Escândalo nas Americanas: “toda a empresa sabia”, revela delator em depoimento explosivo
Ex-diretor aponta conivência generalizada e detalha como bancos ajudaram a esconder fraude bilionária
Um depoimento bombástico do ex-diretor financeiro da Americanas, Fábio Abrate, trouxe à tona detalhes estarrecedores sobre a fraude contábil que abalou o mercado brasileiro. Em colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF), Abrate afirmou que a manipulação dos balanços da varejista era um segredo aberto dentro da companhia: “Toda a empresa sabia. A operação era muito grande”.
A declaração, prestada ao procurador Paulo Sérgio Ferreira Filho, expõe a dimensão de um esquema que envolveu as áreas financeira e comercial da Americanas e até grandes bancos, como Itaú e Santander, acusados de participar da omissão de informações cruciais.
Abrate, que não foi denunciado graças à sua cooperação com as autoridades, revelou que a fraude, inicialmente pequena, cresceu a ponto de se tornar insustentável. “Ela começa pequena e chega num nível que a área financeira inteira sabia do risco sacado, a área comercial inteira sabia do risco sacado”, confessou. O “risco sacado” mencionado por ele é um mecanismo financeiro em que bancos abrem linhas de crédito para fornecedores receberem antecipadamente, com a varejista assumindo a dívida posteriormente. O problema? Esses valores, que alcançaram bilhões de reais, eram sistematicamente omitidos dos balanços auditados, criando uma ilusão de saúde financeira que enganou investidores e o mercado.
Questionado pelo procurador se tinha ciência de que os balanços não refletiam a realidade da empresa, Abrate foi categórico: “Eu sabia, mas qual era a minha percepção? Eu não sei sozinho. Ou seja, todos sabem”. A resposta sugere uma cultura de conivência que permeava a Americanas, com o conhecimento da fraude sendo compartilhado entre diversos setores. Segundo o delator, até os bancos envolvidos tinham plena consciência do que estava acontecendo, mas aderiram ao esquema por interesse econômico.
Ele detalhou como negociava diretamente com Itaú e Santander para que as cartas de circularização – documentos enviados às auditorias – excluíssem menções ao risco sacado, garantindo que a fraude permanecesse encoberta.
A colaboração de Abrate é uma peça-chave na acusação do MPF contra ex-dirigentes da Americanas, como o ex-CEO Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, ex-responsável pelo braço digital do grupo. Junto a outros delatores, como Marcelo Nunes e Flávia Carneiro, ele escapou de denúncias ao optar por revelar os bastidores do esquema. A investigação aponta que a manipulação contábil gerou um rombo estimado em dezenas de bilhões de reais, com consequências devastadoras para acionistas e credores após o escândalo vir à tona.
O envolvimento de grandes instituições financeiras, como Itaú e Santander, adiciona uma camada de gravidade ao caso. Abrate afirmou que os bancos sabiam das cifras omitidas e aceitavam participar porque temiam perder as operações lucrativas com a Americanas caso se recusassem a colaborar. “A operação era muito grande”, reiterou, destacando a escala do esquema que, segundo ele, tornou-se impossível de esconder com o tempo.
O depoimento reforça a tese de que a fraude não foi obra de um pequeno grupo isolado, mas sim uma prática institucionalizada que contou com a anuência de diversos atores dentro e fora da companhia. As revelações de Abrate prometem alimentar ainda mais as investigações em curso e podem pressionar as autoridades a ampliar o escopo das apurações, especialmente no que diz respeito à responsabilidade dos bancos no escândalo.
Enquanto o caso segue sob análise do MPF e da Polícia Federal, o mercado financeiro permanece em alerta. O colapso da Americanas, que já foi um símbolo do varejo brasileiro, levanta questões sobre a eficácia das auditorias e a transparência das grandes empresas no país. Até onde ia o conhecimento da fraude? Quem mais será implicado? As respostas, por ora, seguem nas sombras – mas o depoimento de Fábio Abrate acende uma luz incômoda sobre os bastidores de um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil.
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