Filha do ministro Fachin é agredida na UFPR e expõe tensões políticas em ambientes acadêmicos
Episódio de cusparada e insultos ideológicos reacende debate sobre segurança e polarização no ensino superior, com repúdio de entidades e alertas para escalada de hostilidades
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, tornou-se palco de um incidente que ilustra a crescente tensão política em instituições de ensino superior no Brasil. Na sexta-feira, 12 de setembro de 2025, a professora Melina Girardi Fachin, diretora do Setor de Ciências Jurídicas da instituição e filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, foi vítima de uma agressão verbal e física ao deixar o campus. Um homem não identificado se aproximou dela na Praça Santos Andrade, desferiu uma cusparada e a chamou de “lixo comunista”, conforme relatado pelo marido da vítima, o advogado Marcos Gonçalves.
O episódio, que ocorreu em meio a um clima de hostilidade prévia na universidade, gerou repúdio imediato da comunidade acadêmica e de movimentos de direitos humanos, destacando riscos à autonomia universitária e à segurança de docentes.O ataque a Melina Fachin não pode ser visto de forma isolada. Três dias antes, na terça-feira, 9 de setembro, estudantes da UFPR bloquearam o acesso ao prédio do curso de Direito para impedir a realização do evento “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”, organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O painel, que contava com a participação do vereador Guilherme Kilter (Novo-PR) e do advogado Jeffrey Chiquini, foi cancelado pela direção do setor após o bloqueio, mas os palestrantes insistiram em entrar no local, o que provocou um confronto verbal e a intervenção policial. Testemunhas relataram empurrões e uma resposta desproporcional das forças de segurança, com denúncias de violência contra os estudantes manifestantes.
Em comunicado oficial, a UFPR afirmou que “conforme vídeos, um grupo com os palestrantes forçou a entrada, empurrando o vice-diretor do setor, o que desencadeou uma série de reações que culminaram em uma resposta desproporcional das forças de segurança pública em relação à comunidade que se manifestava”.
Marcos Gonçalves, em nota divulgada nas redes sociais, atribuiu a agressão à “irresponsabilidade e vilania de todos aqueles que se alinharam com o discurso de ódio propalado desde o esgoto do radicalismo da extrema direita, que pretende eliminar tudo que lhe é distinto”. Ele também vinculou o incidente ao tumulto do dia 9, alertando que “ato de violência carrega as assinaturas de todos aqueles que, na última terça-feira, protagonizaram mais um episódio de provocação, de tumulto e desrespeito às instituições”. Gonçalves enfatizou que o episódio reflete uma escalada de intolerância, prometendo que “não haverá clemência” caso haja novas ameaças à família.
O advogado ainda responsabilizou setores extremistas pelo avanço da retórica de ódio, especialmente em um contexto de julgamentos no STF envolvendo aliados de Bolsonaro. Embora Melina Fachin não estivesse presente no protesto do dia 9, sua posição como diretora a colocou no centro das controvérsias. Reconhecida internacionalmente por seu trabalho em direitos humanos e com doutorado em Direito Constitucional, ela é colunista do portal Plural e tem atuado em defesa de causas progressistas, o que a torna alvo simbólico para críticos do STF – instituição onde seu pai, Edson Fachin, vice-presidente da Corte, tem proferido decisões contrárias a interesses bolsonaristas.
O vereador Guilherme Kilter, um dos envolvidos no evento cancelado, notificou judicialmente Melina Fachin e o reitor da UFPR, Marcos Sfair Sunye, cobrando esclarecimentos sobre o bloqueio e a nota oficial da universidade.
Esse caso sinaliza indícios de radicalização que vão além do ambiente digital. Nos últimos anos, professores e pesquisadores em universidades federais têm relatado ameaças virtuais e constrangimentos públicos por posições políticas ou acadêmicas. Analistas em direito constitucional consultados por veículos como O Globo e Brasil 247 avaliam que o episódio pode configurar crimes de injúria racial (devido ao viés ideológico) e importunação ofensiva ao pudor, além de violar a autonomia universitária prevista no artigo 207 da Constituição Federal.
O Centro de Estudos da Constituição da UFPR emitiu nota classificando a ação como “tentativa de intimidação” e alertando para o risco de “transformar o espaço universitário e democrático em palco de violência e silenciamento”.
Grupos como o Projeto das Promotoras Legais Populares de Curitiba e o Grupo de Pesquisa em Direito Constitucional da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reforçaram o repúdio, destacando que agressões como essa atingem não só a vítima, mas o ambiente democrático como um todo.
A UFPR, por sua vez, informou que adotará “todas as medidas administrativas, legais e judiciais cabíveis para assegurar a proteção de sua comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”, mas ainda não detalhou se abrirá investigação interna ou acionará a polícia para identificar o agressor.
Especialistas apontam que a demora na identificação do autor e a ausência de posicionamento mais firme de autoridades locais, como a Polícia Militar do Paraná, podem incentivar novos episódios de violência. Movimentos de direitos humanos de outros estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, manifestaram solidariedade via redes sociais, reforçando a necessidade de combater o discurso de ódio que dialoga com estratégias de intimidação contra vozes críticas ao bolsonarismo. Nas redes sociais, o incidente gerou ampla repercussão. Perfis como o da Revista Fórum e do Blog do Noblat destacaram o caso como sintoma de extremismo, enquanto postagens de apoiadores de Kilter e Chiquini acusaram a direção da UFPR de censura, invertendo a narrativa do protesto anterior.
O debate online evidencia a polarização, com hashtags como #UFPR e #DiscursoDeOdio ganhando tração.
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