Estudo revela potencial para cobalto em depósitos de manganês no Brasil e África
Objetivo é analisar as características geoquímicas desses depósitos e avaliar o potencial de cobalto como subproduto, metal importante para indústria e transição energética
Artigo publicado na revista Geoscience Frontiers investiga o enriquecimento de cobalto em depósitos de manganês de idade Paleoproterozoica - entre 2,2 bilhões e 2 bilhões de anos - encontrados na África e no Brasil. O objetivo principal é entender as características geoquímicas desses depósitos e avaliar seu potencial como uma nova fonte de cobalto, um metal valioso utilizado em diversas indústrias.
O artigo Cobalt enrichment in Paleoproterozoic African and Brazilian manganese deposits - ScienceDirect é de autoria do geólogo Evilarde Uchôa, do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Esse é o primeiro produto do doutorado do pesquisador, que está em andamento no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). O trabalho contou com apoio da Society of Economic Geologists (SEG) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os resultados indicam que esses depósitos apresentam concentrações anômalas de cobalto, que sugere um grande potencial para a recuperação desse metal como subproduto, o que pode ser economicamente vantajoso e contribuir para a redução da dependência da mineração convencional de cobalto.
Metodologia utilizada
Para realizar o estudo, foi utilizada a Análise de Componentes Principais (PCA) – técnica de modelagem geoquímica que ajuda a identificar padrões e variáveis relevantes nos dados. A PCA permitiu compreender a distribuição do cobalto e de outros metais, como cobre, níquel e vanádio, nesses depósitos de manganês.
Outro ponto abordado na pesquisa é a formação desses depósitos ao longo da história geológica. O estudo destaca o papel das cianobactérias, oxigenação da atmosfera primitiva e mudanças nas condições químicas dos oceanos que influenciaram o ciclo do manganês, com enriquecimento de cobalto nos depósitos.
Acesse aqui o artigo completo.
Contexto
O cobalto é um mineral crítico essencial para tecnologias verdes e baterias
60% das reservas mundiais estão na República Democrática do Congo
Busca-se fontes alternativas para diversificar o fornecimento
Metodologia
Análise de 236 amostras de 8 depósitos principais de manganês no Brasil e África
Uso de Análise de Componentes Principais (PCA) para modelagem geoquímica
Análise de Fator de Enriquecimento (EF) para elementos maiores e traços
Principais Descobertas
Teores de Cobalto:
Média: 223 ppm
Máximo: 1236 ppm
Valores comparáveis a outros depósitos importantes como:
Nódulos polimetálicos
Depósitos magmáticos Ni-Co
Depósitos lateríticos
Padrões de Enriquecimento:
Forte correlação positiva entre cobalto e manganês
Enriquecimento ligado ao ciclo redox do manganês
Maior concentração em rochas:
Carbonato-manganesíferas
Silicato-manganesíferas
Carbonato-silicáticas manganesíferas
Processo de Formação:
Ocorre durante transgressões marinhas no Paleoproterozoico
Envolvimento de processos microbianos na redução de sulfatos
Influência de componentes detríticos e fases sulfetadas
Conclusões Principais
Os depósitos estudados apresentam teores comparáveis a outras fontes importantes de cobalto
O enriquecimento está relacionado principalmente ao ciclo redox do manganês em ambientes marinhos antigos
Representa uma potencial fonte alternativa de cobalto, especialmente importante considerando:
Crescente demanda global
Necessidade de diversificação de fontes
Aplicações em baterias e armazenamento de energia
Implicações Práticas
Possibilidade de exploração de cobalto como subproduto em depósitos de manganês antigos
Potencial para diversificação das fontes de cobalto
Relevância para a indústria de baterias e tecnologias verdes
Este estudo oferece uma nova perspectiva sobre fontes alternativas de cobalto, contribuindo para a discussão sobre a segurança do fornecimento deste metal crítico para a transição energética global.