Ex-vice-presidente da Americanas fecha quarta delação premiada no escândalo de fraudes
Revelações de Márcio Cruz expõem a dinâmica interna de manipulações contábeis e apontam Miguel Gutierrez como figura central – o que isso significa para o caso?
Em um desdobramento que aprofunda as investigações sobre o maior escândalo contábil da história recente do varejo brasileiro, o ex-vice-presidente Márcio Cruz Meirelles firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), tornando-se o quarto executivo da Americanas a colaborar com as autoridades.
A delação, homologada recentemente, corrobora e adiciona detalhes às denúncias já apresentadas por Flávia Carneiro, Fábio Abrate e Marcelo Nunes, ex-diretores da companhia, e reforça o foco nas figuras de Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Anna Saicali, ex-CEO da B2W, como os principais responsáveis pelo esquema de fraudes que resultou em desvios estimados em R$ 25 bilhões.
Segundo relatos obtidos por veículos como O Globo e Valor Econômico, Cruz descreveu uma estrutura hierárquica rígida dentro da empresa, onde as decisões sobre os “ajustes” nos balanços patrimoniais passavam inexoravelmente pela aprovação de Gutierrez. Em depoimento, o delator afirmou: **_“A palavra final era do Miguel. (...) Quando (as propostas) não estavam de acordo com o que o Miguel achava, a gente acabava mudando para ajustar ao que ele achava. (...) Ele era a última palavra ali na estrutura.”_.
Essa dinâmica, segundo ele, permitia a manipulação sistemática de resultados financeiros, com números “ajustados” sendo apresentados ao conselho de administração e ao acionista de referência, o bilionário Beto Sicupira.
Cruz detalhou ainda que **_“A visão do conselho era a visão do número já ajustado, que era o número que ia pro conselho e pro mercado também. (...) Todas as informações que a gente gerava que iam para o conselho ou para o acionista de referência (Beto Sicupira), iam ajustadas.”_
Essas revelações, que serão incorporadas à denúncia criminal já oferecida pelo MPF contra 13 ex-executivos da companhia em abril deste ano, pintam um quadro de governança fragilizada, onde prejuízos eram mascarados para inflar artificialmente o valor das ações no mercado.
O esquema veio à tona em janeiro de 2023, quando a Americanas anunciou um rombo contábil de R$ 20 bilhões (valor posteriormente revisado para R$ 25 bilhões), levando a companhia a entrar em recuperação judicial. As fraudes envolviam operações de “risco sacado” – empréstimos bancários não declarados – e manipulações em fornecedores, práticas que Gutierrez e Saicali teriam orquestrado para sustentar uma ilusão de crescimento sustentável. A delação de Cruz, em particular, destaca o papel de Saicali como “número dois” na hierarquia das irregularidades, integrando as operações da B2W (atual Americanas S.A.) ao conluio.
Enquanto as investigações prosseguem, com a Polícia Federal e o MPF avançando em bloqueios de bens e possíveis prisões, Cruz segue uma trajetória pessoal contrastante. Em 2021, no auge das fraudes, ele utilizou parte de seu bônus milionário para adquirir uma mansão de 1,6 mil metros quadrados no Jardim Pernambuco, enclave nobre do Leblon, no Rio de Janeiro, por R$ 32,5 milhões à vista. Atualmente, conforme seu perfil no LinkedIn, o ex-executivo está cursando um MBA em Agronegócios pela USP, com o objetivo declarado de “expandir conhecimentos” na área rural.
Essa nova colaboração pode acelerar o julgamento dos envolvidos, especialmente Gutierrez, que reside nos Estados Unidos e tem se recusado a retornar ao Brasil para depor. Analistas do mercado financeiro veem na delação um passo crucial para a recuperação da Americanas, que negocia um plano de reestruturação com credores. No entanto, o caso continua a reverberar no Congresso Nacional, com discussões sobre reformas na regulação contábil e maior transparência em empresas de capital aberto.
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