Deputado denuncia esquema de perseguição política com participação da Casa Civil e Polícia Civil em Rondônia
Parlamentar aponta ameaças, vazamento de informações sigilosas e possível desvio funcional na Casa Civil, em caso que abala a política local
Uma grave denúncia apresentada pelo deputado estadual Marcelo Cruz ao Ministério Público do Estado de Rondônia expõe um suposto esquema de uso político do aparato estatal, envolvendo agentes públicos da Casa Civil e da Polícia Civil. Em documento protocolado no fim da tarde desta quinta-feira, 12 de junho, o parlamentar relata fatos que, segundo ele, ameaçam sua integridade física, violam o sigilo funcional e comprometem a ordem democrática no estado. A denúncia, detalhada em nove páginas, inclui episódios de mensagens autodestrutivas, ligações anônimas com ameaças e suspeitas de uma operação judicial sigilosa supostamente forjada contra ele.
Contexto da denúncia
O caso teve início no dia 10 de junho, quando o delegado de Polícia Civil Marcos Correia, lotado na Casa Civil do governo de Rondônia, entrou em contato com uma assessora do gabinete de Marcelo Cruz por meio de uma mensagem programada para autodestruição, enviada do número (69) XXXX-2141.
Segundo o documento, não havia relação prévia entre o delegado e o gabinete, o que torna a abordagem inusitada. A assessora, agindo com cautela, forneceu o contato do chefe de gabinete, Vitor Hugo, e o delegado respondeu apenas com a frase “já resolvido”, sem maiores explicações.
No dia seguinte, às 11h09, Vitor Hugo recebeu uma ligação anônima com a mensagem: “Avise ao deputado Marcelo Cruz para tomar cuidado no aeroporto”. Para o parlamentar, o teor da ligação, somado ao contexto da mensagem anterior, sugere uma ameaça direta à sua segurança, possivelmente indicando risco de prisão ilegal ou emboscada.
Além disso, Marcelo Cruz relata que, na semana anterior, foi abordado pelo deputado estadual Ribeiro do Sinpol (Patriota-RO), também policial civil, que informou sobre uma suposta operação judicial autorizada pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) contra ele, marcada para 5 de junho, mas suspensa por motivos não esclarecidos. Segundo Ribeiro, a operação seria motivada por acusações de “traição institucional” envolvendo ex-membros do staff do governo, ligados à Casa Civil.
Acusações de irregularidades
O documento apresentado ao Ministério Público aponta possíveis crimes, como:
Violação de sigilo funcional (art. 325 do Código Penal): O vazamento de informações sobre uma suposta operação judicial sigilosa, se confirmado, configura ilícito penal, especialmente por envolver agentes públicos com acesso a dados protegidos.
Ameaça e coação (arts. 147 e 344 do Código Penal): A ligação anônima com advertência é interpretada como intimidação, com potencial de inibir o exercício do mandato legislativo.
Abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019): O uso de canais informais, como mensagens autodestrutivas, por um delegado lotado na Casa Civil, sugere desvio de finalidade na atuação estatal.
Associação criminosa (art. 288 do Código Penal): A articulação entre agentes públicos, incluindo o delegado Marcos Correia e o deputado Ribeiro, levanta suspeitas de uma ação coordenada para pressionar opositores políticos.
O parlamentar solicita a instauração de uma sindicância administrativa para apurar as condutas do delegado Marcos Correia, a preservação de provas, incluindo a apreensão de seu celular, e a verificação junto ao TJ-RO sobre a existência de medidas cautelares contra ele. A denúncia também pede a apuração de possíveis responsabilidades penais.
Cenário político e tensões institucionais
A denúncia ganha relevância em um contexto de instabilidade política em Rondônia. No dia 5 de junho, o Diário Oficial do estado publicou a exoneração do então diretor-geral da Polícia Civil, Samir Fouad Abboud, que ocupava o cargo há 11 anos. Ele foi substituído por Jeremias Mendes de Souza, descrito pela imprensa local como alguém próximo à Casa Civil e com atuação em operações de campo. Segundo o site Rondoniaovivo, a mudança gerou surpresa e foi interpretada como uma manobra política, reforçando a narrativa de ingerência do governo em instituições de segurança.
Marcelo Cruz argumenta que esses eventos, somados às mensagens e ameaças, sugerem um “modus operandi institucionalmente volátil e politizado”. Ele destaca o risco de operações forjadas como instrumentos de pressão política, o que comprometeria a inviolabilidade do mandato parlamentar e a própria democracia no estado.
Veja trecho da denúncia protocolada junto ao Procurador-Geral de Justiça:
Repercussão e busca por apuração
Embora a denúncia ainda não tenha gerado pronunciamentos oficiais do governo ou da Casa Civil, o caso já circula em blogs e redes sociais locais. O portal Rondoniaovivo mencionou a substituição na Polícia Civil como um indicativo de tensões políticas. Até o momento, não há registros de manifestações públicas do delegado Marcos Correia ou do deputado Ribeiro do Sinpol sobre as acusações.
A solicitação de Marcelo Cruz ao Ministério Público inclui medidas urgentes, como a preservação de provas e a apuração de responsabilidades. Ele enfatiza que não busca privilégios, mas a defesa da legalidade e da normalidade democrática. O parlamentar também destaca a história de Rondônia, marcada por episódios de instabilidade institucional, como argumento para a necessidade de uma resposta rápida e rigorosa.
Impacto para a política rondoniense
O caso expõe fragilidades no equilíbrio entre os poderes em Rondônia e levanta questionamentos sobre a independência das instituições. A possibilidade de uso político da Polícia Civil e da Casa Civil, se confirmada, pode abalar a confiança pública no governo e no sistema de segurança. Além disso, a denúncia reforça a importância do Ministério Público como fiscal da lei, especialmente em um cenário de polarização política.
O desfecho da investigação será crucial para esclarecer se os fatos configuram apenas mal-entendidos ou um esquema estruturado de intimidação. Por enquanto, Marcelo Cruz segue em busca de proteção e justiça, enquanto a sociedade rondoniense aguarda respostas sobre a gravidade das acusações.
O episódio soma-se a acusações, por parte do ex-Chefe da Casa Civil do Governo, Júnior Gonçalves que, nesta sexta-feira, 13, promete ‘restabelecer a verdade', em live nas suas redes sociais. Ele também acusa o governo de uso do aparato estatal para persegui-lo e difama-lo.
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