Em evento da Petrobras, Lula diz que 'este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes'
Presidente sinaliza diálogo com parlamentares em meio a tensões, defende legado e projeta reeleição em 2026
Em um evento promovido pela Petrobras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transformou o palco em uma oportunidade para abordar a relação conturbada com o Congresso Nacional, reforçar o discurso de justiça tributária e projetar sua força política para a eleição presidencial de 2026.
Sem citar nomes, Lula rebateu especulações sobre o fim de seu governo, afirmando que "tem gente pensando que o governo acabou", mas garantiu que ainda tem planos ambiciosos para o país. "Se preparem, porque se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes", declarou o petista, em tom que misturou confiança e desafio.
A fala ocorreu em meio a um cenário de atritos com o Legislativo, agravado pela recente derrubada de um decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão, o que intensificou as tensões com o Congresso, liderado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Lula, no entanto, adotou um tom conciliador, destacando que 99% de suas propostas enviadas ao Congresso foram aprovadas. "Sou muito agradecido pela relação que tenho com o Congresso. Quando tem uma divergência, é bom, porque a gente vai, senta e negocia", afirmou, sinalizando disposição para o diálogo.
O evento da Petrobras, que marcou a retomada de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, serviu também como vitrine para o discurso de justiça tributária, que se tornou o principal mote do governo nos últimos meses. Lula criticou a resistência de setores privilegiados às mudanças na carga tributária, como a proposta de taxação de grandes fortunas e a revisão de isenções fiscais. "O que é duro é que as pessoas não querem ceder, quem tem privilégio não quer abrir mão dos privilégios", disse.
Ele defendeu que governar para todos exige mais esforço do que atender apenas a uma elite, reforçando a narrativa de que sua gestão busca beneficiar os 100% da população, e não apenas os "35% mais ricos".
A campanha pela justiça tributária ganhou força após a derrota do governo no caso do IOF, com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, intensificando o embate ideológico contra o que chamam de "andar de cima". Em entrevista à TV Bahia, Lula classificou o aumento do IOF como um "ajuste tributário" necessário para evitar cortes em áreas como educação e saúde, e acusou setores como fintechs e empresas de apostas (bets) de pressionarem o Congresso contra a medida.
A estratégia também inclui a mobilização nas redes sociais, com postagens do governo e do PT destacando a "taxação BBB" (bilionários, bancos e bets) e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma promessa de campanha de Lula em 2022 que tramita no Legislativo.
A tensão com o Congresso, porém, não é nova. Além do IOF, o governo enfrentou resistência em outros projetos, como a regulamentação da reforma tributária e a derrubada de vetos presidenciais, que podem custar bilhões ao erário, como no caso da energia eólica. Apesar disso, Lula busca evitar uma ruptura total, destacando a importância do diálogo. "O presidente da República não rompe com o Congresso, o presidente reconhece o papel que o Congresso tem. Eles têm os seus direitos, eu tenho os meus direitos. Quando os dois não se entenderem, a Justiça resolve", afirmou, em referência à ação no STF, relatada pelo ministro Alexandre de Moraes.
A postura de Lula reflete um cálculo político com vistas às eleições de 2026. Com a popularidade em queda, segundo pesquisas recentes, o governo aposta no discurso de justiça social para reconquistar apoio popular e pressionar o Congresso. A campanha "taxação dos super-ricos" foi intensificada nas redes sociais, com vídeos produzidos por inteligência artificial e apoio de aliados como o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) e a ministra Gleisi Hoffmann (PT).
Um protesto organizado por movimentos sociais, como o Povo Sem Medo e o MTST, na avenida Faria Lima, em São Paulo, também reforçou a pauta, com cartazes pedindo "chega de mamata" para os mais ricos. Por outro lado, o presidente da Câmara, Hugo Motta, criticou a estratégia do governo de polarizar entre "nós contra eles", alertando que isso pode levar a governar "contra todos".
Parlamentares do centrão, segundo fontes, veem na crise uma oportunidade para desgastar Lula antes de 2026, enquanto o governo insiste que não abrirá mão de seu discurso. "Não é um embate com o Congresso, mas uma disputa ideológica", disse uma fonte do Planalto à Reuters.
Enquanto Lula projeta força política, o governo enfrenta desafios para manter a base aliada e avançar sua agenda. O STF vai mediar uma conciliação no caso do IOF, mas a relação com o Congresso deve permanecer tensa.
O presidente, no entanto, mantém o tom otimista, celebrando indicadores econômicos como o menor índice de desemprego da série histórica (6,2%) e o crescimento do PIB acima de 3% nos últimos dois anos. "Este país teve dois momentos históricos de inclusão social: Getúlio Vargas e o nosso governo", declarou, reforçando seu legado.
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