Encontro da APAN no Tocantins: Um marco para o audiovisual negro
Iniciativa da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro fortalece redes, combate desigualdades e impulsiona narrativas autênticas no estado
O Encontro Regional da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, realizado no Tocantins, marcou um momento histórico para o setor audiovisual no estado. Em um contexto de desafios estruturais, como a falta de políticas públicas permanentes, escassez de formação técnica e sub-representação de narrativas negras, indígenas e de comunidades tradicionais, a iniciativa se destaca como um espaço de mobilização, articulação e fortalecimento para profissionais negros.
O evento, que reuniu cineastas, roteiristas, produtores e outros agentes do setor, colocou em foco a necessidade de romper com apagamentos históricos e construir redes sólidas para transformar o cenário do audiovisual no Tocantins.
O estado, conhecido por sua rica diversidade cultural – que inclui comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas e afrodescendentes –, ainda enfrenta barreiras significativas para que suas histórias sejam contadas de forma autêntica. Muitas vezes, o Tocantins aparece nas telas por meio de representações estereotipadas, como as paisagens do Jalapão, sem explorar a profundidade de suas questões sociais, culturais e raciais. “Nossa história vai muito além disso. É urgente que nossas narrativas sejam contadas por nós, e que possamos disputar esses espaços de produção e decisão”, destaca Laynara Rafaela, associada da APAN e uma das lideranças à frente da articulação local.
Desafios e avanços no audiovisual tocantinense
Apesar de avanços recentes, impulsionados por políticas emergenciais como a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo, que ampliaram a produção de filmes no estado, a ausência de políticas públicas permanentes ainda limita o desenvolvimento do setor. A falta de infraestrutura, de coletivos organizados e de instituições voltadas ao audiovisual negro agrava o cenário, especialmente para profissionais que enfrentam o que Laynara chama de “dupla marginalização”: ser do Norte e ser negro. Essa realidade restringe o acesso a recursos, formação, redes e circulação de obras.
A formação técnica é um dos gargalos mais evidentes. Muitos profissionais precisam buscar qualificação fora do Tocantins, o que se torna inviável para grande parte da população negra, indígena e de comunidades tradicionais. “O encontro chega para romper com esse ciclo de isolamento. Ele nos tira da invisibilidade e nos fortalece como coletivo, para podermos disputar espaços e construir narrativas nossas”, explica Laynara.
O papel da APAN na transformação do setor
A APAN, fundada em 2016, é uma referência nacional e latino-americana na promoção de equidade racial no audiovisual. Por meio de formações, laboratórios, festivais e ações de incidência política, a associação trabalha para democratizar o acesso aos meios de produção e valorizar narrativas negras. No Tocantins, o Encontro Regional se consolidou como um marco, criando um espaço de troca de experiências, apoio mútuo e planejamento estratégico para que o audiovisual negro no estado ganhe força e visibilidade.
O evento também sinaliza o nascimento de um movimento articulado no Tocantins, com foco na criação de ambientes de suporte e na construção de estratégias coletivas. “O legado que esse encontro deixa é muito potente. Ele mostra que o audiovisual não é um lugar inacessível para nós. Ele é possível, e possível de ser construído de forma coletiva, a partir das nossas histórias e dos nossos territórios”, conclui Laynara.
Um futuro para o audiovisual negro no Tocantins
A mobilização promovida pela APAN no Tocantins não apenas fortalece os profissionais negros, mas também aponta caminhos para a consolidação de políticas públicas que garantam continuidade e sustentabilidade ao setor. Ao romper com o isolamento histórico da região no cenário audiovisual brasileiro, o encontro abre portas para uma nova geração de cineastas, roteiristas e produtores que começam a reescrever a história do cinema no estado – uma história que reflete, de fato, a diversidade e a potência cultural do Tocantins.
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