Empresário do MT denuncia fraudes em Recuperação Judicial bilionária; Empresa de Haroldinho na mira da PF
Revelações de irregularidades apontam para esquema que pode ter dilapido patrimônio de R$ 1,3 bilhão; consultoria Fource rebate acusações e promete medidas judiciais
O empresário do agronegócio José Pupin, outrora conhecido como um dos maiores produtores de algodão do Brasil, protocolou na última terça-feira, 30 de setembro de 2025, uma petição na 1ª Vara de Campo Verde, em Mato Grosso, denunciando supostas fraudes na execução da recuperação judicial de seu grupo empresarial. Iniciado em 2017 com dívidas estimadas em R$ 1,3 bilhão, o processo ganhou contornos paradigmáticos ao influenciar a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas agora é alvo de alegações graves de dilapidação de patrimônio por parte da consultoria Fource, quem tem como sócio o empresário Haroldo Augusto Filho, filho do ex-deputado estadual de Rondônia Haroldo Santos citada em investigações da Polícia Federal (PF) sobre venda de decisões judiciais.
De acordo com a petição assinada pelos advogados do Grupo Pupin, liderados por Eumar Novacki, a administração da recuperação foi entregue aos consultores da Fource, que teriam adotado medidas para beneficiar empresas e fundos de investimento ligados à própria consultoria, em detrimento dos credores e do patrimônio familiar. “A MIDAS/FOURCE e esses outros credores que – parece – atuam em comunhão de desígnios, aproveitavam-se do fato de possuírem informações privilegiadas, por estarem dos dois lados do balcão, para adquirir mais e mais créditos dos Recuperandos, dia após dia, de modo a se tornarem seus maiores credores”, afirma o documento, destacando a estratégia de compra de dívidas com deságio para depois cobrar valores inflados do grupo.
José Pupin, segundo seus advogados, só teria tomado conhecimento das irregularidades recentemente, após alertas de credores e o envolvimento da Fource na Operação Sisamnes, deflagrada pela PF em novembro de 2024. A operação apura um esquema de corrupção no Judiciário, com foco em assessores do STJ e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), incluindo a venda de decisões favoráveis. Diálogos interceptados revelam que Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource e alvo de buscas e apreensões na primeira fase da investigação – onde foi submetido ao uso de tornozeleira eletrônica –, teria acertado com um desembargador uma decisão benéfica ao caso Pupin.
A PF também identificou conexões de Haroldo com ministros do STJ, como a cessão de aeronaves e pagamentos de R$ 300 mil a Anna Carolina Noronha, filha de um magistrado, por serviços de um escritório ligado à família.
O caso se entrelaça com outras investigações, como a Operação Faroeste, que levou à delação premiada de Nelson Vigolo, presidente da Bom Jesus Agropecuária – empresa também em recuperação judicial e com ligações à Fource por meio de ex-diretores que se tornaram sócios da consultoria. A petição questiona a aquisição de R$ 540 milhões em créditos do Grupo Pupin pela Bom Jesus, apesar de suas próprias dificuldades financeiras. “Causa estranheza que, mesmo diante das suas próprias dificuldades financeiras que justificaram a sua RJ, veio a adquirir crédito atualizado em valor superior a meio bilhão de reais do Grupo Pupin”, apontam os advogados. Procurado, Vigolo encaminhou os questionamentos à sua equipe jurídica, mas não se manifestou até o momento.
A denúncia ocorre em um contexto de alerta no setor bancário sobre o aumento das recuperações judiciais no agronegócio. Dados do segundo trimestre de 2025 indicam uma alta de 31,7% nos pedidos em comparação ao mesmo período de 2024, com impactos potenciais na economia rural. Em 31 de julho de 2025, os advogados do Pupin já haviam notificado extrajudicialmente a Midas Agro (sucessora da Fource) e a Fource Consultoria, declarando rescindidos contratos e procurações que davam poderes à consultoria para gerir bens e o processo.
Em resposta, a Fource emitiu nota à imprensa repudiando as acusações. “Trata-se de uma tentativa infundada de descredibilizar a atuação da Fource, que sempre se pautou pela legalidade e transparência. Todos os atos praticados pela Fource foram regularmente formalizados e estão devidamente registrados e documentados no processo de Recuperação Judicial, contando sempre com a participação e anuência de toda a família Pupin, assim como de seus assessores financeiros e jurídicos legalmente constituídos até então”, afirma o comunicado.
A consultoria, que se descreve como assessora financeira reconhecida nacionalmente, atribui as alegações a uma estratégia para “perpetuar um processo que já causou tantos prejuízos a credores, ao judiciário e a toda a sociedade” e promete medidas cabíveis para restabelecer os fatos. “A sociedade agropecuária mato-grossense com certeza saberá identificar a postura de cada um ao longo dos anos, prevalecendo a verdade e a justiça”, conclui a nota.
Nas redes sociais, o caso ganhou repercussão imediata. No X (antigo Twitter), o jornalista Aguirre Talento, do Estadão, destacou a denúncia em post que acumulou engajamento rápido, linkando para reportagem detalhada.
Perfis como @midiajur e o Blog do Noblat também repercutiram o tema, enfatizando os laços com a Operação Sisamnes e o impacto no agronegócio mato-grossense. No Instagram, publicações de veículos locais como o MidiaJur exploram o histórico do Grupo Pupin como um dos maiores conglomerados do setor em Mato Grosso.
A 1ª Vara de Campo Verde decidirá sobre o pedido de anulação de contratos, prestação de contas detalhada e possível suspensão de atos da Fource. O desfecho pode não só afetar o Grupo Pupin, mas também reacender debates sobre a fiscalização de recuperações judiciais no Brasil, especialmente em um setor vital como o agropecuário.
O que você acha dessa denúncia? Ela expõe falhas sistêmicas no Judiciário ou é uma disputa empresarial comum? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos o impacto no agronegócio brasileiro!
Palavras-chave: recuperação judicial, José Pupin, Fource Consultoria, Operação Sisamnes, agronegócio Mato Grosso, fraudes judiciais, Haroldo Augusto Filho, STJ, Polícia Federal.
Hashtags: #PainelPolitico #RecuperacaoJudicial #Agropecuaria #FraudesJudiciais #MatoGrosso #OperacaoSisamnes #STJ
Siga o Painel Político nas redes sociais:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
LinkedIn: Painel Político
Junte-se à conversa:
Canal no WhatsApp: Inscreva-se aqui
Telegram: Acesse o canal
Reportagem produzida a partir de informações de Aguirre Talento, no Estadão