Entenda o afastamento de Rodrigo Manga, o 'prefeito tiktoker' de Sorocaba, acusado de receber propina na conta da esposa
Fernando Neto (PSD) assume temporariamente o cargo; Operação da PF aponta esquema milionário envolvendo aliados e recursos públicos
Em uma decisão que abalou a política local, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) foi afastado do cargo por 180 dias nesta quinta-feira (6) pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), atendendo a pedido da Polícia Federal (PF). A medida, preventiva e temporária, visa preservar a integridade de uma investigação sobre supostos desvios de recursos públicos na área da saúde, desdobramento da Operação Copia e Cola, deflagrada em abril deste ano. Durante o período, o vice-prefeito Fernando Neto (PSD) assume a administração municipal, prometendo continuidade nos serviços essenciais.
A operação, que começou como uma ação para desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudes em contratos gerenciados por uma Organização Social (OS), ganhou nova fase com foco em irregularidades que remontam a 2021. De acordo com a PF, os investigadores identificaram indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e propinas, envolvendo pessoas físicas e jurídicas ligadas à gestão municipal. Nesta quinta, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e medidas como o sequestro de bens no valor de R$ 6,5 milhões. Dois suspeitos foram detidos: o empresário Marco Silva Mott, amigo próximo de Manga e apontado como lobista em contratos da prefeitura, e o pastor Josivaldo Batista de Souza, casado com a irmã da primeira-dama, Sirlange Frate Maganhato.
O processo tramita em segredo de Justiça, o que limita detalhes públicos, mas fontes da PF destacam evidências como depósitos em espécie superiores a R$ 200 mil na conta da esposa de Manga, supostamente ligados a Mott. A Justiça também impôs restrições ao prefeito afastado, proibindo-o de frequentar as dependências da Prefeitura e da Câmara Municipal de Sorocaba, além de vedar contatos com servidores, vereadores e secretários. Manga, no entanto, continuará recebendo sua remuneração mensal, conforme regra geral para afastamentos preventivos

Contexto da investigação e reações locais
A Operação Copia e Cola surgiu para combater o que a PF descreve como um “esquema de cópia e colagem” em licitações e contratos de saúde, com desvios por meio da OS Aceni. A primeira fase, em abril, resultou em prisões e apreensões iniciais, e os novos elementos identificados apontam para a participação de Manga em decisões que facilitaram as irregularidades.
O valor bloqueado – R$ 6,5 milhões – reflete a escala do suposto esquema, que inclui fraudes em convênios e propinas a aliados.
João Paulo Milano, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional Sorocaba, esclareceu o caráter da medida em entrevista. “Em geral, a medida tem como objetivo garantir a integridade das investigações, evitando que o agente público exerça influência sobre provas, testemunhas ou documentos. Durante esse período, o vice-prefeito assume a administração pública. O andamento do caso dependerá de novas diligências da Polícia Federal, manifestações do Ministério Público Federal e, naturalmente, das decisões da Justiça Federal”, explicou o jurista.
Milano enfatizou que o afastamento não equivale a perda de mandato e pode ser revogado a qualquer momento, dependendo do progresso das apurações. Sobre restrições adicionais, como o uso de redes sociais, ele recomendou cautela: “A manifestação pública sobre fatos que estejam sob sigilo de Justiça pode caracterizar violação do segredo ou tentativa de influenciar a opinião pública sobre o processo. Nesses casos, é importante que o agente público adote moderação e mantenha silêncio durante a vigência da medida cautelar”.
Rodrigo Manga, conhecido nacionalmente como o “prefeito tiktoker” por sua presença ativa nas redes sociais – onde acumula milhões de seguidores com conteúdos sobre gestão e política conservadora –, reagiu rapidamente ao afastamento em postagens no Instagram. “Acredite se quiser, me afastaram do cargo de prefeito. Eu aqui em Brasília, ontem eu fui em frente o Palácio da Justiça, falei que tem que colocar o Exército na rua, rodei o congresso, os deputados me receberam super bem, falando: ‘Manga, cuidado, está aparecendo muito, estão tentando aí. O que a gente ouve de bastidores é que os caras tentam tirar do jogo qualquer um que ameaça a candidatura deles e você tem sido uma ameaça, tanto na questão do Senado, como em outros cargos.’ Gente, não deu outra”, escreveu o prefeito, sugerindo perseguição política.
Manga, evangélico e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem sido cotado para cargos maiores, como o Senado, o que amplifica as especulações sobre motivações eleitorais.
A defesa do prefeito, representada pelo escritório Bialski Advogados Associados, contestou veementemente a decisão. Em nota, afirmou que a investigação é “completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente”, alegando perseguição política e ausência de provas concretas. “Além disso, é fruto de perseguição política, não havendo nada de concreto a relacionar o prefeito nesse inquérito policial. Ademais, indiscutivelmente temerário o afastamento do prefeito baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas. Os supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra a ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo Municipal”. A equipe jurídica promete recorrer e reafirma confiança na reversão da medida.
Para o empresário Marco Mott, a defesa destacou que a prisão é baseada em “conjecturas e suposições da polícia judiciária”, e que ele sempre se colocou à disposição das autoridades. “A defesa irá esclarecer os equívocos. Além disso, trata-se de medida desnecessária, pois, nosso cliente sempre esteve à disposição das autoridades e já prestou esclarecimentos iniciais. Desse modo, traremos esses pontos ao tribunal que poderá compreender melhor os fatos”.
Impacto na cidade e repercussões políticas
Em Sorocaba, terceira maior economia do interior paulista, o afastamento gerou perplexidade entre moradores e classe política. Fernando Neto, agora no comando interino, emitiu nota oficial garantindo a normalidade dos serviços e prometendo transparência total. A Câmara Municipal, por sua vez, monitora o caso, com vereadores de oposição cobrando auditorias urgentes nos contratos de saúde.
Nas redes sociais, as reações foram polarizadas. Enquanto apoiadores de Manga ecoam a narrativa de “perseguição bolsonarista”, críticos, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), ironizaram: “A cara do bolsonarismo”, ligando o caso ao estilo de gestão populista via TikTok. Postagens no X (antigo Twitter) viralizaram imagens de apreensões e memes sobre o “prefeito tiktoker”, com hashtags como #RodrigoManga e #CorrupcaoEmSorocaba ganhando tração.
Um usuário resumiu o sentimento local: “Sorocaba merece mais que escândalos; é hora de ética na gestão”.
O caso reacende debates sobre responsabilidade em prefeituras, especialmente em gestões midiáticas. Especialistas como Milano alertam que, independentemente do desfecho, a operação reforça a necessidade de reformas em contratações públicas. Enquanto isso, a PF continua diligências, e o TRF-3 pode prorrogar o afastamento ao fim dos 180 dias.
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