Denúncias de Felca sobre sexualização de menores agitam redes e mobilizam congresso; veja o vídeo
Vídeo viral do influenciador expõe exploração infantil nas redes sociais, provoca debate nacional e pressiona por mudanças legislativas
Um vídeo de quase 50 minutos publicado pelo influenciador paranaense Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, no YouTube, desencadeou uma onda de indignação e debates sobre a sexualização de menores nas redes sociais. Intitulado “Adultização”, o conteúdo, que já ultrapassa 31 milhões de visualizações, expõe casos de exploração de crianças e adolescentes em plataformas digitais, apontando falhas nos algoritmos das redes e a conivência de criadores de conteúdo e até de familiares.
A repercussão chegou ao Congresso Nacional, mobilizando parlamentares de diferentes espectros políticos a propor medidas para proteger menores na internet. O termo adultização, conforme explicado por Felca, refere-se à prática de expor crianças e adolescentes a comportamentos, vestimentas ou situações típicas do universo adulto, muitas vezes com conotação sexual, para atrair engajamento e monetização.
No vídeo, ele detalha casos como o do influenciador paraibano Hytalo Santos, investigado desde 2024 pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por suspeita de exploração de menores. Felca cita a adolescente Kamylinha, que, segundo ele, foi inserida aos 12 anos em conteúdos com apelo sexualizado, evoluindo para produções que incluíam danças sensuais e até a divulgação de um procedimento estético aos 17 anos. “A Kamylinha entrou no círculo do Hytalo quando ela tinha 12 anos, e aos poucos ele percebeu que quanto mais era mostrado dela, mais retornava em números”, denunciou Felca.
Outro caso destacado é o do canal Bel para Meninas, administrado pela mãe de Bel Peres, que enfrentou críticas por expor a filha, hoje com 18 anos, a situações constrangedoras desde a infância. Um exemplo mostrado no vídeo inclui Bel sendo incentivada a “dar uma lambida” em uma bebida, gerando reações de desconforto.
O canal já foi alvo de uma ação civil pública no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em 2020. Felca também menciona Caroliny Dreher, cuja mãe, Patrícia Dreher, foi investigada por produzir e vender conteúdos sexualizados da filha, então menor, em plataformas como o Telegram. “Conforme ela foi crescendo, a mãe passou a produzir conteúdos cada vez mais sugestivos”, relatou Felca, apontando que parte desse material acabou em fóruns de pedofilia.
A denúncia de Felca vai além de casos individuais. Ele demonstra como os algoritmos das redes sociais amplificam esses conteúdos. Ao criar uma conta nova no Instagram e interagir com vídeos sugestivos, o influenciador mostrou que, em minutos, seu feed foi inundado por materiais semelhantes. “Eu vou ‘scrollar’ meu reels e olha o que acontece. Começa a aparecer conteúdos de crianças. É assustador”, afirmou. Especialistas reforçam a gravidade.
Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-br), destacou: “O uso da imagem da criança para ganhar dinheiro ganha escala e velocidade no ambiente digital”. Já o pediatra Daniel Becker alertou: “Essa exposição pode comprometer seriamente o desenvolvimento da personalidade de uma criança”.
Repercussão política e propostas legislativas
A comoção gerada pelo vídeo chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou no dia 10 de agosto, via redes sociais, que pautará projetos sobre o tema. “O vídeo do Felca sobre a adultização das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade”, escreveu Motta.
Desde então, pelo menos sete projetos de lei foram apresentados, abordando desde a criminalização da adultização até a regulamentação de algoritmos e a proibição de monetização de conteúdos com menores. Senadores como Jaime Bagattoli (PL-RO) e Damares Alves (Republicanos-DF) protocolaram um pedido de CPI para investigar a atuação de influenciadores e plataformas na sexualização de menores. “É criminoso que as big techs lucrem com isso, recomendando esses conteúdos e transformando-os em tempo de tela”, disse a deputada Érika Hilton (Psol-SP), que também apoia medidas regulatórias.
