Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes, é detido na Itália em meio a pedido de extradição
Por que a detenção do perito digital reacende debates sobre sigilo judicial e investigações políticas no Brasil?
Em um desdobramento que tensiona as relações diplomáticas entre Brasil e Itália, Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi detido pela polícia italiana na manhã desta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, em Roma. A ação, confirmada por veículos como Veja, Brasil 247 e CBN Globo, ocorre no contexto de um pedido formal de extradição formulado pelo STF, motivado por denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o perito por suposto vazamento de informações sigilosas.
Tagliaferro, que possui cidadania italiana e reside no país europeu desde julho, foi conduzido a uma delegacia local para aplicação de medidas cautelares, como restrição de locomoção, mas sua defesa afirma que ele não ficará preso preventivamente.
Tagliaferro, formado em Engenharia Civil e Direito pela Universidade Paulista, atuou como chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha eleitoral de 2022, período em que Moraes presidia o tribunal. Sua trajetória ganhou contornos polêmicos em 2024, quando conversas internas do gabinete de Moraes foram reveladas pela imprensa, incluindo diálogos sobre relatórios de monitoramento de redes sociais contra disseminação de fake news e ataques ao STF.
Indiciado pela Polícia Federal (PF) em abril de 2025 por violação de sigilo funcional, Tagliaferro teve contas bancárias bloqueadas por ordem judicial e optou por deixar o Brasil, alegando perseguição política.
A denúncia formal da PGR, protocolada em agosto de 2025 pelo procurador-geral Paulo Gonet, acusa o ex-assessor de crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As mensagens vazadas, trocadas entre servidores do STF e TSE em 2024, tratavam de petições confidenciais sobre investigações relacionadas a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moraes, relator de inquéritos sobre atos antidemocráticos pós-eleições de 2022, solicitou a extradição em agosto, com o pedido encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Itamaraty em 20 de agosto. O tratado de extradição entre Brasil e Itália, vigente desde 1989, prioriza crimes graves, mas a dupla cidadania de Tagliaferro pode complicar o processo, sujeitando-o à análise da Justiça italiana.
Além das acusações contra ele, Tagliaferro emergiu como figura central em denúncias contra o próprio Moraes. Em audiências no Congresso Nacional, como a realizada em 2 de setembro de 2025 na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado, presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o perito alegou uso indevido da estrutura do TSE para produzir provas em inquéritos do STF. Ele apresentou documentos sugerindo adulteração de datas em relatórios de monitoramento de perfis em redes sociais, supostamente retrodatados para justificar operações da PF contra empresários investigados por suposto conteúdo golpista. “A assessoria do TSE tinha poder de polícia e coordenava consultas a dados para identificar pessoas presas”, afirmou Tagliaferro em depoimento por videoconferência da Itália, conforme registro do Senado.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) defendeu que as revelações poderiam compor um relatório “a ser mostrado ao mundo”, enquanto aliados de Bolsonaro veem nas acusações um contraponto ao julgamento em curso no STF sobre tentativa de golpe de Estado.
A detenção de Tagliaferro coincidiu com uma audiência prevista para esta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, onde ele prestaria esclarecimentos adicionais sobre as denúncias. O evento foi cancelado, gerando repercussão imediata nas redes sociais.
No X (antigo Twitter), perfis como o do jornalista Paulo Figueiredo (@pfigueiredo08) relataram a condução em tempo real, com mais de 10 mil interações em poucas horas. Usuários bolsonaristas, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), associaram o caso à luta por anistia a presos políticos do 8 de janeiro de 2023, convocando manifestações para 7 de outubro em Brasília. Do outro lado, defensores das investigações judiciais veem a ação como necessária para preservar a integridade do processo eleitoral.
A defesa de Tagliaferro, representada pelos advogados Eduardo Kuntz e Fabio Pagnozzi, contesta as acusações e alega “perseguição política”. Em declaração à Pleno.News, Pagnozzi relatou que policiais italianos (Carabinieri) abordaram Tagliaferro em seu apartamento sob pretexto de “notificação de residência” – uma medida inexistente no ordenamento italiano, segundo ele. “Ele ligou para os advogados e será reconduzido à casa após o depoimento”, informou o advogado, que espera liberação ainda nesta quarta-feira. A assessoria do TSE negou irregularidades nos relatórios, afirmando que todas as solicitações foram documentadas e visavam alvos já investigados.
Agora, o destino de Tagliaferro depende da avaliação da Justiça italiana, que deve deliberar sobre o pedido de extradição nos próximos dias. Enquanto isso, o caso expõe fissuras no debate sobre o equilíbrio entre combate à desinformação e liberdades individuais, especialmente em um ano pré-eleitoral.
Especialistas em direito internacional, consultados pela Folha de S.Paulo, apontam que a dupla cidadania pode permitir que Tagliaferro responda apenas perante tribunais italianos, evitando o repatriamento imediato.
O Itamaraty, por sua vez, confirmou o encaminhamento do pedido, mas evitou comentários sobre o andamento.
Palavras-chave: Eduardo Tagliaferro, Alexandre de Moraes, extradição Itália, vazamento STF, TSE desinformação, denúncias Congresso, PGR indiciamento, Jair Bolsonaro PL, Supremo Tribunal Federal.
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