E-mails de Epstein citam alegado telefonema a Lula e elogio a Bolsonaro 'o amigo paraquedista'
Documentos liberados por Republicanos nos EUA trazem menções à política brasileira em 2018; Planalto nega contato e Chomsky confirma visita à prisão
Em uma reviravolta que reacende debates sobre as conexões internacionais da elite política global, e-mails do financista Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais e tráfico de menores, foram divulgados por parlamentares republicanos dos Estados Unidos na quarta-feira, 12 de novembro de 2025. Os documentos, que somam mais de 20 mil páginas, mencionam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma suposta ligação telefônica intermediada pelo escritor Noam Chomsky durante visita à prisão em Curitiba, em setembro de 2018. Além disso, Epstein elogia o então candidato Jair Bolsonaro (à época PSL, atual PL) como “Bolsonara [sic] the real deal” – uma referência ao político como “o cara” ou “o verdadeiro”. O governo brasileiro nega veementemente qualquer contato, classificando a informação como infundada.
Os arquivos, liberados pelo Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA como parte de uma contraofensiva aos democratas – que haviam divulgado e-mails sugerindo que o presidente Donald Trump sabia dos abusos de Epstein –, expõem não apenas a vasta rede de influência do financista, mas também olhares estrangeiros sobre a eleição presidencial brasileira de 2018. Epstein, que se suicidou em 2019 enquanto aguardava julgamento em Nova York, operava uma rede de exploração sexual envolvendo menores, com propriedades em Nova York, Flórida, Novo México e uma ilha particular no Caribe, conhecida como “ilha Epstein”. Figuras como o ex-presidente Bill Clinton, o fundador da Microsoft Bill Gates e o príncipe Andrew do Reino Unido foram associadas ao caso, embora sem acusações formais de participação nos crimes.
A Suposta ligação com Lula e o contexto de 2018
De acordo com os e-mails datados de 19 de setembro de 2018, Epstein relata a um interlocutor não identificado: “Chomsky called me with Lula. From prison. What a world!” (”Chomsky me ligou com Lula. Da prisão. Que mundo!”). A menção coincide com a visita de Chomsky, renomado linguista e crítico do capitalismo, à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula estava detido desde abril daquele ano por condenação no caso do tríplex do Guarujá – sentença posteriormente anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
Chomsky, que se descreveu como próximo de Epstein para discussões sobre política, acadêmicos e finanças, confirmou a visita a Lula em entrevistas passadas, mas negou qualquer irregularidade na ligação. Os documentos sugerem que o escritor teria facilitado a transferência de cerca de US$ 270 mil de Epstein para si e sua falecida esposa, descrita como “ajuda técnica” para reorganização de ativos. No entanto, o e-mail não detalha o conteúdo da conversa, se é que ela ocorreu, e o interlocutor de Epstein responde com otimismo sobre a eleição brasileira: “Tell him my boy will win the election in the first round” (”Diga a ele que meu garoto vai vencer a eleição no primeiro turno”), em referência provável ao então candidato Fernando Haddad (PT), que enfrentava Bolsonaro no segundo turno.
Logo após, Epstein menciona “uma mensagem de Lula ao Partido dos Trabalhadores (PT) sobre a militância da organização”, emitida naquele dia. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) rebateu prontamente: “A citada ligação telefônica nunca aconteceu”, em nota oficial enviada à imprensa. Luiz Carlos da Rocha, advogado que integrou a defesa de Lula e acompanhou a visita de Chomsky, classificou as reportagens sobre o tema como “lixo” e “molequice”, enfatizando que não houve qualquer contato com Epstein. O advogado afirmou que tal ligação seria impossível, porque era estritamente proibida a entrada de aparelhos de celular durante as visitas.
Elogios a Bolsonaro e visão sobre a política Sul-Americana
Os e-mails também trazem referências positivas a Jair Bolsonaro, então deputado federal e candidato à Presidência pelo PSL. Em uma troca, Epstein escreve “Bolsonara the real deal”, interpretado como um elogio ao político como uma figura autêntica e impactante. Em outra mensagem, um interlocutor se refere a Bolsonaro como o “amigo paraquedista brasileiro”, aludindo à sua origem militar e trajetória política.
Não há indícios de contato direto entre Epstein e Bolsonaro nos documentos; as menções parecem vir de discussões gerais sobre o cenário eleitoral. O debate se estende à América do Sul: Epstein prevê que a Argentina, sob o presidente de centro-direita Mauricio Macri, seria o “próximo [país] a colapsar”, e o interlocutor responde que é necessária a liderança de “um populista”. Em e-mails de janeiro de 2013, o financista discute o Brasil como um destino “quente para investimento agora”, citando negociações para compra de caças, acordos de compensação (offset) e menções a França, EUA, Suécia e o número de aeronaves.
O interlocutor relata uma ligação com um contato sueco “que estava lidando com isso” e que alega trabalhar com a então presidente brasileira (Dilma Rousseff, PT), Barack Obama e Warren Buffett. Em dezembro de 2013, o governo brasileiro fechou contrato com a sueca Saab para 36 caças Gripen, a serem produzidos localmente.
Reações nas Redes Sociais e contexto político americano
A divulgação gerou repercussão imediata nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), onde o tema “Epstein Lula Bolsonaro” acumulou milhares de interações desde 12 de novembro. Usuários de espectros opostos usaram as menções para atacar rivais: bolsonaristas destacam a ligação alegada com Lula como prova de conexões perigosas, enquanto apoiadores petistas apontam o elogio a Bolsonaro como tentativa de desvio de foco.
Um post viral de @Byanu ironizou: “O Lula apareceu nos e-mails do Jeffrey Epstein Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”, refletindo o tom polarizado. Outro, de @Cardoso, confirmou as traduções dos e-mails diretamente dos arquivos oficiais, alertando para a presença de ambos os nomes sem evidências de crimes associados.
Nos EUA, o foco republicano é desviar acusações contra Trump, que admitiu proximidade com Epstein nos anos 1990 e 2000, mas alega rompimento por disputa imobiliária em Palm Beach, Flórida. Trump chamou as divulgações democratas de “farsa de Jeffrey Epstein” e “armadilha” para encobrir falhas no shutdown governamental. A base trumpista pressiona por liberação total dos arquivos, demandando identificação de todos os envolvidos.
O caso Epstein continua a expor as interseções entre poder, finanças e crimes, servindo como lembrete das sombras que pairam sobre figuras globais. No Brasil, as menções reacendem divisões, mas sem novas evidências de irregularidades, servem mais como combustível para narrativas políticas do que como prova concreta.
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Palavras-chave: Jeffrey Epstein, Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Noam Chomsky, e-mails Epstein, política brasileira 2018, tráfico sexual, republicanos EUA, PT, PL.
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