Empresas fantasma no mercado de carbono: De armarinho de R$ 100 a R$ 40 bilhões em ativos suspeitos
Reportagem aponta que Global Carbon e Golden Green, com capitais inflados de forma repentina, recebem investimentos de fundos geridos pela Reag, alvo de apurações por lavagem de dinheiro
Uma investigação jornalística de Amanda Rossi, no UOL revelou indícios de irregularidades em duas empresas que atuam no mercado de créditos de carbono, com capitais sociais que saltaram bilhões de reais em curtos períodos, sem operações conhecidas no endereço registrado ou reconhecimento no setor. A Global Carbon e a Golden Green concentram investimentos de fundos administrados pela gestora Reag Investimentos, investigada em inquéritos sobre lavagem de dinheiro, e apresentam ligações com a família do banqueiro Daniel Vorcaro, ex-controlador do Banco Master, preso em operação por suspeita de fraudes financeiras.
A Global Carbon, registrada na Avenida Faria Lima, em São Paulo, teve seu capital social elevado de R$ 100 – origem em um pequeno comércio de armarinho criado em 2020 – para R$ 26,6 bilhões. A empresa não opera no endereço cadastrado na Receita Federal e não é conhecida por atores do mercado de carbono, setor vulnerável a fraudes com créditos ambientais fantasmas. A Reag, fundada por João Carlos Mansur, é alvo da Operação Carbono Oculto, que apura lavagem de dinheiro para o PCC por meio de fundos de investimento.“Dados econômico-fiscais demonstram que todo esse patrimônio é uma farsa”, conforme relatório da Receita Federal citado em apurações relacionadas à operação.
O diretor da Global Carbon, Thiago Assumpção, também administra a Multi SP, empresa de Henrique Vorcaro, pai de Daniel Vorcaro. As duas companhias compartilham o mesmo endereço, onde opera a gestora Multipla, que gerencia R$ 19 bilhões de um único cotista em um fundo principal investidor da Global Carbon. Questionada sobre possível controle final pela família Vorcaro, a Multipla alegou sigilo. Daniel Vorcaro, do Banco Master, foi preso em novembro de 2025 na Operação Compliance Zero, que investiga a criação artificial de R$ 12 bilhões em ativos. Ele nega irregularidades e foi solto posteriormente.
A Golden Green segue trajetória similar: criada em 2021 com capital de R$ 500, elevou-se para R$ 13,6 bilhões. Também sem atividade no endereço registrado, próximo à Avenida Paulista, recebeu aportes de fundos da Reag logo após determinação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para encerrar um fundo anterior por investimentos irregulares em créditos ambientais.
Ambas as empresas justificam seus ativos com uma área de cerca de 150 mil hectares em Apuí (AM), equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo. No entanto, a propriedade está em assentamento agroextrativista do Incra, com suspeitas de grilagem. Reportagem da Globo Rural, de dezembro de 2024, indicou que a totalidade da área é pública, conforme análise do Incra.
A Reag afirmou em nota que “Golden Green e Global Carbon são companhias pré-operacionais dedicadas ao desenvolvimento e à futura comercialização de ativos ambientais próprios ou de terceiros”, com ativos “integralizados, auditados e devidamente inventariados”. A gestora não concedeu acesso às auditorias solicitadas. Sobre valoração, citou metodologia da Unesp validada por KPMG, mas ambas as instituições negaram ter avaliado valores econômicos dos ativos.
Levantamento com apoio da Economática identificou 11 fundos da Reag com investimentos diretos ou indiretos nas duas empresas, nove deles sem outros ativos relevantes. A estrutura em cascata (fundos investindo em fundos) dificulta rastreamento de beneficiários finais. Todos são fundos fechados, inacessíveis a investidores comuns. Dados da CVM não esclarecem se esses investimentos serviram como garantia em operações ou causaram prejuízos.
A defesa de Daniel Vorcaro não respondeu a contatos. Contatos com diretores da Global Carbon foram coordenados por advogada inicialmente apresentada como representante da família Vorcaro, que depois negou o erro. A empresa alegou aguardar regulamentação do mercado de carbono e mencionou a fazenda em Apuí como base de ativos, sem comentar documentos sobre ligações familiares.
O mercado de créditos de carbono é considerado propenso a irregularidades, com riscos de criação de ativos fictícios. Especialistas consultados indicam que, mesmo sem problemas fundiários, uma área de 150 mil hectares não justificaria R$ 40 bilhões (soma dos capitais das duas empresas) por metodologias como Redd+.
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