Escândalo no TJMS: Juiz recebeu R$ 1,1 milhão de golpe milionário, revela investigação da PF
Esposa do magistrado teria aplicado golpe de R$ 5,5 milhões em aposentado de Petrópolis; investigação da Operação Ultima Ratio revela rede de corrupção envolvendo membros do Judiciário do MS
A Polícia Federal revelou um novo capítulo no escândalo que abala o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). Segundo investigações da Operação Ultima Ratio, o juiz aposentado Aldo Ferreira da Silva Júnior recebeu R$ 1,1 milhão proveniente de um golpe milionário aplicado por sua esposa, a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, contra um aposentado de Petrópolis (RJ). As informações são do blog OJacaré.
De acordo com o inquérito policial, do montante total de R$ 5,5 milhões obtidos fraudulentamente, metade foi transferida para o magistrado: R$ 550 mil diretamente para sua conta pessoal e outros R$ 550 mil para sua empresa, a Mana Agropecuária. As transferências ocorreram apenas dois dias após o saque fraudulento, realizado em 20 de junho de 2018.
A investigação descobriu uma intrincada rede de beneficiários do golpe. Além do juiz Aldo Ferreira, foram identificadas transferências de R$ 275 mil para uma empresa do advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do recém-eleito presidente do TJMS, e R$ 105 mil para o advogado Fábio Castro Leandro, filho de um desembargador aposentado.
O caso ganhou nova dimensão após a PF identificar uma antiga conta conjunta entre o juiz Aldo Ferreira e o juiz Paulo Afonso de Oliveira, que autorizou o saque fraudulento. A conta foi mantida entre 2003 e 2006, contradizendo declarações anteriores que negavam relações entre os magistrados.
Linha do Tempo da Operação Ultima Ratio
2021-2023
Início das investigações pela Polícia Federal
Coleta de provas e monitoramento de suspeitos durante três anos
20 de junho de 2018
Realização do golpe contra aposentado de Petrópolis
Saque fraudulento de R$ 5,5 milhões autorizado pelo juiz Paulo Afonso de Oliveira
22 de junho de 2018
Transferência de R$ 1,1 milhão para o juiz Aldo Ferreira
Distribuição de valores para outros beneficiários
24 de outubro de 2024
Deflagração da Operação Ultima Ratio
Cumprimento de 44 mandados de busca e apreensão
Afastamento de membros da cúpula do TJMS pelo STJ
Apreensão de aproximadamente R$ 4 milhões em dinheiro vivo
Novembro de 2024
Revelação das conexões financeiras entre os envolvidos
Identificação do destino dos recursos do golpe
Ampliação das investigações sobre venda de sentenças
A Operação Ultima Ratio revelou um esquema complexo de corrupção no Judiciário sul-mato-grossense, envolvendo venda de sentenças, favorecimentos e movimentações financeiras suspeitas. O caso continua em investigação pela Polícia Federal, com possibilidade de novas fases e desdobramentos.
O juiz Aldo Ferreira já é réu em três ações penais e responde a processos por improbidade administrativa decorrentes da Operação Espada da Justiça. O caso segue sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.