Escândalo Criptogate: Comissão investigadora cita Karina Milei para depoimento no Congresso argentino
Investigação sobre supostos lucros com criptomoeda ganha novo fôlego e pressiona o governo de Javier Milei, com possibilidade de intervenção judicial em caso de ausência
O governo do presidente argentino Javier Milei enfrenta mais um revés em meio a uma série de controvérsias políticas e econômicas. Além da recente derrota eleitoral na província de Buenos Aires e do escândalo de propinas na Agência Nacional de Deficiência, a investigação conhecida como "Criptogate" foi reativada. Essa apuração envolve alegações de irregularidades na promoção de uma criptomoeda chamada $LIBRA, promovida pelo próprio Milei em suas redes sociais em 14 de fevereiro de 2025, o que resultou em perdas estimadas em milhões de dólares para investidores.
A comissão investigadora no Congresso argentino, que o oficialismo tentou paralisar, decidiu avançar com uma medida de alto impacto: citar Karina Milei, irmã do presidente e secretária geral da Presidência, para prestar depoimento. As datas propostas são 23 e 30 de setembro de 2025. Caso ela não compareça, a comissão poderá recorrer à Justiça para garantir sua presença por meio da força pública. A investigação suspeita que Karina Milei tenha coordenado reuniões entre o presidente e promotores da criptomoeda, possivelmente recebendo pagamentos em troca da divulgação do token.
De acordo com fontes judiciais e parlamentares, a juíza federal María Servini ativou uma investigação patrimonial sobre Javier e Karina Milei em maio de 2025, solicitando relatórios bancários e fiscais. Em junho, o fiscal Eduardo Taiano pediu perícias nos celulares dos irmãos Milei para analisar comunicações relacionadas ao caso.
A criptomoeda $LIBRA, supostamente criada por empresários como Mauricio Novelli, foi promovida por Milei como uma oportunidade de investimento, mas colapsou rapidamente, levando a denúncias de estafa. Um artigo do The New York Times, publicado em fevereiro de 2025, destacou que a promoção resultou em perdas de cerca de 250 milhões de dólares para investidores.
Na sessão recente da comissão, presidida por Maximiliano Ferraro (da Coalición Cívica), deputados da oposição expressaram frustração com a falta de cooperação do governo. Dois funcionários convocados na primeira rodada não compareceram: Alejandro Melik, titular da Oficina Anticorrupção (OA), e María Florencia Zicavo, ex-titular da Unidade Técnica de Investigação (UTI) Libra, criada pelo próprio governo para autoinvestigação, mas que nunca entregou um relatório final.
Juan Marino, secretário da comissão e deputado da Unión por la Patria, foi o primeiro a exigir que a citação fosse marcada com antecedência: “Se não puder nessas duas datas, que nos faça uma contraproposta”, pediu. Mónica Frade, também da oposição, propôs flexibilidade: “As autoridades da comissão se constituam na Casa Rosada e tomem declaração no dia e hora que ela puder”. Já a deputada Sabrina Selva mostrou irritação com as demoras: “Nos encantaria ir buscar com um carro de polícia a secretária geral da Presidência para que, de uma vez, dê a cara e explique, mas não é a faculdade que nos estamos arrogando”.
O oficialismo e aliados, incluindo PRO e UCR, ausentaram-se da reunião. Chamou atenção a presença da deputada saltenha Yolanda Vega, do Inovação Federal, um dia após o governador Gustavo Sáenz criticar duramente o governo nacional. Paralelamente, a oposição enviou um pedido formal ao ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, para que instrua os funcionários citados a comparecerem. Caso contrário, poderá ser acionado o mesmo mecanismo previsto para Karina Milei.
Luis Villanueva, ex-subsecretário de Planejamento de Políticas de Transparência da OA, foi o único a depor até agora. Ele criticou o papel da OA: “O rol da OA não foi o que devia ter sido. Não analisou questões que eram muito claras e não se tomou nem uma só declaração testemunhal, quando a OA está facultada para fazê-lo”. Sobre a promoção de Milei, Villanueva afirmou: “Foi uma ação de promoção, não de difusão. Estão dadas as provas de uma negociação incompatível com a função pública”.
José Mazzoni, criador e primeiro titular da OA, enviou um escrito questionando o presidente: “Não atuou como pessoa privada, senão em caráter de presidente da República, o que o fez indubitavelmente público e com consequências penais. Não há qualificativo para a confusão entre o público e o privado em quem ocupa a máxima hierarquia do Estado”.
Melik e Zicavo justificaram ausências por escrito, alegando duplicidade com a causa penal e confidencialidade, mas a comissão rejeitou os argumentos. A deputada Frade rebateu: “O direito de defesa está garantido”, e criticou Melik: “Não deveria estar um minuto mais em seu cargo de titular da Oficina Anticorrupção enquanto encobre um presumido fato de corrupção”.
A oposição avalia que os citados buscam respaldo judicial para se eximirem. A deputada Julia Estrada explicou a relevância: “Definiram uma investigação em que puseram a mão direita de Cúneo Libarona à frente da unidade criada por decreto para autoinvestigarem-se. Resolveram absolver o presidente e Sergio Morales e nunca pudemos conhecer as conclusões”.
Essa investigação patrimonial e parlamentar ocorre em um contexto de crescente pressão sobre o governo Milei, com buscas em redes sociais revelando denúncias de empresários que acusam Karina de cobrar "tarifas" por acesso ao presidente. A comissão propôs até se deslocar à Casa Rosada para facilitar o depoimento, sinalizando boa vontade, mas alertando para consequências judiciais em caso de nova ausência.
O caso Criptogate destaca tensões entre poderes na Argentina, com implicações para a imagem de transparência do governo. Até o momento, não há condenações, mas as perícias e citações indicam que a apuração continua ativa.
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