Exportações de carne bovina brasileira disparam em 2025 mesmo com tarifaço de Trump
Mesmo com o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, o Brasil realoca mercados e projeta recorde histórico de vendas externas, impulsionado pela demanda asiática e escassez global de oferta
As exportações totais do Brasil para os Estados Unidos registraram uma queda de 18% em agosto de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior, impactadas diretamente pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a partir de 6 de agosto. Essa medida, a mais elevada aplicada pelos EUA a qualquer parceiro comercial – equiparada apenas à Índia –, elevou os custos das mercadorias brasileiras, tornando-as menos competitivas no mercado americano. No entanto, o setor de carnes bovinas, um dos pilares da pauta exportadora nacional, demonstra notável resiliência, mantendo trajetória de crescimento graças à diversificação de destinos e à demanda aquecida em outros continentes.
Diferentemente de commodities como café e suco de laranja, que receberam exceções parciais nas tarifas, as carnes não entraram em nenhuma lista de isenções. As remessas para os EUA despencaram 46% em agosto, somando apenas US$ 37 milhões, conforme dados da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Apesar disso, o impacto foi absorvido sem comprometer o desempenho global: as exportações totais de carne bovina cresceram 56% no mês, atingindo US$ 1,5 bilhão – o maior valor mensal já registrado na história do setor.
Essa robustez reflete a posição do Brasil como maior fornecedor mundial de carnes, com vendas para mais de 150 países. Em entrevista recente à VEJA, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), destacou: “Nós vendemos para mais de 150 países, a demanda global continua aquecida e os nossos competidores não têm mais carne para oferecer”. Perosa, que também atuou como secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) entre 2023 e 2024, enfatiza a capacidade de realocação rápida da produção.
Os números de setembro reforçam essa tendência positiva. Até 29 de setembro, a média diária de exportações de carne bovina atingiu R$ 1,6 milhão, alta de 53% em relação à média do mesmo mês de 2024. No acumulado do primeiro semestre de 2025, o Brasil embarcou 1,2 milhão de toneladas, crescimento de 11,4% ante o período anterior, gerando receita superior a US$ 5,8 bilhões. Em junho, as vendas externas somaram US$ 1,428 bilhão, avanço de 50%, com o produto in natura respondendo por 91,9% do total (241 mil toneladas).
A Abiec revisou recentemente sua projeção para o ano todo, elevando o crescimento esperado de 12% para cerca de 14% em volume e faturamento. Isso posiciona o Brasil para fechar 2025 com 3,3 milhões de toneladas exportadas, superando o recorde de 2,89 milhões de toneladas de 2024 (US$ 12,9 bilhões). No primeiro semestre, os EUA foram o segundo maior destino, com 181.477 toneladas (12,3% do total), mas a China manteve a liderança absoluta, importando mais de 505 mil toneladas – alta de 13,4%.
Fatores por trás do crescimento: Demanda asiática e escassez global
O boom das exportações ocorre em um contexto de desequilíbrio entre oferta e demanda mundial. Mercados emergentes, especialmente na Ásia, impulsionam o consumo devido ao aumento de renda e mudanças culturais. “É uma região do globo que não tinha muito costume de comer carne bovina, sempre comeu muito mais aves e suínos”, explica Perosa. Vietnã, Malásia, Indonésia e Filipinas emergem como novas fronteiras, com embarques crescentes para esses destinos. Em maio, a China sozinha absorveu 45% das exportações mensais (112,8 mil toneladas, US$ 585 milhões).
Do lado da oferta, concorrentes enfrentam limitações: a Austrália e os próprios EUA lidam com ciclos pecuários baixos, com a produção americana no menor nível em 80 anos. Isso abre espaço para o Brasil, que complementa a escassez norte-americana com cortes de menor valor, como a parte dianteira do boi, usada em hambúrgueres. No entanto, as tarifas elevaram o custo efetivo para 76,4% (somando à taxa pré-existente de 26,4%), inviabilizando volumes maiores. Em agosto, as vendas para os EUA caíram para 9-10 mil toneladas, contra picos anteriores.
Discussões em redes sociais e veículos especializados, como postagens da GloboNews e da Folha de S.Paulo, destacam o “efeito dominó”: Paraguai e Argentina aumentaram vendas aos EUA, recorrendo ao Brasil para suprir seus mercados internos. Isso sugere uma triangulação indireta, embora o setor negue práticas de evasão tarifária. A Abiec estima perda de US$ 1 bilhão em vendas potenciais aos EUA, mas a realocação para Ásia e África mitiga o impacto, com foco em países de população em expansão.
Desafios e perspectivas: Negociações e sustentabilidade
O governo brasileiro, por meio do MDIC e do Mapa, continua negociações com Washington para rever as tarifas, argumentando que elas violam acordos bilaterais. Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projetam crescimento de 6,2% no setor pecuário em 2025, atingindo R$ 453,3 bilhões. No entanto, analistas alertam para riscos de inflação nos EUA – preços da carne subiram 7,3% e do café, 3,1% em agosto –, o que pode pressionar por recuos tarifários.
Para o Brasil, o foco é na diversificação: a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu o país como livre de febre aftosa sem vacinação, abrindo portas para mercados premium.
Empresas como JBS, Marfrig e Minerva, líderes em exportações, beneficiam-se dessa agenda. No mercado interno, o consumo per capita deve superar 30 kg/ano, estimulado pela renda gerada pelas vendas externas. Em síntese, o setor de carnes bovinas exemplifica a adaptabilidade do agro brasileiro, transformando um revés comercial em oportunidade global.
Com 437 novos mercados abertos sob o governo Lula, o país avança rumo a um superávit recorde, gerando empregos e divisas em uma cadeia que emprega 7 milhões de pessoas.
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Com informações da Veja