Estudo inédito expõe plataformas da Meta como foco de golpes que exploram famílias de baixa renda no Brasil
Anúncios fraudulentos no Facebook, Instagram e WhatsApp visam beneficiários do Bolsa Família e BPC, revelando um modelo de negócios que lucra com a vulnerabilidade digital de milhões de brasileiros
Em um cenário onde a dependência de redes sociais se entrelaça com as fragilidades econômicas do país, um estudo pioneiro lança luz sobre como o ecossistema da Meta – dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – se transformou em um terreno propício para fraudes financeiras que atingem especialmente as camadas mais vulneráveis da sociedade. Divulgado nesta quinta-feira, 6 de novembro de 2025, o relatório Fraude, IA e Dinheiro Falso: Como a Meta Lucra Bilhões com Golpes e Exploração de Famílias Carentes no Brasil, conduzido pelo Projeto Brief, uma plataforma dedicada a fortalecer a comunicação progressista, mapeia um ecossistema de anúncios maliciosos que não só tolera, mas se beneficia da exploração de usuários desprotegidos.
A investigação, parte da iniciativa Quem Paga a Banda, que aprofunda temas como financiamento de campanhas e redes de influência, analisou 16 mil anúncios ativos na Biblioteca de Anúncios da Meta em setembro de 2025. Após eliminar duplicatas e variações, o foco recaiu sobre 1.205 peças únicas contendo a palavra “empréstimo”, com um nível de confiança de 95% e margem de erro de 5%. Os resultados são alarmantes: 52% desses anúncios apresentavam indícios de fraude, enquanto 9% foram confirmados como golpes deliberados. A maioria se concentra em promessas de créditos consignados e empréstimos facilitados, direcionados a públicos específicos como aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), trabalhadores com carteira assinada (CLT) e beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Esses golpes não surgem por falhas isoladas, mas por um design estrutural das plataformas que prioriza o lucro sobre a segurança. Como destacado no relatório, “os anúncios fraudulentos não driblam o sistema — se aproveitam de como ele foi desenhado”.
Em 2024, 97,6% da receita global da Meta proveniu de publicidade, um modelo que cobra por cliques independentemente de sua legitimidade. Anúncios suspeitos permanecem ativos por semanas, mesmo após denúncias, graças a um processo de moderação automatizado que aprova conteúdos em alta velocidade, transferindo a responsabilidade para os anunciantes. Quando removidos, os golpistas reaparecem com novos perfis, CNPJs fictícios e variações sutis, explorando a segmentação precisa para atingir usuários com baixa literacia digital.
Os mecanismos empregados são sofisticados e exploram narrativas emocionais. Deepfakes – imagens e vídeos gerados por inteligência artificial – simulam rostos confiáveis, enquanto páginas falsas incorporam logotipos de bancos reais, como o C6 Bank e o Nubank, em segundo plano para conferir credibilidade. Mensagens como “empréstimos com garantia de veículo” ou “parcelas em até 36x, sem burocracia” apelam ao desespero de quem luta para equilibrar as contas, prometendo “liberação imediata” ou “última chance”. Ao clicar, o usuário é redirecionado para conversas no WhatsApp, onde dados pessoais são solicitados e pagamentos antecipados – via PIX ou boletos falsos – selam o prejuízo. Muitos se passam por “escritórios de advocacia” inexistentes, sem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O impacto recai desproporcionalmente sobre famílias de baixa renda. Pesquisas complementares, como o levantamento Febraban/Datafolha (2024), estimam que 56 milhões de brasileiros – equivalentes a 33,4% da população adulta – foram vítimas de fraudes digitais no último ano, com perdas totais superiores a R$ 40 bilhões. Desse montante, R$ 28,8 bilhões vieram de golpes via PIX e boletos falsos, e R$ 13 bilhões de compras não entregues. No contexto da Meta, buscas por termos como “Bolsa Família” revelam anúncios fraudulentos que prometem “benefícios extras”, “cartões de crédito especiais” ou “antecipações inexistentes”, explorando a confiança em programas oficiais do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. Esses esquemas não só drenam recursos essenciais, mas agravam a insegurança financeira, perpetuando ciclos de pobreza em um país onde 24% dos adultos acima de 16 anos já foram alvos de tentativas de golpe, conforme dados recentes da Agência Lupa.
A pesquisa adota uma abordagem mista, combinando métodos qualitativos – como análise de padrões de linguagem e perfis de anunciantes com poucos seguidores e links não verificados – e quantitativos, mapeando redirecionamentos suspeitos. Ela enfatiza a urgência de regulamentações mais rigorosas, inspiradas no Digital Services Act (DSA) da União Europeia, que impõe deveres de diligência às big techs. No Brasil, sem medidas semelhantes, as plataformas continuam atuando como cúmplices involuntárias – ou nem tanto – de um ecossistema que ameaça a economia e a segurança digital de milhões.
Sobre o Projeto Brief
O Projeto Brief é uma iniciativa dedicada a compartilhar inteligência em comunicação, aprimorando narrativas progressistas por meio de mapeamento de estratégias midiáticas, monitoramento de investimentos em anúncios pagos e acesso democratizado a pesquisas em comunicação e psicologia social. Sua missão é capacitar atores progressistas para uma atuação mais assertiva no cenário político, reconhecendo que a comunicação online – das notificações no WhatsApp às batalhas de hashtags – molda os rumos do Brasil. Como afirma a plataforma, “entender melhor o jogo nos deixa um pouco mais perto de vencê-lo”.
Esse estudo não é apenas um alerta técnico, mas um chamado à ação coletiva. Em um país onde a vulnerabilidade digital se sobrepõe à desigualdade social, compreender esses mecanismos é o primeiro passo para desmantelá-los e proteger quem mais precisa.
O que você acha dessa realidade? Já foi vítima ou conhece alguém afetado por esses golpes? Comente abaixo sua opinião e compartilhe este artigo para alertar amigos e familiares – juntos, podemos pressionar por mudanças reais!
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