Denúncias apontam que ministra de segurança publica de Milei recebeu recursos do narcotráfico na campanha presidencial de 2023
Investigação jornalística revela doações suspeitas de empresas ligadas ao crime organizado, questionando laços entre política e narcotraficantes em meio à corrida eleitoral argentina
Uma série de denúncias recentes reacende o debate sobre a infiltração do narcotráfico na política argentina, com foco na campanha presidencial de 2023 da atual ministra de Segurança Pública, Patricia Bullrich. Candidata pela aliança Juntos por el Cambio, liderada pelo ex-presidente Maurício Macri, Bullrich obteve 6.379.023 votos (23,81% do total), ficando atrás de Sergio Massa (9.853.492 votos, 36,78%) e Javier Milei (8.034.990 votos, 29,99%), que avançaram ao segundo turno. Após a eleição, Bullrich apoiou o economista libertário Milei e, em 2024, deixou o PRO – partido de Macri – para se filiar ao La Libertad Avanza (LLA), pelo qual concorre ao Senado por Buenos Aires nas eleições de 26 de outubro.
O escândalo ganhou tração na última terça-feira (7), durante o programa investigativo Telenueve Denuncia, exibido pelo Canal 9 e comandado pelo jornalista Tomás Méndez. A edição, dedicada ao financiamento narco na política nacional, contou com a participação de Gastón Alberdi, consultor político, ex-assessor de Milei e cofundador do LLA em 2021. Alberdi, pentaneto do liberal Juan Bautista Alberdi – ídolo intelectual de Milei e principal autor da Constituição Argentina de 1853 –, detalhou as conexões. “Através do cartel de Sinaloa e do cartel do vale da Colômbia, no norte do vale da Colômbia, fizeram 3 bilhões de dólares em lavagem de ativos e de transporte de cocaína”, afirmou ele no ar, apontando para um esquema que beneficiou campanhas políticas.
No centro da denúncia está uma doação de 215 milhões de pesos argentinos (equivalente a cerca de 150 mil dólares, em valores atualizados) feita nas primárias de 2023 por Alejandra Bada Vázquez, dona da Lácteos Vidal ao lado do irmão Vidal Bada Vázquez. A empresa foi flagrada pela Justiça dos Estados Unidos em um esquema de lavagem de dinheiro operado por Federico “Fred” Machado, narcotraficante argentino preso em Viedma, na Patagônia, aguardando extradição para os EUA. Machado é acusado de tráfico internacional de drogas e lavagem, com sua sócia Debra Lynn Mercer-Erwin já cumprindo 16 anos de prisão no país norte-americano. Documentos da Justiça dos EUA indicam que Vidal Bada Vázquez recebeu mais de 3 milhões de dólares de Machado em 10 transferências, supostamente como pagamento por serviços de transporte de cocaína e lavagem.
A Lácteos Vidal acumula denúncias por violações trabalhistas, com greves de funcionários exigindo adequação à legislação. Em defesa da empresa, Bullrich – então presidente do PRO e pré-candidata – usou sua conta no X (antigo Twitter) para atacar os sindicatos: “Trabalharemos para deixar para trás a Argentina dos sindicalismos mafiosos e extorsivos que não nos deixam avançar”. Posteriormente, revelou-se que a companhia integrava o Movimiento Anti-Bloqueo, grupo de empresários macristas voltado a enfraquecer a luta sindical.
O caso se entrelaça com outros episódios. Em janeiro de 2025, um avião de pequeno porte foi detido em Puerto Ibicuy, na província de Entre Ríos, perto da fronteira com o Uruguai, após pouso de emergência. A bordo, 359 quilos de cocaína e a passageira Jade Isabela Callaú, 22 anos, conhecida como “Miss Bolívia” por vitórias em concursos de beleza. O piloto era o brasileiro Carlos Costa Diaz, 52 anos, namorado de Jade e sobrinha de Jorge Adalid Granier Ruiz, o “El Nono”, condenado na Bolívia por transporte aéreo para cartéis. A aeronave pertencia à Transporte El Nacional, de Marcia Cecília Roncero, esposa de Vidal Bada Vázquez e suposta sócia de Claudio Cicarelli, primo e testa de ferro de Machado.
Essa rede se estende à política do LLA. A esposa de Cicarelli é a deputada Lorena Villaverde, filiada ao partido e candidata ao Senado por Rio Negro – província que inclui Viedma e Bariloche. Villaverde foi presa na Flórida, em 2002, por posse de 400 gramas de cocaína, conforme documentos judiciais dos EUA exibidos no Congresso argentino pelo deputado Martín Soria.
Recentemente, ela publicou um vídeo de rinoscopia para negar consumo de drogas, em meio a associações com o caso Espert.
Outro elo é o economista José Luis Espert, cabeça da chapa de Milei para a Câmara dos Deputados por Buenos Aires, que renunciou à candidatura na semana passada após revelações de vínculos com Machado. Espert recebeu 200 mil dólares diretamente em sua conta do narcotraficante, além de um contrato de 1 milhão de dólares encontrado rasgado em sua casa durante buscas ordenadas pelo juiz federal Lino Mirabelli. O caso, iniciado por denúncia de Juan Grabois, levou Espert a pedir licença como deputado. Machado, em depoimento, confirmou relações com Espert e mencionou interesses com a deputada Lilia Lemoine.
Bullrich, que assumiu o Ministério de Segurança em dezembro de 2023, afirmou conhecer a causa contra Machado desde 2021, mas negou ciência do financiamento ilícito.
Em resposta, a deputada Myriam Bregman (Frente de Esquerda) protocolou denúncia na Justiça Eleitoral para citar Bullrich e Manuel Adorni (porta-voz da Presidência) por aportes ligados ao narcotráfico.
Nas redes sociais, o tema viralizou, com posts no X questionando a “cruzada antinarcóticos” de Bullrich enquanto figuras próximas escapam do radar.
O episódio mais recente agrava as suspeitas: no sábado (11), um comandante da Gendarmeria Nacional – força sob comando do Ministério de Bullrich – foi preso em Santiago del Estero com 6 quilos de cocaína em uma mochila e cerca de 1 milhão de pesos em espécie. O caso, sob investigação do Juzgado Federal de Segunda Nominación, envolveu um controle policial que deteve quatro pessoas, incluindo o oficial médico. Bullrich, que em junho destruiu 469,5 kg de cocaína em operação em Santa Fe, enfrenta agora críticas por falhas internas em sua pasta.
Essas revelações, amplamente discutidas em veículos como Perfil, Infobae e Pagina/12, e ecoadas em posts no X de perfis como @Tlndenuncia e @mendeztomascba, destacam a urgência de transparência na Justiça Eleitoral argentina. A dias das eleições, o “narco-capitalismo” – como batizado em análises independentes – ameaça a credibilidade do LLA e do governo Milei
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