Dilma Rousseff destaca sustentabilidade e multilateralismo nos 10 anos do banco do BRICS
NDB reforça papel como alternativa para o desenvolvimento global, defende ex-presidente em evento comemorativo
No dia 4 de julho de 2025, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, celebrou uma década de existência da instituição, conhecida como Banco do Brics, em um evento que reuniu líderes políticos e especialistas em economia global. Durante seu discurso na abertura do 10º Encontro Anual do Conselho de Governadores do NDB, realizado no Brasil, Dilma destacou a necessidade de um desenvolvimento “sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano”. A ex-presidente brasileira, que assumiu o comando do banco em março de 2023 e foi reeleita por unanimidade para um novo mandato de cinco anos a partir de julho de 2025, enfatizou o papel do NDB como uma alternativa às instituições financeiras tradicionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Um mundo em transformação exige novas abordagens
Dilma Rousseff apontou que o cenário global mudou significativamente desde a criação do NDB em 2015. “O mundo de hoje não é o mesmo de 2015. Está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas – crises climáticas, econômicas, geopolíticas. O multilateralismo está sob pressão”, afirmou. Segundo ela, tarifas, sanções e restrições financeiras têm sido usadas como “ferramentas de subordinação política”, enquanto cadeias produtivas globais estão sendo reestruturadas por interesses geopolíticos, e não apenas por eficiência econômica.
A presidente do NDB criticou a assimetria do sistema financeiro internacional, que, segundo ela, impõe os maiores fardos aos países com menos recursos. “O cenário exige mais, e não menos, cooperação. E exige instituições que reflitam as realidades e as aspirações do mundo de hoje, não somente do mundo de oito décadas atrás”, destacou, em uma referência indireta às instituições criadas no pós-Segunda Guerra Mundial, como o Banco Mundial e o FMI.
O papel do NDB no desenvolvimento global
Criado durante a 6ª Cúpula do Brics, em Fortaleza, em 2014, e operacional desde 2015, o NDB tem como missão mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes. Com sede em Xangai, na China, o banco já aprovou 120 projetos, totalizando US$ 39 bilhões (mais de R$ 210 bilhões) em financiamentos, abrangendo áreas como energia limpa, infraestrutura de transporte, saneamento, infraestrutura digital e proteção ambiental.
O NDB se diferencia por sua governança igualitária, onde cada país fundador – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – possui cerca de 19% das cotas e um voto, sem poder de veto, garantindo equidade na tomada de decisões. Além dos membros fundadores, países como Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e, mais recentemente, Argélia, já integram o banco, enquanto Uruguai, Colômbia, Uzbequistão, Indonésia e Turquia manifestaram interesse em aderir.
Dilma reforçou que o NDB não busca substituir outras instituições financeiras, mas oferecer uma alternativa que respeite as prioridades nacionais dos países do Sul Global. “Países do Sul Global têm o direito de definir seus próprios caminhos de desenvolvimento”, afirmou, destacando o financiamento em moedas locais como uma característica marcante do banco. Atualmente, 31% dos projetos do NDB são realizados nas moedas dos países membros, reduzindo a dependência do dólar e os riscos associados a flutuações cambiais.
Gestão de Dilma e desafios enfrentados
Desde que assumiu a presidência do NDB, Dilma tem sido elogiada por recuperar a capacidade de captação de recursos do banco, que enfrentava dificuldades antes de sua chegada. “Quando assumi, o banco não tomava empréstimos há 16 meses. Sem liquidez, não há investimento”, declarou em entrevista em Pequim, durante o Fórum de Desenvolvimento da China 2025. Sob sua liderança, o NDB retomou operações no mercado financeiro e ampliou financiamentos estratégicos, consolidando-se como uma instituição sólida.
No entanto, a gestão de Dilma também enfrentou críticas. Um relatório da Folha de S.Paulo apontou atrasos no cumprimento de metas estratégicas do banco para o período 2022-2026, além de alta rotatividade de funcionários (15,5%, contra a média de 5% em bancos multilaterais) e relatos de assédio moral. Avaliações internas indicaram dificuldades na delegação de autoridade, o que teria causado atrasos na tomada de decisões. A assessoria de Dilma negou registros de queixas formais e destacou que as metas são de longo prazo.
Apoio político e relevância do Brics
A reeleição de Dilma, anunciada em 23 de março de 2025, foi endossada por unanimidade pelo conselho do NDB, com apoio explícito da Rússia, que abriu mão de sua vez na rotação da presidência para evitar possíveis retaliações devido ao conflito na Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou a gestão de Dilma, destacando os 120 projetos financiados e a solidez financeira da instituição.
No Brasil, a recondução de Dilma foi celebrada por figuras políticas como Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, que destacou o papel do NDB no desenvolvimento dos países membros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião do encontro anual do NDB em 2025, defendeu um modelo de financiamento sem condicionalidades regressivas e a criação de uma moeda alternativa ao dólar, reforçando a relevância do banco no contexto global.
Perspectivas para o futuro
Com a presidência brasileira do Brics em 2025, o Brasil sediará a próxima reunião anual do NDB, o que reforça sua influência na instituição. Especialistas apontam que o banco enfrenta desafios como a expansão de sua base de membros e o aumento de sua relevância global, mas sua agilidade na concessão de empréstimos e o foco em projetos sustentáveis o posicionam como uma alternativa viável às instituições tradicionais.
Dilma concluiu seu discurso no evento de 10 anos do NDB com uma mensagem de otimismo: “Demonstramos, nos últimos 10 anos, que é possível construir uma instituição confiável, eficiente e adaptável, que produz resultados reais e, ao mesmo tempo, defende os valores da solidariedade, equidade e soberania.”
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