Elon Musk e Donald Trump: a ruptura de uma aliança política
O bilionário e o presidente trocam farpas após Musk deixar o governo, revelando tensões sobre o impacto de sua parceria na eleição de 2024
Em um movimento que agitou o cenário político americano, o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e X, respondeu publicamente às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira, 5 de junho de 2025. A troca de acusações expôs uma crescente tensão entre os dois, que já foram aliados próximos, e reacendeu debates sobre o papel de Musk na vitória eleitoral de Trump em 2024.
Em uma postagem no X, Musk afirmou: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição, os democratas controlariam a Câmara e os republicanos estariam em 51-49 no Senado. Tanta ingratidão”. A declaração foi uma resposta direta à fala de Trump no Salão Oval, onde o presidente minimizou a influência de Musk, dizendo: “Eu teria vencido na Pensilvânia independentemente de Elon. Estou muito decepcionado com ele”.
O peso de Musk na campanha de 2024
A relação entre Musk e Trump, que já teve momentos de atrito no passado, foi marcada por uma colaboração intensa durante a campanha presidencial de 2024. Musk, que investiu mais de US$ 290 milhões na eleição, segundo documentos da Comissão Eleitoral Federal (FEC), tornou-se o maior doador individual do ciclo eleitoral, superando até mesmo outros megadoadores.
Grande parte desse montante foi direcionada ao America PAC, um comitê de ação política criado por Musk para apoiar Trump, com foco em mobilizar eleitores em estados-chave, como a Pensilvânia, através de campanhas de campo e ações controversas, como sorteios diários de US$ 1 milhão para eleitores registrados que assinassem uma petição em defesa da liberdade de expressão e do direito ao porte de armas.
Além do apoio financeiro, Musk usou sua plataforma X como um megafone para promover mensagens alinhadas ao movimento “Make America Great Again” (MAGA), amplificando pautas conservadoras e, em alguns casos, compartilhando conteúdos polêmicos, como ataques à então candidata democrata Kamala Harris. Ele também participou ativamente de eventos de campanha, aparecendo ao lado de Trump em comícios, como o de Butler, na Pensilvânia, onde usou um boné preto com a inscrição “MAGA” e defendeu a eleição de Trump como essencial para “preservar a democracia”.
A criação e o fim do DOGE
Após a vitória de Trump, Musk foi nomeado para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), uma iniciativa proposta pelo próprio bilionário durante uma conversa com Trump em agosto de 2024, transmitida ao vivo no X. O DOGE tinha como objetivo realizar uma auditoria completa do governo federal, reduzir gastos e cortar a burocracia, com Musk prometendo eliminar até US$ 2 trilhões do orçamento federal.
Durante seu mandato, o departamento foi responsável por cortes de cerca de US$ 175 bilhões, incluindo vendas de ativos, cancelamentos de contratos e redução de fraudes, segundo informações do site oficial do DOGE. No entanto, a agência enfrentou críticas de democratas, que a acusaram de promover uma “tomada hostil” do governo federal, e até de alguns republicanos, preocupados com o impacto político das medidas.
Musk deixou o cargo na semana passada, em 28 de maio de 2025, ao fim de seu contrato como “funcionário especial do governo”, limitado a 130 dias por ano, conforme exigido pela legislação americana. Ele anunciou sua saída em uma postagem no X, afirmando que o DOGE continuaria como parte do “DNA” do governo federal, mas que ele precisava se concentrar em suas empresas, especialmente Tesla, SpaceX e X, que enfrentam desafios como quedas nas vendas da Tesla e problemas técnicos em testes da SpaceX. Um funcionário da Casa Branca confirmou à CNN que Musk iniciou o processo de desligamento na noite de sua saída, marcando o fim de sua atuação direta na administração Trump.
A origem do conflito
A ruptura entre Musk e Trump ganhou força após o bilionário criticar publicamente um projeto de lei de orçamento proposto pelo presidente, que Musk classificou como uma “abominação nojenta” por aumentar o déficit orçamentário em cerca de US$ 2,3 trilhões ao longo de uma década, segundo estimativas do Congressional Budget Office. A crítica de Musk veio em um momento delicado, já que o projeto é uma das prioridades legislativas de Trump, e o líder da maioria no Senado, John Thune, trabalha para aprová-lo até 4 de julho. Trump, por sua vez, sugeriu que a insatisfação de Musk estava ligada à proposta de corte de incentivos fiscais para veículos elétricos, o que poderia prejudicar a Tesla. Musk rebateu, afirmando que sua preocupação era com o déficit orçamentário, não com os subsídios para sua empresa.
O embate público marca uma mudança significativa na relação que, até recentemente, parecia sólida. Durante a campanha, Trump elogiou Musk como um “gênio” e uma “estrela em ascensão”. No entanto, as críticas de Musk ao governo e sua saída do DOGE geraram desconforto na Casa Branca. Segundo o The New York Times, Trump ficou particularmente irritado ao saber que Musk receberia um briefing confidencial sobre a China no Pentágono, levantando preocupações sobre possíveis conflitos de interesse, dado que as empresas de Musk, como Tesla e SpaceX, têm contratos significativos com o governo federal.
Impacto nas empresas de Musk
A saída de Musk do governo e o atrito com Trump ocorrem em um momento crítico para suas empresas. A Tesla enfrenta uma queda de 71% nos lucros e uma redução nas vendas no primeiro trimestre de 2025, atribuídas em parte à controvérsia envolvendo o papel de Musk na administração Trump. A SpaceX, por sua vez, sofreu um revés com a explosão de um foguete Starship durante um teste recente, apesar de um lançamento inicial bem-sucedido. Musk já sinalizou que planeja reduzir seu envolvimento político para focar em seus negócios, afirmando em uma entrevista ao Ars Technica que “talvez tenha passado tempo demais na política”.
Repercussão e perspectivas
A troca de farpas entre Musk e Trump reflete não apenas uma disputa pessoal, mas também as tensões entre dois gigantes com personalidades fortes e visões de poder que nem sempre se alinham. Enquanto Musk busca consolidar sua influência como um “tecnolibertário” e defensor da desregulamentação, Trump parece determinado a manter o controle sobre sua agenda política. A saída de Musk do DOGE e suas críticas ao governo levantam questões sobre o futuro de sua relação com a administração e o impacto de sua influência no cenário político americano.
Analistas sugerem que a rixa pode ter consequências para ambos. Para Musk, a deterioração do relacionamento com Trump pode limitar sua capacidade de influenciar políticas que beneficiem suas empresas, como a redução de regulamentações para veículos autônomos ou contratos espaciais. Para Trump, a perda do apoio de Musk, um dos maiores doadores republicanos, pode complicar os esforços do partido para manter a base de apoio financeiro e midiático de cara às eleições de meio de mandato em 2026.
Enquanto o futuro da aliança Musk-Trump permanece incerto, o embate público entre os dois é um lembrete do peso que bilionários como Musk têm na política americana — e dos limites de sua influência quando confrontados com a dinâmica do poder em Washington.
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