Até mesmo a ministra Gleisi Hoffmann (PT-RS), da Secretaria de Relações Institucionais, defendeu a responsabilização das plataformas: “A internet não pode ser uma arma nas mãos de pedófilos”.
Oposição promete ‘obstrução’
Líderes da oposição, no entanto, avaliam obstruir a votação se o texto incluir dispositivos que considerem “censura” à internet. “Vamos avaliar o texto. Se tiver qualquer sinal de ‘censura’, não vamos apoiar”, disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) que é pastor evangélico.
O líder do partido Novo, deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), afirmou que a proposta não pode ser usada para restringir a atuação política.
“Se for pra tratar de censura de manifestação política e legal, com certeza [seremos contra]. Tem que ser para coibir crimes, não a oposição. É importante ter um debate e uma solução para isso. Esperamos que o governo não aproveite para avançar mais uma vez com censura sobre manifestações lícitas”, disse.
O projeto
O texto pronto para votação na Câmara é de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e já foi aprovado no Senado. Ele determina que plataformas digitais adotem o chamado dever de cuidado para proteger menores de idade, prevendo medidas para evitar danos e a responsabilização de empresas que se omitirem.
Entre as medidas previstas, estão:
Remoção imediata de conteúdos de exploração e abuso sexual infantil, sem necessidade de ordem judicial;
Verificação de idade para impedir o acesso de menores a conteúdos pornográficos;
Proibição de “caixas de recompensa” em jogos eletrônicos voltados a crianças;
Restrição de publicidade direcionada a menores.
Falhas das plataformas e impactos psicológicos
O vídeo de Felca também expõe a responsabilidade das big techs. Ele acusa plataformas como Instagram, YouTube e Kwai de lucrarem com conteúdos que atraem predadores, sem filtros eficazes para bloquear termos ou comportamentos associados à exploração infantil. Marie Santini, pesquisadora do NetLab/UFRJ, afirmou: “As plataformas têm capacidade técnica de identificar e retirar esse conteúdo, mas optam por ganhar dinheiro com isso”.
Em resposta, a Meta, dona do Instagram, declarou que remove conteúdos de exploração sexual e nudez infantil, enquanto o YouTube reforçou que a segurança infantil é prioridade.
Os impactos psicológicos da adultização são alarmantes. A psicóloga Ana Beatriz Chamat explicou que a exposição excessiva pode gerar “traumas que perduram por toda a vida adulta”, como insegurança e baixa autoestima.
A ONG SaferNet registrou um aumento de 77,1% nas denúncias de abuso e exploração sexual infantil online em 2023, com 71.687 queixas, evidenciando a escala do problema.
Casos emblemáticos e ações judiciais
Os casos citados por Felca já estão sob escrutínio. Hytalo Santos, com mais de 17 milhões de seguidores no Instagram antes de sua conta ser desativada, é investigado pelo MPPB e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-13) por exploração e trabalho infantil. O caso de Caroliny Dreher corre em segredo de Justiça, com a mãe enfrentando acusações graves.
Já o canal Bel para Meninas ajustou conteúdos após pressões públicas, mas a família nega práticas abusivas.
O que fazer para proteger crianças?
Especialistas e organizações como a SaferNet orientam pais e responsáveis a monitorarem o conteúdo postado, limitarem a exposição pública e denunciarem situações suspeitas via Disque 100 ou pelo e-mail crime.internet@dpf.gov.br da Polícia Federal.
Configurações de privacidade e diálogo aberto com os jovens são essenciais para reduzir riscos.
O debate iniciado por Felca é um alerta para a sociedade. A adultização não se limita a influenciadores, mas atinge qualquer família que, sem intenção, expõe crianças a contextos perigosos. Com a pressão por regulamentação crescendo, o Brasil pode estar próximo de avanços na proteção digital de menores.
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