Dia mais sangrento em 18 anos: Israel lança ofensiva massiva contra o Líbano e mata 492
Bombardeios israelenses matam 492 e ferem mais de 1.600 no Líbano, incluindo civis; tensões na região atingem níveis alarmantes
Em uma escalada dramática do conflito no Oriente Médio, Israel lançou nesta segunda-feira (23) o maior bombardeio contra o Líbano desde o início das hostilidades há quase um ano. O ataque, que visava supostas posições e depósitos de armas do grupo extremista Hezbollah, resultou em um dia devastador para o país vizinho, com 492 mortos e 1.645 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
O bombardeio israelense, o mais amplo territorialmente desde o início do conflito recente entre Israel e Hezbollah, atingiu diversas regiões do Líbano, incluindo o sul do país, o Vale do Bekaa e a capital, Beirute. Entre as vítimas fatais estão 35 crianças, 42 mulheres e profissionais de saúde, tornando este o dia mais sangrento no Líbano desde a guerra de 2006.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram ter atacado cerca de 1.300 alvos do Hezbollah, alegando ter eliminado um "grande número" de integrantes do grupo, incluindo supostamente um comandante de alto escalão, Ali Karaki. No entanto, o Hezbollah contestou essa informação, afirmando que Karaki está vivo e em segurança.
A ofensiva israelense foi precedida por alertas enviados à população civil libanesa, instando-a a se afastar "imediatamente" das áreas consideradas de risco. Essa ação sem precedentes provocou pânico e uma fuga em massa de residentes, levando o Ministério do Interior libanês a converter escolas em abrigos para lidar com o "intenso deslocamento" de civis.
O ataque israelense surge como resposta a uma intensa troca de tiros no domingo (22), quando o Hezbollah lançou aproximadamente 150 foguetes, mísseis e drones contra o norte de Israel. Essa ação do grupo extremista foi, por sua vez, uma retaliação a um bombardeio israelense anterior que havia resultado na morte de cerca de dez comandantes do Hezbollah.
A comunidade internacional observa com crescente preocupação a escalada do conflito. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, acusou Israel de buscar uma guerra mais ampla no Oriente Médio, enquanto o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou o que chamou de "plano de destruição" executado por Israel.
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do porta-voz do secretário-geral António Guterres, expressou alarme com a escalada da situação no Líbano e preocupação com o elevado número de vítimas civis.
O conflito entre Israel e Hezbollah tem raízes profundas, remontando à invasão israelense do Líbano em 1982. Desde então, as tensões entre as duas partes têm sido marcadas por períodos de relativa calma intercalados com episódios de intensa violência.
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Analistas temem que essa recente escalada possa levar a um conflito mais amplo na região. Com o envolvimento de atores como o Irã, que apoia o Hezbollah, e os Estados Unidos, que recentemente anunciaram o envio de 4.000 soldados ao Oriente Médio, a situação permanece extremamente volátil.
À medida que a crise se desenrola, a comunidade internacional aguarda ansiosamente por esforços diplomáticos que possam conter a escalada e prevenir uma guerra total na região. Enquanto isso, civis de ambos os lados da fronteira continuam a sofrer as consequências devastadoras deste conflito prolongado.
Do mandato Britânico aos dias atuais: Um retrospecto dos conflitos no Oriente Médio
Origens do Conflito (Final do Século XIX - 1947)
O conflito israelense-palestino tem suas raízes no final do século XIX, principalmente como uma disputa territorial. A região, então sob domínio do Império Otomano, viu um aumento na imigração judaica, motivada pelo movimento sionista que buscava estabelecer um lar nacional judeu na Palestina histórica.
Após a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações concedeu à Grã-Bretanha o Mandato da Palestina, que incluía o compromisso de estabelecer um "lar nacional para o povo judeu" conforme a Declaração Balfour de 1917. Este período foi marcado por crescentes tensões entre as comunidades judaica e árabe na região.
Estabelecimento do Estado de Israel e Guerras Subsequentes (1948-1967)
1948: Proclamação do Estado de Israel e a subsequente Guerra de Independência. Cinco países árabes vizinhos (Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano) invadem Israel, resultando na primeira guerra árabe-israelense.
1956: Crise de Suez, envolvendo Israel, Reino Unido e França contra o Egito.
1967: Guerra dos Seis Dias. Israel captura a Península do Sinai e a Faixa de Gaza do Egito, as Colinas de Golã da Síria e a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) da Jordânia.
Conflitos com o Líbano e Ascensão do Hezbollah (1970-2000)
1978: Em represália a um ataque palestino, Israel lança uma grande operação militar no sul do Líbano.
1982: Israel invade o Líbano, visando expulsar a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) do país. Esta invasão leva à formação do Hezbollah, um grupo militante xiita apoiado pelo Irã.
1985-2000: Israel mantém uma "zona de segurança" no sul do Líbano, enfrentando constantes ataques do Hezbollah.
Processo de Paz e Segunda Intifada (1993-2005)
1993: Assinatura dos Acordos de Oslo entre Israel e a OLP, estabelecendo a Autoridade Palestina e um processo de paz gradual.
2000-2005: Segunda Intifada (Intifada de Al-Aqsa), marcada por intensos conflitos entre israelenses e palestinos.
Conflitos Recentes e Situação Atual (2006-Presente)
2006: Guerra entre Israel e Hezbollah no Líbano, resultando em significativas perdas de ambos os lados.
2008-2009, 2012, 2014: Operações militares israelenses em Gaza contra o Hamas.
2011-Presente: Guerra Civil Síria, afetando as dinâmicas regionais e envolvendo indiretamente Israel, que ocasionalmente realiza ataques aéreos contra alvos iranianos e do Hezbollah na Síria.
2018-2019: Protestos na fronteira de Gaza ("Marcha do Retorno") resultam em confrontos violentos.
2021: Escalada de violência entre Israel e Hamas em Gaza, resultando em numerosas baixas civis.
2023-2024: Aumento das tensões na fronteira Israel-Líbano, com trocas de fogo frequentes entre Israel e Hezbollah.
O conflito no Oriente Médio envolvendo Israel, Líbano, Síria e Palestina é caracterizado por sua complexidade e longevidade. Décadas de guerras, acordos de paz fracassados e tensões persistentes moldaram a região. A situação permanece volátil, com períodos de relativa calma interrompidos por surtos de violência.
As questões centrais, como o status de Jerusalém, os assentamentos israelenses, as fronteiras de um futuro estado palestino e o direito de retorno dos refugiados palestinos, continuam sem resolução. Além disso, a influência de atores regionais como Irã e potências globais como os Estados Unidos adiciona camadas de complexidade ao conflito.
A busca por uma paz duradoura na região permanece um desafio significativo para a comunidade internacional, enquanto as populações civis de todos os lados continuam a sofrer as consequências deste conflito prolongado.