Fernando de Noronha clama por Justiça: protestos e manifestos exigem fim do colonialismo e transparência na ilha; vídeos e fotos
Comunidade de Fernando de Noronha se une em protesto contra abandono administrativo e violência, cobrando autonomia e dignidade
A Ilha de Fernando de Noronha, um dos destinos mais emblemáticos do Brasil, vive um momento de indignação e resistência. Em um manifesto contundente, a Comunidade Tradicional Insular Noronhense ergueu sua voz contra o que classifica como “colonialismo moderno” imposto pelo governo de Pernambuco.
Publicado em assembleia livre e soberana, o documento denuncia décadas de negligência, exploração turística desenfreada e silenciamento da população local. A ilha, que já foi chamada de “Ilha Maldita” por seu passado prisional, agora luta para não ser tratada como quintal exótico de interesses distantes.
Um grito contra o abandono
O manifesto, assinado pela comunidade noronhense, aponta a administração estadual como responsável por tratar a ilha como uma colônia. “Fomos entregues à burocracia negligente, aos interesses de políticos distantes que jamais pisaram nas estradas da ilha”, diz o texto. A população reclama da falta de infraestrutura básica, como saneamento e escolas adequadas, enquanto milhões de reais arrecadados com o turismo não retornam em benefícios para os moradores. Pescadores locais são criminalizados, e a cultura noronhense, segundo o manifesto, é desrespeitada.
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A situação se agravou com a ausência de um administrador-geral definitivo. Desde a exoneração de Thallyta Figueirôa, em 28 de janeiro de 2025, a ilha é gerida pelo administrador-adjunto José Aglailson Neto, indicado pela governadora Raquel Lyra (PSD). A demora na sabatina de Virgílio Oliveira, novo indicado para o cargo, levou o Conselho Distrital a pressionar a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) por celeridade. “Noronha é um barco, e o comandante precisa assumir o seu posto”, declarou o Conselho em visita à Alepe no dia 13 de maio.
Violência policial acende a revolta
Outro estopim para os protestos foi o caso de violência policial que chocou a ilha. No dia 5 de maio de 2025, durante uma festa no Forte dos Remédios, o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz atirou na perna do ambulante Emanuel Pedro Apory, de 26 anos, após uma discussão motivada, segundo testemunhas, por ciúmes. O jovem foi transferido para uma UTI no Recife, onde passou por cirurgia e segue estável. Moradores reagiram com protestos, bloqueando a BR-363 com pneus e madeira em chamas, exigindo justiça.
O delegado, que cobria as férias do titular na Delegacia de Noronha, foi ouvido, liberado e afastado por 120 dias enquanto a Polícia Civil e a Corregedoria investigam o caso. A defesa de Apory, indignada com a não-autuação em flagrante, planeja representar contra o delegado junto à governadora. A Associação dos Delegados de Pernambuco (Adeppe) alegou legítima defesa, mas imagens de câmeras de segurança mostram o delegado abordando e empurrando a vítima antes do disparo.
A atriz Luana Piovani, sensibilizada pelo caso, usou suas redes sociais para cobrar providências do governo estadual e do Ministério Público, amplificando a revolta local.
Exigências por autonomia e transparência
A comunidade noronhense apresentou uma lista de 16 demandas à governadora Raquel Lyra, incluindo a exoneração do delegado, do administrador-adjunto e do chefe de gabinete, além da indicação de um novo administrador com experiência em gestão pública. Entre as principais exigências estão:
Audiência pública com a governadora para ouvir a população;
Portal da Transparência para a Administração e o Conselho Distrital, detalhando autorizações de veículos, carteirinhas de moradores e processos seletivos;
Reestruturação do controle migratório, com proibição de concessões a funcionários públicos e criação de carteiras para prestadores de serviço;
Melhorias na saúde, como um hospital equipado para cirurgias de média complexidade;
Educação inclusiva, com programas para neurodivergentes;
Auditoria nos terrenos concedidos nos últimos 15 anos.
Os noronhenses também cobram a emancipação política e administrativa, rejeitando o “julgo pernambucano” e defendendo um modelo de gestão participativo, com justiça social e respeito ao meio ambiente. “Fernando de Noronha pertence aos noronhenses — e a mais ninguém”, afirma o manifesto.
Protestos e Mobilização Popular
No dia 14 de maio, moradores anunciaram planos de bloquear o acesso ao aeroporto da ilha, intensificando os protestos por melhorias e pelo direito ao voto, já que Noronha, como distrito estadual, não elege prefeito. A mobilização ganhou apoio de movimentos populares, lideranças ambientais e artistas, que veem na luta da ilha um símbolo de resistência contra a exploração e o abandono.
A administração da ilha, por sua vez, tenta responder à crise. A Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que subiu para R$ 101 por dia em 2025, é justificada como medida para limitar a permanência de turistas e preservar o arquipélago. No entanto, a população questiona a aplicação desses recursos, exigindo transparência nos contratos e editais.
Um chamado nacional
O manifesto noronhense é mais do que um protesto local — é um grito por dignidade que ecoa pelo Brasil. A luta contra o “colonialismo moderno” e por autonomia ressoa em comunidades costeiras e movimentos socioambientais, que enxergam em Noronha um exemplo de resistência. “Que os ventos levem nossa revolta aos quatro cantos do Brasil”, conclui o texto, convocando aliados para a causa.
Enquanto a governadora Raquel Lyra não se pronuncia oficialmente, a ilha permanece em ebulição. O mar, que moldou a história de Noronha, agora carrega a força de um povo que não aceita mais ser silenciado.
Veja abaixo a íntegra do Manifesto:
Palavras-chave: Fernando de Noronha, colonialismo moderno, protestos, transparência administrativa, autonomia, violência policial, Raquel Lyra, Emanuel Apory, gestão pública, justiça socioambiental
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