Fraude no Brazil Realty: CVM descarta pagamentos milionários e mantém processo contra Banco Master
Após debates intensos e propostas que somavam mais de R$ 21 milhões, a autarquia reguladora prioriza a integridade do mercado de capitais — o que isso significa para o setor financeiro brasileiro?
Em uma decisão que reforça o compromisso da regulação com a transparência e a responsabilidade no mercado financeiro, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) rejeitou, por unanimidade, as propostas de acordo apresentadas por Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master (antigo Banco Máxima), e outros envolvidos em um processo administrativo sobre operações potencialmente fraudulentas envolvendo o fundo imobiliário Brazil Realty. A votação ocorreu em reunião realizada nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, conforme revelado por fontes próximas ao órgão à coluna Capital, do jornal O Globo.
Os detalhes dos argumentos da rejeição serão divulgados apenas após a publicação do informativo oficial da reunião, mas o desfecho marca o fim de uma tramitação de quatro anos, interrompida por pedidos de vista dos diretores Otto Lobo (atual presidente interino da CVM) e João Accioly há cerca de um ano.
O processo, instaurado em 2021, apura irregularidades na emissão e distribuição de R$ 250 milhões em cotas do Brazil Realty Fundo de Investimento Imobiliário (FII), ocorridas em outubro de 2018. Segundo investigações da CVM, o Banco Master, sob a liderança de Vorcaro como diretor-presidente, adquiriu R$ 16,78 milhões em cotas com recursos próprios, enquanto a Milo Investimentos — empresa com participação de Henrique Moura Vorcaro, pai de Daniel Vorcaro — comprou R$ 70 milhões em cotas utilizando um imóvel supostamente sobrevalorizado em R$ 56 milhões.
Essas operações foram consideradas potencialmente fraudulentas, com indícios de manipulação no mercado secundário, onde cotas foram revendidas gerando retornos irregulares, violando normas como a Instrução CVM 08/79. O caso chegou a ser mencionado na decisão judicial que resultou na prisão de Vorcaro em novembro de 2025, quando ele tentava deixar o país, segundo a Polícia Federal, em meio a investigações mais amplas sobre gestão fraudulenta no Banco Master.
Em outubro de 2021, os acusados — incluindo Vorcaro, o Banco Master e outras entidades — buscaram encerrar o processo por meio de um termo de compromisso, mecanismo que permite o pagamento de valores para evitar sanções mais graves, sem admissão formal de culpa. A proposta inicial era modesta: R$ 500 mil do Banco Master, R$ 200 mil de Vorcaro e R$ 250 mil da Viking Participações (ligada ao banco), totalizando R$ 950 mil. Rejeitada pela área técnica e pelo colegiado em dezembro de 2022, por falta de comprovação de prejuízos individualizados, a oferta foi elevada para R$ 2 milhões no ano seguinte, mas continuou travada por impasses entre os diretores.
As negociações prosseguiram com ajustes. Em maio de 2025, o então presidente da CVM, João Pedro Nascimento, e a diretora Marina Copola votaram pela rejeição de novas propostas, citando ausência de “conveniência e oportunidade”, enquanto Accioly pediu vista adicional. Uma versão mais recente, avaliada em novembro de 2025, previa R$ 13,86 milhões no total: R$ 5,94 milhões do Banco Master, R$ 2,97 milhões de Vorcaro e R$ 4,95 milhões da Viking.
Paralelamente, outras entidades ligadas ao caso apresentaram ofertas separadas: R$ 4,95 milhões da Entre Investimentos e R$ 2,47 milhões de Antônio Carlos Freixo Júnior, seu diretor responsável na época. Todas foram recusadas na reunião de 2 de dezembro, somando mais de R$ 21 milhões em valores propostos, segundo fontes consultadas pelo Valor Econômico — uma escalada que reflete tentativas de resolução amigável, mas que não convenceu o colegiado atual, composto por Otto Lobo, João Accioly e Marina Copola. A área técnica da CVM já havia oferecido acusações formais a mais de duas dezenas de pessoas físicas e jurídicas, incluindo familiares de Vorcaro como Felipe Cancado Vorcaro (primo) e a MG I Desenvolvimento Imobiliário SPE.
O episódio se insere em um contexto mais amplo de escrutínio sobre o Banco Master, liquidado extrajudicialmente pelo Banco Central em novembro de 2025, após denúncias de gestão irregular e injeções de recursos de fundos investigados por lavagem de dinheiro.
Nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), a notícia gerou debates sobre a rigidez regulatória: o perfil do Valor Econômico destacou a rejeição como um sinal de fortalecimento da fiscalização, enquanto jornalistas como Luis Costa Pinto comentaram que Vorcaro não deve retornar ao setor bancário, citando delações potenciais em investigações paralelas. Outros posts mencionam ramificações, como a investigação de uma clínica em Contagem (MG) por suspeita de atuar como “laranja” no esquema.
Essa rejeição unânime pode pavimentar o caminho para sanções mais severas, como multas elevadas ou inabilitações, e serve como alerta ao mercado sobre os riscos de práticas irregulares em emissões de FIIs. Especialistas consultados pelo Estadão enfatizam que a decisão reforça a credibilidade da CVM em um ano marcado por liquidações bancárias e prisões de executivos. O processo agora prossegue para julgamento de mérito, com possibilidade de recursos.
Palavras-chave: CVM, Daniel Vorcaro, Banco Master, fundo imobiliário, Brazil Realty, fraude mercado capitais, termo de compromisso, regulação financeira, Otto Lobo, João Accioly.
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