Glenn Greenwald expõe 'esquema secreto no TSE' e Moraes ignora convocação do Senado
Em depoimento explosivo ao Senado, jornalista expõe áudios comprometedores e sistema paralelo de vigilância, enquanto ministro do STF se recusa a dar explicações. "É um Estado paralelo de vigilância"
Em uma sessão tensa na Comissão de Segurança Pública do Senado Federal nesta quarta-feira (30/04/2025), o jornalista Glenn Greenwald apresentou um conjunto de supostas evidências que sugerem a existência de um esquema não oficial de monitoramento e vigilância dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estaria sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado, que havia sido convidado para prestar esclarecimentos, optou por não comparecer, intensificando as críticas sobre sua postura frente às instituições democráticas.
Durante mais de três horas de depoimento, Greenwald detalhou como uma estrutura paralela dentro do TSE operava para monitorar cidadãos, jornalistas e políticos, extrapolando significativamente as competências legais do tribunal eleitoral. O jornalista apresentou evidências de que o sistema de vigilância ia muito além das questões eleitorais, atingindo áreas da vida privada e manifestações políticas legítimas em território internacional.
"Os próprios assessores demonstravam consciência da ilegalidade de suas ações", revelou Greenwald, citando gravações onde funcionários expressavam preocupação explícita: "Meu Deus, se isso for divulgado, não está certo". O material, publicado inicialmente pela Folha de S.Paulo, expõe conversas internas que demonstram o desconforto da equipe com as práticas adotadas.
Casos emblemáticos de abuso de poder
O caso Nova York
Um dos exemplos mais contundentes apresentados por Greenwald foi o monitoramento de um protesto pacífico em Nova York contra o STF. "Moraes utilizou a estrutura do TSE para investigar uma manifestação legítima em solo americano, sem qualquer conexão com questões eleitorais", afirmou o jornalista, destacando o uso irregular dos recursos públicos para fins pessoais.
Perseguição a jornalistas
Greenwald também apresentou documentos que sugerem uma sistemática perseguição a profissionais da imprensa. "Qualquer reportagem crítica era imediatamente classificada como ação criminosa", explicou, citando diversos casos de censura e intimidação.
O silêncio das instituições
Clima de Medo
Um dos aspectos mais preocupantes revelados foi o ambiente de terror institucional instalado no meio jurídico e político. "Dezenas de autoridades, incluindo ministros de tribunais superiores, parlamentares e juristas renomados, me procuraram para expressar preocupação com os abusos, mas todos se recusaram a se manifestar publicamente por medo de retaliações", revelou Greenwald.
Reação no Senado
Críticas contundentes
A ausência de Moraes provocou uma onda de indignação entre os senadores. O senador Magno Malta (PL-ES) foi especialmente duro: "Ele age como um faraó moderno, um Nero do século XXI, que afronta as instituições democráticas com total desprezo pelo equilíbrio entre os poderes."
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) complementou: "É um acinte ao Senado Federal. Enquanto discutimos o segredismo nos tribunais superiores e decisões nada republicanas, o ministro demonstra, com sua ausência, exatamente o problema que viemos discutir."
O caso Tagliaferro e as ameaças
Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE no centro das investigações, também não compareceu à sessão. Através de seu advogado, alegou ter recebido ameaças de morte e solicitou depoimento virtual, em data futura. A situação levantou ainda mais suspeitas sobre a dimensão do esquema.
Outras críticas
Flávio Bolsonaro e Greenwald questionaram a imparcialidade de Moraes para julgar os processos nos quais ele conduz a investigação. É a situação do Inquérito das Fake News, segundo Flávio Bolsonaro. O senador comparou o caso com os julgamentos relativos à operação Lava-Jato, em que o STF considerou Moro parcial em razão das conversas que ele tinha com os procuradores do Ministério Público Federal, responsáveis pela acusação.
— Não é que Moraes tem uma relação com um promotor de justiça ou com um investigador da Polícia Federal. Ele próprio reúne todos esses papéis. As conversas que foram reveladas mostram a indignação de Moraes quando o investigador não consegue encontrar alguma coisa contra aquele alvo que ele escolheu. [Ele diz] “use a criatividade”. É algo muito mais comprovado de uma atuação completamente parcial.
O senador Magno Malta (PL-ES) afirmou que o Senado pode ser utilizado como sistema de freios do STF.
— Nós vamos recorrer a quem? Ao próprio Moraes? O Senado tem muito mais do que o suficiente para um impeachment, não só dele — disse o senador.
Impacto nas instituições democráticas
Sistema de justiça em xeque
Greenwald alertou para as consequências institucionais do que chamou de "Estado paralelo de vigilância". "Quando um ministro do Supremo usa sua posição para criar um sistema extraoficial de monitoramento, censura e perseguição, estamos diante de uma grave ameaça à democracia", afirmou.
Repercussão internacional
O caso já começa a ganhar repercussão internacional, com veículos de imprensa estrangeiros demonstrando preocupação com o estado da democracia brasileira. Organizações internacionais de direitos humanos e liberdade de imprensa manifestaram preocupação com os relatos apresentados.
Próximos passos
A Comissão de Segurança Pública do Senado anunciou que vai elaborar um relatório detalhado sobre as denúncias e planeja convocar outras testemunhas nas próximas semanas. Há também discussões sobre a possibilidade de criação de uma CPI para investigar o caso em profundidade.
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