Exportações brasileiras para os EUA atingem recorde em julho de 2025, apesar de tarifas
Crescimento de 4,2% reflete antecipação de embarques antes da sobretaxa de 50%, mas setores como açúcar e celulose já sentem impactos
As exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram um marco histórico entre janeiro e julho de 2025, totalizando US$ 23,7 bilhões, um crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado, destacado pela edição especial do Monitor do Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Amcham Brasil, consolida os EUA como um dos principais destinos comerciais do Brasil, mesmo em um cenário de incertezas com a imposição de tarifas pelo governo americano.
O aumento das exportações foi impulsionado por uma estratégia de antecipação de embarques, especialmente em julho, antes da entrada em vigor da sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump para agosto.
Recorde em julho e superávit americano
Em julho, as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 3,7 bilhões, um aumento de 3,8% em relação ao mesmo mês de 2024, marcando um recorde para o período. O volume embarcado cresceu 7,3%, evidenciando a antecipação de vendas para evitar os impactos das novas tarifas, que passaram de 10% em julho para 50% a partir de 6 de agosto.
Por outro lado, as importações brasileiras de produtos americanos também cresceram, alcançando US$ 4,3 bilhões em julho, um aumento de 18,2% e o segundo maior valor da década. No acumulado do ano, as importações somaram US$ 26 bilhões, alta de 12,6%, resultando em um superávit comercial para os EUA de US$ 2,3 bilhões, um salto de 607,9% em relação a 2024. “As exportações brasileiras para os EUA seguem resilientes e em trajetória de crescimento até julho. Nosso compromisso é seguir trabalhando de forma coordenada com os dois governos para preservar esse comércio, que impulsiona empregos e oportunidades em ambos os países, sobretudo diante dos desafios adicionais que o aumento das tarifas trará daqui para frente”, declarou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
Setores em alta e os impactos das tarifas
Entre os dez principais produtos exportados em julho, seis registraram crescimento significativo. Destaque para aeronaves (+159%), ferro-gusa (+62,5%), cal e cimento (+46,3%), petróleo (+39,9%) e suco de frutas (+32,2%).
No acumulado do ano, os maiores avanços vieram de carne bovina (+118,1%), sucos de frutas (+61,7%), café (+34,6%) e aeronaves (+31,7%). Esses números reforçam a força de setores estratégicos brasileiros no mercado americano, especialmente a indústria da transformação, que representou 78,3% das exportações em 2024.
No entanto, alguns setores já enfrentam dificuldades devido às tarifas e à concorrência internacional. A celulose registrou queda de 14,8%, pressionada por produtos canadenses, enquanto óleos de petróleo caíram 18%, equipamentos de engenharia recuaram 20,8% e semi-acabados de ferro ou aço tiveram redução de 8%, com uma queda drástica de 64% apenas em julho. O açúcar, um dos produtos mais afetados pela tarifa de 50%, viu seu valor exportado despencar 49,6% e o volume recuar 51,7% desde o início de agosto.
Contexto global e tensões políticas
Enquanto o déficit comercial global dos EUA cresceu 27,8% no primeiro semestre de 2025, o Brasil permanece entre os poucos países com os quais os americanos mantêm superávit, ocupando a quinta posição no ranking, com um aumento de 57,9% em relação a 2024. Contudo, a redução de 8,3% no déficit americano em junho pode indicar os primeiros efeitos das tarifas impostas.
As novas tarifas, implementadas pelo governo de Donald Trump diligenciada a partir de agosto, geraram tensões políticas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu às ameaças de Trump, afirmando que, se confirmadas, as tarifas seriam retaliadas: “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos”, declarou Lula.
A justificativa de Trump para as tarifas inclui alegações de “censura e repressão política” no Brasil, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma “caça às bruxas”.
Apesar de quase 700 produtos brasileiros terem sido isentos da tarifa de 50%, itens cruciais como café e açúcar não escaparam, o que pode impactar setores estratégicos. A Amcham Brasil e a U.S. Chamber pediram diálogo de alto nível entre os governos para evitar a escalada das tensões comerciais.
Perspectivas para 2025
Apesar dos desafios, a Amcham Brasil projeta um fluxo comercial robusto para 2025, apoiada por previsões de crescimento do comércio global (+3%, segundo a OMC) e do PIB dos EUA (+2,8%) e do Brasil (+2%, segundo o FMI). Abrão Neto destaca a solidez da relação bilateral: “O relacionamento entre Brasil e Estados Unidos é sólido e pragmático. Eventuais divergências podem ser resolvidas por meio do diálogo”.
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O recorde nas exportações brasileiras para os EUA em 2025 demonstra a resiliência do comércio bilateral, mas as novas tarifas americanas trazem incertezas. Como o Brasil pode responder a esse cenário? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo para ampliar o debate!
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