É questão de tempo para que algum terrorista tenha sucesso em atingir autoridades e inocentes no Brasil
Escalada de ataques promovidos por militantes de extrema direita avançam e em algum momento, uma tragédia sem precedentes pode acontecer
Em um passado muito recente, um grupo comandado pela militante de direita, Sara Winter marchava pelas ruas da capital federal gritando que “o Brasil precisa ser ucranizado", fazendo referência a escalada da extrema-direita naquele país, que dividiu a Ucrânia entre separatistas e grupos pró-Rússia entre 2014 e 2015. Os chamados “300 do Brasil", pareciam uma caricatura bizarra, com máscaras e tochas, disparando fogos de artifício em direção a prédios públicos.
Na sequência, tivemos ataques, também com fogos de artifício em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) e em 7 de Setembro de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em ato com seus seguidores, declarou que "ou o chefe desse Poder [STF, então presidido por Luiz Fux] enquadra o seu [ministro - referia-se a Alexandre de Moraes] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos".
Na ocasião, chegaram a circular vídeos de grupos afirmando terem ‘tomado o poder’ e 'cercado o STF'. Em 2022 os protestos prosseguiram e em janeiro de 2022 George Washington de Oliveira Sousa tentou explodir um caminhão de combustíveis próximo ao aeroporto de Brasília. Se tivesse obtido sucesso em sua empreita, teria assassinado dezenas de pessoas que nada tinham a ver com suas vertentes ideológicas. Era um ato de terrorismo puro e simples.
Após ser preso, a PCDF encontrou na casa dele um arsenal, munições e explosivos.
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, ele é um dos mentores de um plano de ataque no Distrito Federal colocado em prática em 24 de dezembro de 2022, véspera de Natal.
A bomba foi colocada em um caminhão-tanque, que entraria no Aeroporto Internacional de Brasília, e tinha a força de uma dinamite, mas não foi acionada por um erro técnico.
Os artefatos foram transportados do Pará a Brasília, segundo a investigação. A PCDF também aponta que o plano de atentado foi organizado em frente ao QG do Exército, onde bolsonaristas ficaram acampados reivindicando o resultado das eleições de 2022.
Em dezembro de 2021, dias antes, a sede da Polícia Federal em Brasília havia sido alvo de ataques de grupos insatisfeitos com o resultado das eleições. Eles chegaram a tentar jogar um ônibus de um viaduto, o que poderia também resultar em mortes de inocentes.
Na última quarta-feira, 13, Francisco Wanderley Luiz, um ex-candidato a vereador que havia terminado o casamento e, pelo que se sabe até agora, vinha planejando há meses um ataque à bomba no STF, plano que ele executou e terminou morrendo na ação. Antes, ele havia tentado entrar no prédio por diversas vezes, já que sua idéia inicial seria explodir seus artefatos durante sessão da Corte.
A escalada de atentados é real, e é questão de tempo para que algum lunático tenha realmente sucesso em um ataque. Atos terroristas precisam ser contidos e os responsáveis presos em presídios federais de segurança máxima, com penas máximas. Se for o caso, que mude a lei para que esses atos sejam coibidos.
Em maio deste ano, George Washington de Oliveira Sousa, homem responsável por quase matar centenas de pessoas ganhou o direito de ir para o regime semi-aberto por ter cumprido 16% da pena imposta a ele. Também conseguiu direito de trabalhar fora da cadeia. Ele havia sido condenado a apenas 9 anos e 8 meses de prisão pela tentativa de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília. Esse tipo de ‘anistia', incentiva outros alucinados a tentarem ações semelhantes. Nenhuma autoridade atualmente está realmente segura, é preciso que sejam adotadas medidas mais efetivas de segurança, principalmente em eventos públicos.
E é bom lembrar que, independente de questões ideológicas ou partidárias, a violência nunca pode ser uma alternativa. O pau que dá em Chico, dá em Francisco. O próprio Jair Bolsonaro já foi alvo de um ataque a faca durante a campanha eleitoral.
A seguir essa escalada, sem que medidas efetivas sejam adotadas, as chances de sucesso de um ato terrorista aumentam significativamente.
Vale ressaltar que nas redes sociais e fóruns, são comuns mensagens de ódio e incitação a ataques à ministros e autoridades. Mas quando uma bomba explode, ela não seleciona vítimas, e instala-se o caos.
Esses ataques, por enquanto promovidos até onde se sabe por ações individuais e isoladas, tendem a obter recursos com “simpatizantes da causa". Passou da hora de ser criada uma agência de inteligência realmente eficaz para combater o terrorismo para monitorar e atuar contra grupos extremistas.
Não podemos tolerar nem viver sob o manto do terror.