EDITORIAL: Brasil na era da inteligência: Por que o país precisa fortalecer e ampliar a Abin diante de ameaças globais
Em um mundo de ciberameaças e interferências externas, o Brasil, maior nação da América do Sul, urge uma Abin moderna e equipada – descubra os riscos reais e as oportunidades de ação agora
O mundo atravessa uma fase de profunda transformação geopolítica, marcada por tensões comerciais, disputas por recursos naturais e o avanço acelerado de tecnologias como a inteligência artificial (IA) e a cibersegurança. Nesse contexto, o investimento em inteligência estratégica emerge como pilar indispensável para a soberania nacional. O Brasil, como o maior e principal país da América do Sul, com uma economia que responde por cerca de 50% do PIB regional, enfrenta um cenário de atrasos relativos nessa área. De acordo com dados divulgados em agosto de 2025 pelo Relatório Reservado, o país destina apenas 0,005% do PIB para inteligência, uma fração ínfima em comparação aos 0,4% investidos pelos Estados Unidos. Essa disparidade não é mero detalhe técnico: ela expõe vulnerabilidades em um momento em que ameaças cibernéticas e interferências externas se multiplicam, demandando uma resposta urgente e coordenada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu terceiro ano de mandato, tem demonstrado atenção ao tema da inovação tecnológica, mas o foco maior recai sobre a IA civil. Em julho de 2024, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lula recebeu o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), uma iniciativa encomendada ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). O documento, entregue pela ministra Luciana Santos (PCdoB), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), prevê R$ 23 bilhões em investimentos até 2028, divididos em eixos como infraestrutura, formação profissional e inovação empresarial. “A nossa inteligência artificial tem que ser inteligente, e a gente tem de fazer com que ela gere empregos neste país, que a gente forme milhões de jovens preparados”, afirmou o presidente na ocasião, destacando a necessidade de autonomia tecnológica para setores como saúde, agricultura e monitoramento ambiental, incluindo a Amazônia.
No entanto, especialistas e relatórios oficiais apontam que esses avanços, embora bem-vindos, ainda não se traduzem em fortalecimento direto da inteligência de segurança nacional. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), criada em 1999 e responsável por produzir análises estratégicas para o Estado, opera com recursos limitados e um histórico de desconfiança pública, marcado por episódios de uso político durante governos anteriores.
Em agosto de 2025, o Relatório Reservado revelou que o governo Lula avalia ampliar o orçamento da Abin em resposta a pressões externas, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio brasileiros – medidas que, segundo analistas, visam forçar alinhamentos geopolíticos. A professora Ana Penido, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defende em análise recente que é essencial diferenciar “espionagem partidária de inteligência estratégica de Estado”, enfatizando o uso de fontes abertas para projetar cenários que favoreçam o desenvolvimento nacional, sem vigilância interna indevida.
Os desafios são concretos e multifacetados. O documento “Desafios de Inteligência – Edição 2026”, divulgado pela Abin em dezembro de 2025, lista cinco riscos prioritários para o próximo ano: segurança do processo eleitoral, transição para criptografia pós-quântica, ataques cibernéticos autônomos com agentes de IA, reconfiguração das cadeias globais de suprimentos e interferência externa por atores não estatais. A publicação, coproduzida com a Rede de Pesquisa em Inteligência Estratégica (criada em maio de 2025 pela Escola de Inteligência da Abin), alerta para o entorno sul-americano cada vez mais permeável a disputas globais. Recursos como lítio, terras raras, petróleo e a biodiversidade amazônica atraem competidores: a China se consolida como principal parceira comercial do Brasil, enquanto os EUA aumentam pressões por alinhamento, inclusive com ameaças militares a vizinhos latino-americanos.
No campo cibernético, o Brasil é o terceiro país mais atacado nas Américas em 2025, segundo o Microsoft Digital Defense Report. Dos incidentes, 52% têm motivação financeira, mas crescem as ações de Estados-nação, como espionagem chinesa (grupo UNC4841) e russa, que miram entidades locais e estaduais. O Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), sob o Ministério da Defesa, e o recém-criado Esquadrão de Guerra Cibernética da Marinha (implantado em 2025) representam avanços, mas analistas como o contra-almirante Luís Manuel de Campos Mello alertam para indícios de “ações cibernéticas veladas de origem estatal, caracterizadas como sabotagem digital”. Exemplos incluem o risco a infraestruturas críticas, como a Usina de Itaipu, que fornece 17% da energia brasileira.
O passado recente reforça a necessidade de vigilância. Durante as manifestações de 2013, conhecidas como Jornadas de Junho, a tática black bloc – grupos anônimos vestidos de preto, associados a depredações – marcou um episódio de violência urbana que desnorteou autoridades e movimentos sociais. Investigações como o “Inquérito do Black Bloc”, conduzido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo, coletaram cerca de 300 testemunhos entre 2013 e 2016, mas resultaram em zero indiciamentos por falta de provas concretas de organização criminosa.
Alegações de infiltração externa, incluindo possíveis ligações com interferências americanas na região (como as documentadas em relatórios desclassificados sobre a Operação Condor nos anos 1970), persistem sem confirmação recente. Hoje, o fenômeno evolui para o digital: plataformas como a deep web e o Discord, preferida pela Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), são apontadas como vetores de mobilização. Em 2025, o Discord protagonizou revoluções em países como Nepal, Marrocos e Peru – a chamada “Primavera Luffy”, com servidores como “GenZ 212” reunindo mais de 130 mil membros para coordenar protestos contra corrupção e desigualdade, usando anonimato e canais temáticos para planejamento em tempo real.
Diante desse panorama, o apelo por uma “NSA brasileira” – uma agência de inteligência avançada, inspirada na National Security Agency dos EUA, capaz de monitorar comunicações de autoridades e desenvolver redes sociais soberanas – ganha força. Propostas incluem investimentos em “nuvem soberana” (parte do PBIA, com R$ 1,8 bilhão para supercomputadores) e parcerias internacionais, como os R$ 27 bilhões anunciados pela China em maio de 2025 para IA em segurança pública e mobilidade. “O ideal para o Brasil não é ficar exportando [apenas] soja. É exportar inteligência e conhecimento”, declarou Lula durante visita a Pequim. No entanto, a dependência tecnológica de big techs estrangeiras e a lentidão em soberania digital, como alertado pela Abin, demandam ação imediata: expansão da Abin, capacitação em ciberdefesa e integração com o setor privado.
Palavras-chave: Abin, inteligência estratégica, ciberameaças, Lula, geopolítica América do Sul, IA Brasil, soberania digital, black blocs, Discord Geração Z, interferência EUA.
O que você acha? O Brasil está preparado para esses desafios? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos o futuro da nossa segurança nacional. Sua voz pode influenciar o debate!
Hashtags: #PainelPolitico #InteligenciaEstrategica #Abin #Ciberseguranca #Geopolitica #Lula #AmericaDoSul #GeracaoZ #SoberaniaDigital #RevolucoesDigitais
Contatos e Redes Sociais:
Siga o Painel Político para mais análises exclusivas:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
LinkedIn: Painel Político
Links de convite:
Junte-se ao nosso canal no WhatsApp para atualizações em tempo real: https://whatsapp.com/channel/0029Va4SW5a9sBI8pNwfpk2Q
E no Telegram: https://t.me/PainelP



