Fraudes no INSS: Advogada Cecília Rodrigues Mota movimenta R$ 10 milhões em operações suspeitas, aponta Coaf
Relatório revela reincidência em alertas de lavagem de dinheiro e papel central em esquema que desviou bilhões de aposentados; PF investiga viagens de luxo e repasses a servidores públicos
A advogada Cecília Rodrigues Mota, investigada pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sem Desconto, que apura fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 10 milhões em transferências financeiras incompatíveis com seu patrimônio declarado, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento, encaminhado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e obtido pela Coluna do Estadão, destaca a advogada como “reincidente em alertas de monitoramento de prevenção à lavagem de dinheiro”, com comunicações prévias ao Coaf sobre sua conduta.
O relatório do Coaf, que analisou movimentações até abril de 2025, identificou padrões suspeitos, como transferências realizadas no mesmo dia de recebimentos em conta, o que indicaria “possível urgência em dificultar o rastreamento de valores”. Em um período de menos de dois meses, entre 1º de fevereiro e 28 de março de 2024, Cecília movimentou R$ 2,5 milhões, volume considerado atípico para uma servidora pública federal aposentada e advogada, que recebe pensão mensal de cerca de R$ 8 mil do INSS, conforme dados do Portal da Transparência.
A PF atribui a Cecília um “papel central na teia financeira que sustenta o esquema de descontos indevidos sobre os benefícios de aposentados”. De acordo com relatórios policiais enviados à Justiça, escritórios de advocacia e empresas ligadas à investigada receberam R$ 14,081 milhões de entidades associativas suspeitas de golpes contra aposentados e pensionistas. Esses recursos foram repassados a servidores do INSS sob suspeita de corrupção, incluindo figuras como o ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, André Paulo Félix Fidelis, e o ex-procurador federal da Advocacia-Geral da União (AGU), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, procurador-geral da Procuradoria Federal Especializada do INSS. Outros nomes citados em investigações incluem Eric Douglas Martins Fidelis, Thaísa Hoffmann Jonasson e Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira, familiares de envolvidos.
Cecília Rodrigues Mota presidiu, entre março de 2017 e fevereiro de 2020, duas entidades investigadas pela PF: a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), ambas operando no mesmo endereço em Fortaleza (CE). Essas associações são apontadas como fachadas para a cobrança indevida de mensalidades em folhas de pagamento de benefícios previdenciários, muitas vezes com assinaturas falsificadas ou sem autorização dos beneficiários. O esquema, que pode ter causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões a mais de 6 milhões de aposentados, foi revelado por reportagens do Metrópoles em 2023 e culminou na deflagração da Operação Sem Desconto em abril de 2025, com 211 mandados de busca e apreensão, incluindo joias, carros de luxo e documentos.
Outro aspecto que chamou a atenção das autoridades foi o padrão de viagens da advogada. Entre janeiro e novembro de 2024, Cecília realizou 33 deslocamentos, um aumento significativo em relação às oito viagens de 2023. Destinos internacionais como Dubai, Paris e Lisboa foram frequentes, com compras em lojas de grife como Tiffany e Hugo Boss, hospedagens em hotéis cinco estrelas, como o Fasano no Rio de Janeiro, e despachos de 31 malas em uma única chegada de Dubai. A PF destacou que passagens eram adquiridas no dia do embarque, “sugerindo planejamento mínimo para evitar rastreamento”. Algumas viagens foram acompanhadas por outros investigados, que também receberam repasses vultosos, como R$ 1 milhão em março de 2024 para um deles, e R$ 6 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
A investigação ganhou novo fôlego com a instalação da CPMI do INSS em 2025, presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que apresentou requerimento para bloqueio de bens de 20 suspeitos, incluindo Cecília. Em depoimentos recentes, como o da diretora de Previdência e Benefícios da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Mota, foram reveladas contradições sobre a fiscalização de descontos associativos, autorizados desde o governo Temer e ampliados nos anos seguintes.
A CGU estima que mais de 742 mil aposentados relataram descontos indevidos apenas no primeiro semestre de 2024. A PF e a CGU continuam as apurações para recuperar os valores desviados e punir os responsáveis.
Procurada por veículos como Estadão, CNN Brasil, G1 e Metrópoles, Cecília Rodrigues Mota não se manifestou até o fechamento desta reportagem. O espaço permanece aberto para eventuais esclarecimentos. A defesa informou em ocasiões anteriores que se manifestará apenas em juízo.
Esse caso expõe vulnerabilidades no sistema previdenciário e reforça a necessidade de reformas para proteger os aposentados, principais vítimas de fraudes como essa. A CPMI segue com depoimentos semanais, prometendo avanços na elucidação do esquema.
Palavras-chave: Fraudes INSS, Cecília Rodrigues Mota, Operação Sem Desconto, Coaf lavagem de dinheiro, CPMI INSS, descontos indevidos aposentados, Polícia Federal INSS.
O que você acha desse esquema que afeta milhões de aposentados? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo e ajude a espalhar essa informação para que mais pessoas saibam e exijam justiça. Curta, compartilhe e ative as notificações para não perder atualizações sobre política e transparência!
Siga o Painel Político nas redes sociais:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
LinkedIn: Painel Político
Junte-se à conversa em tempo real:
Canal no WhatsApp: Inscreva-se aqui
Telegram: Acompanhe no canal
Hashtags: #PainelPolitico #FraudesINSS #CPMIINSS #CeciliaRodriguesMota #OperacaoSemDesconto #LavagemDeDinheiro #Aposentados #PoliticaBrasil