Documentos da CPMI expõem reuniões do 'Careca do INSS' com executivos da Dataprev durante governo Bolsonaro
Investigação parlamentar revela visitas do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes a órgãos previdenciários em 2022 e 2023, em meio a esquema bilionário de fraudes que afetou aposentados
Em um desdobramento que intensifica as investigações sobre as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), documentos sigilosos obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS apontam que o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, manteve reuniões com dirigentes da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Responsável pelos sistemas de segurança da Previdência e pelo programa de autorização de descontos em benefícios, a Dataprev deveria atuar como barreira contra irregularidades, mas só intensificou ações preventivas após o esquema já atrair a atenção da Polícia Federal (PF) e de órgãos de controle.
Os dados enviados pela Dataprev aos parlamentares da CPMI registram duas visitas de Antunes ao órgão em 2022. A primeira ocorreu em 2 de fevereiro de 2022, por volta das 17h12, quando o empresário se apresentou como representante de produtos relacionados aos serviços da estatal. A segunda reunião aconteceu em 17 de maio de 2022, também no fim do expediente, às 18h05.
Nas duas ocasiões, Antunes atuou como revendedor de soluções da empresa Qlik, com a participação de Meiry Carvalho Manzi, representante da fabricante. O destinatário das visitas foi o diretor de Relacionamento e Negócios da Dataprev, Alan do Nascimento Santos, e a permissão para entrada foi concedida pela assessoria da diretoria Renata Rodrigues Nunes.”Nas duas visitas, Antunes apresentou-se como representante de revenda de produtos da empresa Qlik. As audiências também contaram com a participação da senhora Meiry Carvalho Manzi, representante da fabricante”, informou a Dataprev em ofício aos deputados e senadores da CPMI.
A estatal esclareceu ainda que não possui arquivos de imagens de circuitos internos do período das visitas.
O caso ganha contornos adicionais com uma visita de Antunes ao Ministério da Previdência Social em 13 de março de 2023, já na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o prédio era comandado pelo ministro Carlos Lupi (PDT). O empresário permaneceu no local por cerca de 30 minutos. “Cabe esclarecer que, apesar de ter solicitado as informações aos órgãos competentes, até o momento, esta pasta não dispõe das informações”, afirmou o atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PL), em ofício à CPMI.
Essas movimentações ocorrem no contexto de um esquema de fraudes que, segundo investigações da PF, drenou bilhões de reais de aposentadorias e pensões, com descontos indevidos autorizados por associações e entidades supostamente filantrópicas.
O “Careca do INSS” é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma das figuras centrais na articulação dessas irregularidades, que atravessaram gestões de diferentes governos.
Em depoimento à CPMI em setembro de 2025, Antunes negou envolvimento nas fraudes e rejeitou o apelido: “Não sou esse personagem fictício, o chamado Careca do INSS”. Ele foi preso em 12 de setembro de 2025 pela Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF para desarticular o esquema.
A CPMI, instalada em agosto de 2025, aprovou a convocação de Antunes, além de ex-ministros da Previdência de gestões anteriores, como Carlos Lupi, que negou qualquer conhecimento sobre os principais envolvidos nas investigações.
O colegiado também mira ex-presidentes do INSS e empresários como Maurício, ligado a associações beneficiadas pelas fraudes.
Relatos indicam que o lobista se reuniu com o ministro Wolney Queiroz no início do governo Lula, ao lado de ex-dirigentes investigados pela PF.
A Controladoria-Geral da União (CGU) suspendeu quatro entidades envolvidas, que teriam desviado cerca de R$ 400 milhões de aposentados e pensionistas, mas o governo estima prejuízos totais na casa dos bilhões.
Especialistas em direito previdenciário destacam que o caso expõe vulnerabilidades sistêmicas no INSS, como a falta de fiscalização em tempo real sobre descontos consignados. A CPMI, presidida pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), avança com oitivas e deve entregar um relatório final até o fim de 2025, propondo medidas para blindar o sistema contra novas fraudes.
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Com informações de Radar, da Veja