época, decisões judiciais temporárias bloquearam as prisões, mas a Suprema Corte do Texas acabou derrubando essas ordens. Agora, com apenas duas semanas até o fim da sessão legislativa extraordinária, os democratas planejam permanecer fora do estado, o que pode agravar a tensão.
Além disso, o Departamento de Justiça dos EUA enviou uma carta às autoridades texanas em julho de 2025, alertando que quatro distritos congressionais do estado foram manipulados racialmente, todos vencidos por democratas nas últimas eleições. Esse contexto aumenta a pressão sobre o redesenho proposto, que Trump defendeu publicamente como essencial para manter a estreita maioria republicana na Câmara dos EUA.
Repercussão nacional e internacional
A situação no Texas ganhou destaque em redes sociais e na imprensa internacional. No X, hashtags como #TexasDemocrats e #Gerrymandering têm sido amplamente usadas para discutir o caso. Publicações de usuários e jornalistas apontam para uma polarização crescente nos EUA, com alguns acusando os republicanos de abuso de poder e outros criticando os democratas por "fugirem" de suas responsabilidades.
Jornais como o The New York Times e a CNN destacaram que a crise no Texas pode inspirar retaliações em outros estados. A governadora de Nova York, Kathy Hochul, classificou o redesenho distrital como uma "tomada de poder descarada" e estuda uma emenda constitucional para antecipar o redesenho em seu estado como resposta. Lideranças democratas em outros estados, como Illinois e Nevada, também sinalizam possíveis ajustes em seus mapas eleitorais para contrabalançar as perdas no Texas.
Críticas e desafios pendentes
Além do embate sobre o redesenho eleitoral, a ausência dos democratas também atrasa a discussão de temas urgentes no Texas, como as inundações mortais que atingiram o centro do estado em julho de 2025. Republicanos acusam a oposição de negligência por priorizar o protesto em detrimento de questões emergenciais, o que intensifica as críticas públicas contra os parlamentares ausentes.
Por outro lado, defensores dos democratas argumentam que a luta contra o gerrymandering é uma questão de democracia. O deputado democrata Armando Walle afirmou: "Nossos eleitores esperam que lutemos. Não estou preocupado com consequências legais ou políticas, porque o povo nos elegeu para fazer exatamente o que estamos fazendo hoje."
A crise política no Texas expõe as profundas divisões partidárias nos Estados Unidos e levanta questões sobre a legitimidade do redesenho eleitoral em um contexto de polarização. Enquanto os republicanos buscam consolidar seu poder, os democratas apostam na resistência para chamar atenção para o que consideram uma manipulação antidemocrática. Com o prazo da sessão legislativa se aproximando e a possibilidade de retaliações em outros estados, o desfecho dessa disputa pode ter impactos duradouros no cenário político americano.
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